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UMA VISITA À ILHA GRANDE – RIO DE JANEIRO – JUNHO DE 2017

No dia 25 de junho de 2017 , partimos Cledson Barboza , Maurício Verboonen e eu, no rumo da Ilha Grande, no litoral sul do Rio de Janeiro,...

sábado, 16 de março de 2013

CHAPADA DIAMANTINA – BAHIA – 2008


               Entre o final de setembro e outubro de 2008, parti do Mato Grosso, onde me encontrava, a trabalho, na direção da Chapada Diamantina, na extremidade da Cadeia do Espinhaço, em território baiano. A viagem contou com a presença habitual de meu colega de expedições Maurício Verboonen, com quem me encontrei, em Brasília – DF, seguindo juntos pela divisa entre Goiás e Bahia, por onde adentramos o Semiárido. 

               A expedição os levou pelo vale do rio São Francisco, entrando pela vertente ocidental da Cadeia do Espinhaço, em Rio de Contas. Na Chapada Diamantina, visitamos os campos rupestres, em suas diversas formas, que ali formam admirável fusão com a Caatinga. A região é um mosaico muito complexo de vegetações e estoques florísticos que se misturam, chegando de todos os lados do país. Nada melhor que um passeio fotográfico, em nosso blog, para mostrar um pouco da Chapada Diamantina:


Acima - Próximo a Mucugê, no coração da Chapada Diamantina, erguem-se bordas escarpadas de quartzito, que funcionam como divisores climáticos, sobre os quais vegetam plantas singulares e raras



Acima – Na cidade de Goiás Velho, que já foi capital da província de Goiás, a casa onde viveu a célebre poetiza Cora Coralina é uma das principais atrações
Abaixo – Ideia interessante ter a própria Cora Coralina, ali na janela do velho casarão, saudando os visitantes de Goiás Velho




A Seguir – Imagens da bucólica Goiás Velho



Acima – Eugenia dysenterica (família Myrtaceae), em meio ao casario colonial de Goiás Velho




A Seguir – Mais traços do Brasil Colonial: Pirenópolis, na Serra dos Pirineus, em Goiás





Abaixo – Uma sucupira (Pterodon polygalaeflorus – família Fabaceae) característica da interface entre o Semiárido e o Cerrado, em plena floração, no leste de Goiás



A travessia do rio São Francisco, desta vez, foi por Bom Jesus da Lapa, uma Meca de peregrinos, que atrai milhares de visitantes, todos os anos. É uma região de afloramentos rochosos calcários, sedimentares e de granitoides, que marcam a paisagem da Depressão Sertaneja e do São Francisco, zonas das caatingas



Adiante - Entre Riacho de Santana e Livramento de Nossa Senhora, em pleno sertão baiano do São Francisco, admiram-se paisagens catingueiras típicas, que se apresentam endemicamente despidas de suas folhas, trazendo sensação de muita desolação.





A Seguir – O florescimento dos belos ipês-amarelos (Handroanthus cf. ochraceus – família Bignoniaceae) ocasiona magnífico contraste com a vegetação ressequida das caatingas do sertão baiano


Orlando Graeff posa sob um desses ipês-amarelos


Populações notáveis de Handroanthus cf. ochraceus


Adiante - A pequena cidade de Rio de Contas, na borda da Cadeia do Espinhaço, é famosa por suas paisagens humanas e naturais. Durante muito tempo, foi base para os estudos do naturalista orquidólogo Antônio Toscano de Brito, que desvendou a família Orchidaceae da Chapada Diamantina:





A Seguir – Em Guiné, próximo a Mucugê, percorremos parte da famosa trilha do Paty, que atravessa vastos campos de cimeira, numa altitude média de 1.200m. A flora apresenta diversidade ímpar, sendo relacionada com os biomas próximos: Mata Atlântica, Cerrado e Caatinga.


  

Acima - Velhos muros de taipa de pedra são o que restou de antigos ciclos de ocupação dos campos de cimeira, onde pastava o gado que abastecia os florescentes garimpos da Chapada Diamantina, entre os Séculos XVIII e XX. Fazem lembrar paisagens similares, na Serra da Canastra (Minas Gerais – ver: http://expedicaofitogeografica2012.blogspot.com.br/2013/01/serra-da-canastra-laboratorio-de-campos.html ) e nos campos de cima da serra, no Rio Grande do Sul (ver: http://expedicaofitogeografica2012.blogspot.com.br/2012/09/os-campos-de-cima-da-serra-e-o-canion.html ).






