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UMA VISITA À ILHA GRANDE – RIO DE JANEIRO – JUNHO DE 2017

No dia 25 de junho de 2017 , partimos Cledson Barboza , Maurício Verboonen e eu, no rumo da Ilha Grande, no litoral sul do Rio de Janeiro,...

terça-feira, 17 de outubro de 2017

TIRADENTES E SERRA DE SÃO JOSÉ – MINAS GERAIS – OUTUBRO DE 2017

Fazia mais de uma década, desde que visitara o topo da Serra de São José, que se debruça sobre a cidade histórica de Tiradentes, em Minas Gerais. Segui para lá, com objetivo de observar a situação geral da flora, na linha de cumeada deste maciço, assim como também para observar o florescimento de algumas espécies de bromélias e orquídeas, que coincide com a primavera. Realizei diversas excursões pela crista rochosa, sob um sol inclemente e seca severa, que vinha se estendendo outubro adentro.

A cumeada da Serra de São José oferece paisagens curiosas, em que se observa o encontro estratificado entre rochas metamórficas (quartzitos) e sedimentares encaixantes (arenitos), produzindo paisagens locais bastante movimentadas e repletas de blocos ruiniformes, que se debruçam sobre elevados paredões íngremes. Do alto de seu extenso patamar, que propicia longo percurso, entre verdadeiros jardins de campos rupestres, é possível admirar os mares de morros, em meio aos quais se encontra situada a bucólica Tiradentes.

Observe, através das imagens selecionadas, um pouco desse admirável jardim, em meio ao qual pude passar muitas horas, a observar os hábitos de diversas espécies de plantas adaptadas à vida dura, em ambiente tão extremo:

A Serra de São José – ao fundo – é moldura dominante, na região de Tiradentes, em Minas Gerais


Acima – Aspecto de uma velha estrada colonial, que ligava Tiradentes a São João Del Rey, através da Serra de São José, observando-se calçamento pé-de-moleque, implantado por mãos escravas

A seguir – Paisagens de campos rupestres, que revestem a Serra de São José, com suas diversas fisionomias, desde campos sobre rochas a campos entre rochas, além de florestas e cerrados miniaturizados pelo clima áspero e pelo fogo endêmico, que vem regularizando a vegetação, há séculos




A seguir – Restos semidecompostos de arenitos, muito friáveis, jazem sobre afloramentos rochosos, exibindo aspecto ruiniforme, que lembra fortificações primitivas, por vezes se assemelhando a formas animadas. Entre eles e SOBRE eles, vegetam inúmeras orquídeas, bromélias, cactáceas e aráceas curiosas, tirando partido de microambientes particulares





A seguir  – Uma arvoreta decorativa domina a paisagem, surgindo ora como elemento arbóreo propriamente dito, em meio aos campos, ora como arbusto intersticial, em fendas de rochas, no topo da Serra de São José (Eremanthus cf. glomerulatus – família Asteraceae)





Acima e Abaixo – Justicia riparia (família Acanthaceae) se adapta esplendidamente, desde as matinhas úmidas, no pé da serra, próximo a fios d’água, até na capoeira ressequida dos campos rupestres, na crista das montanhas



Acima – Bromelia sp. (família Bromeliaceae), na beira da velha trilha dos escravos

Adiante – O maior espetáculo da Serra de São José, neste início de primavera, era mesmo a vistosa floração da orquídea rupícola/saxícola Cattleya pabstii (outrora pertencente aos gêneros Laelia e Hoffmannseggella), cujas populações já foram drasticamente reduzidas pelo fogo e pela coleta criminosa, para finalidades comerciais



A variação de hábitos e microambientes de Cattleya pabstii, na Serra de São José, é simplesmente notável, vegetando desde em meio a massas de velosiáceas densas, até sobre a rocha quente e ressecada, passando por depósitos de areia e matéria orgânica, Semp[re sob sol pleno





A seguir – Outra espécie notável, que se apresentava em flores, no alto da Serra de São José, era a bromélia Dyckia argentea, cujo aspecto cinéreo e escultural agradava muito, quando contrastando com suas inflorescências alaranjadas e vistosas







Adiante – Algumas paisagens do alto da Serra de São José

Acima – Linha de cumeada, no rumo de Prados



Acima – A cidade de Tiradentes, com a igreja Matriz de Santo Antônio em destaque (abaixo)



Adiante – Aechmea distichantha é uma das bromélia tanque-dependentes que sobrevive no alto da Serra de São José




A seguir – Outra bromélia tanque-dependente da Serra de São José é a variedade “cuspidata” de Aechmea nudicaulis, que é bastante singular, na paisagem rochosa, da qual se destaca, pelo encarnado vivo de suas inflorescências



Acima – A discreta bromeliácea Cryptanthus tiradentesensis medra em frestas de rochas, por vezes sob restritos “oratórios”, em que se protege da radiação extrema da Serra


Acima – Assembleias de plantas extremamente adaptadas formam associações especializadas, que convivem perfeitamente, tirando partido da ambientação mútua: Arthrocereus melanurus (Cactaceae), Dyckia argentea (Bromeliaceae) e Vellozia sp. (Velloziaceae)

Acima – Arthrocereus melanurus (Cactaceae)

Acima – Orquídeas teretiformes extremamente resistentes à radiação solar, vegetando sobre blocos expostos, na Serra de São José (Acianthera teres)

A seguir – Efeitos nocivos do fogo, na Serra de São José: gradual empobrecimento da flora – algumas espécies adaptadas tiram partido da destruição massiva, ocasionada pelas chamas cíclicas, passando a dominar a paisagem




Acima – Hatiora salicornioides (cactaceae) esconde-se no abrigo entre duas rochas, escapando do fogo cíclico e da dessecação invernal

Acima – Decorativos Paepalanthus planifolius (Eriocaulaceae), em áreas saturadas de umidade