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UMA VISITA À ILHA GRANDE – RIO DE JANEIRO – JUNHO DE 2017

No dia 25 de junho de 2017 , partimos Cledson Barboza , Maurício Verboonen e eu, no rumo da Ilha Grande, no litoral sul do Rio de Janeiro,...

domingo, 14 de julho de 2013

NORTE DO MATO GROSSO – ENTRE O CERRADO E A FLORESTA AMAZÔNICA

               Entre os dias 12 e 16 de junho de 2013, estivemos no norte do estado do Mato Grosso, para uma viagem que misturava a pesquisa do estágio de desenvolvimento da região com a observação de suas florestas de transição, o que era muito importante para meu trabalho. A região havia sido detalhadamente investigada por nós, em 1998, durante uma expedição, que nos levara a Alta Floresta e ao Salto Augusto, no rio Juruena, próximo à divisa com o Amazonas. Porém, daquela feita, o foco das observações fora realizado numa escala diferente da que ora realizo. Além disso, o material fotográfico então produzido (slides) era incompatível com o projeto gráfico do livro de Fitogeografia que venho preparando, o que me obrigava a realizar novas imagens, enquanto apurava as informações, na escala apropriada à obra.

               Acompanharam-me, nesta missão, os amigos Sérgio Burle Marx Smith e Claudino Marin, tendo o segundo mobilizado sua rede de relações pessoais e muito especialmente sua família, que reside e trabalha na região, de forma a facilitar nosso trabalho. Nossa viagem se concentrou na zona de transição entre o Cerrado e a Floresta Amazônica, cinturão geográfico que tem sofrido intensa alteração, desde os anos de 1980, dificultando sobremaneira a interpretação de suas vegetações originais. Já estivéramos também na região de Nobres, no início deste ano (ver - http://expedicaofitogeografica2012.blogspot.com.br/2013_01_01_archive.html ), examinando as florestas sobre rochas calcárias, que diferem bastante dessas que ora visitávamos, sendo relacionáveis mais às seasonally dry tropical forests (SDTF) do Centro-Oeste e Brasil Central.

               Separam-se pela linha de cumeada da Chapada do Parecis, que recobre as bordas do Arco de São Vicente. A Chapada do Parecis se inclina muito suavemente, desde cerca de 700m (neste setor), até próximo de 200m, na calha amazônica, centenas de quilômetros ao norte. Essa pendente condicionou o surgimento de extensas áreas agricultáveis, que foram tomadas pelo desenvolvimento, nos últimos trinta anos, ocasionando o incrível contraste observado na região: Extensas lavouras de soja e milho, acompanhadas de florescentes polos agroindustriais – Admiráveis reservas de florestas densas, nas quais ainda se veem árvores altaneiras, em sua maior parte relacionadas à flora amazônica.

               A seguir, as imagens selecionadas para ilustrar esta postagem do blog da Expedição Fitogeográfica:




Acima – A Floresta Amazônica atinge seu apogeu fisionômico aproximadamente na latitude de Sinop, que é a maior cidade do norte de Mato Grosso. A castanheira (Bertholletia excelsa) é seu elemento mais notável, revelando o expressivo domínio das árvores da família Lecythidaceae


A Seguir: A faixa de transição entre o Cerrado e a Floresta Amazônica exibe seu aspecto mais marcante entre Lucas do Rio Verde e Sorriso, mais ao norte. Outrora, a região foi mosaico complexo de cerrados, florestas estacionais semideciduais e fragmentos da própria mata amazônica de terra firme. Confira alguns aspectos:



Acima – o guarantã do Mato Grosso é a Aspidosperma carapanauba (família Apocynaceae), com seu tronco característico. Há uma cidade, no norte do estado, que leva seu nome, em face de sua abundância

Acima – As palmeiras se tornam progressivamente abundantes, na medida em que se viaja para o norte e as chuvas aumentam dos 1.600-2.000mm do Cerrado para mais de 3.000-4.000mm da Amazônia

Acima – Numa ponte sobre o rio Celeste, próximo a Sorriso, define-se a fronteira oficial entre os domínios do Cerrado e da Floresta Amazônica. Na verdade, nada é assim tão claro, não se tratando de divisão política, mas sim ecológica

Acima –  Iraci Felipetto (direita) que guiou Orlando Graeff, nas florestas de Sorriso, junto ao autor 