A Seguir – A flora dos campos rupestres da Chapada Diamantina é muito diversificada e congrega elementos célebres por seu caráter ornamental:


Hoffmannseggella bahiensisfamília Orchidaceae
Abaixo: Aspectos da planta, em seu habitat, próximo a Mucugê




Abaixo – Aspectos da curiosa e ornamental Vellozia jolyi (família Velloziaceae), no altiplano da trilha do Paty






Acima – Tillandsia tenuifolia (família Bromeliaceae) é uma das bromélias mais difundidas e variáveis quanto à forma, cor das flores etc. Na trilha do Paty, elas formam densas populações, que aproveitam o ar que circula, nas escarpas.


Abaixo – Nossa visita a Mucugê tinha como principal objetivo observar uma das únicas populações da cobiçada orquídea Hadrolaelia sincorana, planta em estado crítico de conservação, na natureza. Esperávamos encontrá-la em flores, mas a temperatura e o prolongamento da seca, naquele ano, provocaram o atraso no florescimento. Tivemos que nos contentar em vê-las vegetando sobre os grossos caules das Vellozia sp., à beira dos altos penhascos da Chapada Diamantina.



Abaixo – No caminho entre Andaraí e Lençóis, observam-se os conhecidos marimbus, que são paisagens antrópicas – feitas pelo homem – produzidas por séculos de atividades garimpeiras, que transformaram as áreas deprimidas no que se usa chamar, por lá, de “pantanais baianos”, por agregarem lagoas encarceradas do alto rio Paraguaçu e areais extensos, que são o assoreamento dos antigos córregos.


Acima – Próximo a Igatu, a imagem desoladora de um areal produzido pela erosão provocada nos antigos garimpos de diamantes


A Seguir – A flora relacionada ao setor norte da Chapada Diamantina, em torno da cidade de Lençóis, é bastante rica e revela-se à forma de um verdadeiro jardim natural:

Acima – Cattleya elongata é uma das orquídeas mais numerosas na Chapada Diamantina


Acima - Cottendorfia florida (família Bromeliaceae)


Acima – Cyrtopodium aliciae (família Orchidaceae)


Acima – Cyrtopodium flavum (família Orchidaceae)


Acima – Afloramentos de quatrzito, cobertos por variada flora rupícola-saxícola,              próximo a Igatu


Acima – Bromélia do gênero Hohenbergia, um dos mais ricos em espécies, no        Semiárido da Bahia



Acima e abaixo – Imagens da bromélia Orthophytum albo-pictum



A Seguir – A orquídea Sobralia liliaster é largamente difundida, desde a Amazônia, até o litoral da Bahia, passando pela Chapada Diamantina, onde é especialmente abundante:




Abaixo – Delicadas eriocauláceas vegetam na areia quartzosa que se espalha entre as rochas, nas áreas de antigos garimpos diamantíferos






Acima – Velhos amontoados de pedras roladas dão conta da intensidade com que os garimpeiros trabalharam na Chapada Diamantina e ocasionaram uma das maiores alterações paisagísticas no Brasil.


Acima – Muretas em taipas de pedra ainda podem ser vistas, em meio aos campos rupestres, carregando sobre si abundante vegetação rupícola



Acima e abaixo – A floresta tropical reaparece, onde a umidade é constante no solo. Nessas matas, surge flora epifítica similar àquela das florestas litorâneas da Bahia




Acima – Lavadeiras trabalham nas margens do rio Paraguaçu, próximo a Andaraí


Acima – Lindas begoniáceas florescem, de entremeio às rochas ensolaradas da        Chapada Diamantina


Adiante – No retorno ao Rio de Janeiro, atravessei o alto vale do rio Jequitinhonha, em Minas Gerais, passando pela célebre cidade de Diamantina, que era a capital dos diamantes, até o Século XIX. O casario é esplendidamente bem conservado e permite agradável              viagem no tempo.










  Acima - Campo rupestre, no alto Vale do Jequitinhonha - Minas Gerais


O fogo destrói parte de uma floresta estacional semidecidual de altitude do Vale do Jequitinhonha