Acima – O cipó-de-são-joão (Pirostegia venusta – família Bignoniaceae) é um elemento característico do Cerrado, que se apresentava em flores, na ocasião da visita a Lucas do Rio Verde e Sorriso, na faixa de transição

Acima – As lianas ou cipós são elementos importantes na floresta de terra firme da Amazônia. Em determinadas áreas, nada mais poderá ser observado, dentre as gigantes da mata alta, que não sejam árvores jovens e lianas, quase inexistindo sub-bosque



Adiante – Alguns gigantes da floresta, na faixa de transição entre o Cerrado e a Amazônia, no norte de Mato Grosso


Acima – Orlando Graeff posa sob um dos magníficos exemplares da floresta de Lucas do Rio Verde

Abaixo – Pedro Marin exibe o resultado do fácil cultivo de peixes brasileiros, num açude de sua propriedade, em Lucas do Rio Verde: A matrinchã




 Acima – Um dos milhares de igarapés que caracterizam as áreas quase planas do norte de Mato Grosso, sendo possível notar a natureza da floresta ao redor e o caráter bastante superficial do lençol freático


Adiante: O vale do rio Teles Pires, na região de Sinop, abriga magníficas florestas de castanheiras, angelins (Dinizia excelsa – família Fabaceae) e cedrinhos (Erisma uncinatum – família Vochysiaceae), entre tantas outras espécies de grande interesse econômico












segunda-feira, 1 de julho de 2013

ATRAVESSANDO A SERRA NEGRA, ACIMA DE RIO PRETO, EM MINAS GERAIS – JUNHO DE 2013

               No dia 04 de junho de 2013, atravessei mais uma vez a Serra da Mantiqueira, ao longo da extensa divisa entre os estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais. Desta vez, cheguei à cidade de Rio Preto, após acompanhar longamente o vale do rio Preto, vindo de Comendador Levy Gasparian, na margem da Rodovia BR040. A caminho de mais uma viagem ao Centro-Oeste, resolvera examinar ligeiramente a Serra Negra, que é uma seção local da Mantiqueira, onde existem curiosas paisagens de areias quartzosas relacionáveis aos campos de altitude do Sudeste.

               A Serra Negra se eleva de forma admirável, acima de Rio Preto, na região conhecida como Funil, que possui ligação estreita com a famosa Serra do Ibitipoca, mais ao norte. Toda sua flora remete àquela região, na qual se encontra o Parque Estadual do Ibitipoca. Sua cumeada ultrapassa de longe os 1.200-1.300m, mas meu interesse maior eram os areais que “escorrem” pelas encostas, onde se formam vegetações de índole campestre, muito ricas em sua flora.

               Mesmo a partir de um exame muito ligeiro, tive oportunidade de conferir a natureza desses ambientes singulares, que são formados pela decomposição terminal de velhos quartzitos, dos quais resultam extensas franjas de areias alvas, em meio às florestas estacionais semideciduais de altitude. A seguir, algumas imagens dos locais visitados e de suas plantas:

Acima – A orquídea Hoffmannseggella crispata vegeta em meio às alfombras de liquens e musgos, tirando partido da forte luminosidade, que banha os areais da Serra Negra

Acima – Grandes elevações da Serra Negra, na divisa entre Rio de Janeiro e Minas Gerais, ao fundo. Em primeiro plano, uma população de candeias (Eremanthus erythropappus – família Asteraceae) e, em segundo plano, uma escarpa de quartzito, em fase de decomposição erosiva


Adiante – Algumas paisagens de areias quartzosas, que sugerem ações humanas, mas representam feições primitivas, que abrigam flora muito rica e singular, graças à farta iluminação, que beneficia orquídeas, bromélias, cactáceas e muitas outras preciosidades botânicas







Abaixo – Sob as lapas de quartzito, que formam grutas naturais, vegetam plantas delicadas como eriocauláceas, begoniáceas, gesneriáceas e orquidáceas, além de musgos e líquens diversos.




Acima – Sinningia tuberosa (família Gesneriaceae) ocupa as festas úmidas do quartzito, por onde gotejam águas eternas


Adiante – Elegantes cactáceas Arthrocereus melanurus são marca característica da paisagem da Serra Negra. Seus cladódios colunares se erguem de modo singular, em meio à brenha dos scrubs altitudinais






A SeguirAbutilon sp. (família Malvaceae)



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