Entre uma fase e outra da Expedição
Fitogeográfica 2012, obriguei-me a realizar viagem de negócios ao Mato Grosso,
em julho, antecedendo os planos da segunda seção de trabalhos deste ano, que
precede a conclusão do livro. Segui por São Paulo, atravessando o nordeste do
estado de Mato Grosso do Sul. Já andara por ali, diversas vezes, e realizara
uma importante visita ao Parque Nacional das Emas, bem próximo, ano passado, onde
averiguara algumas hipóteses sobre vegetações campestres. Porém, nunca me
detivera na famosa Costa Rica, onde ficam situadas as cabeceiras do rio
Taquari, um dos mais importantes do Pantanal.
O rio Taquari faz parte do mais extenso e
famoso leque fluvial do Planeta – o leque do Taquari – um tipo de megacone de
dejeção que, ao longo do Quaternário (cerca de 2 milhões de anos a.p.),
carregou imensas massas de sedimentos para dentro do Pantanal, empurrando para
oeste, até a fronteira com a Bolívia, o curso do rio Paraguai e o próprio
território pantaneiro. Sempre ouvira falar ou vira as fotografias do fenomenal
pediplano que marca as cabeceiras do rio Taquari, agora transformadas num
Parque Estadual. Não me arrependo de ter realizado uma rápida visita à região
de Costa Rica, onde os planaltos rigorosamente planos e cobertos de lavouras se
encontram com as mais fantásticas frentes de cuestas, que são os penhascos que
se projetam sobre a Planície Pantaneira.
Ciceroneado por Valdir Justino de Almeida, dono da empresa de turismo ecológico
receptivo Costa Rica Turismo, pude conhecer alguns dos mais importantes pontos
de interesse da região, ainda muito pouco explorada. Nada melhor, como de
costume, do que mostrar um pouco dos aspectos naturais de Costa Rica, através
de algumas fotografias:
Abaixo: Num Parque Municipal, situado pouco mais de três quilômetros do
centro de pequena Costa Rica, belas cachoeiras representam as mais famosas
atrações desta região.
Abaixo: Os pontos de maior interesse para minha visita estavam relacionados
à gigantesca depressão do rio Taquari, que precedem o Pantanal. São frentes de
cuestas, ou seja, conjuntos de paredões íngremes e platôs que revelam a história
natural de toda essa região. Cada camada de formações geológicas se encontra
ali perfeitamente exposta, revelando os magnos processos de erosão torrencial e
diferencial que formaram o relevo. Encarapitadas em micropaisagens específicas,
abrigam-se as diversas vegetações do Cerrado.
Acima: Epidendrum campestre (família Orchidaceae) floresce delicadamente, dependurada sobre
íngremes falésias do Alto Taquari.
Abaixo: Veloziáceas diversas e bromeliáceas do gênero Dyckia ocupam as bordas
dos chapadões de arenito, beneficiando-se da exclusividade de seu ambiente
ensolarado e ventilado.
A
Seguir: Num rochedo misto de arenito e quartzito,
isolado em meio à depressão do vale do rio Taquari, denominado Tope da Pedra,
encontram-se conjuntos de inscrições rupestres similares às da região de
Rondonópolis (Cidade de Pedra – RPPN João Basso). A flora deste restrito
relicto rochoso é singular, pelo encontro de algumas cactáceas colunares,
relacionadas à flora do Chaco Argentino, misturados a velhas Norantea
guianensis (rabos-de-arara) que assumem aspecto de bonsais tortuosos.
Sobre essas obras da arte oriental, vegetam bromélias Tillandsia streptocarpa,
que conferem ainda maior mistério aos jardins espontâneos de Costa Rica.
Acima: Inflorescências de Norantea guianensis (família
Marcgraviaceae) que vegetam sobre os afloramentos do Tope da Pedra.
Abaixo: Curioso fragmento de rocha aprisionado entre duas faces da rocha
diaclasada, no Tope da pedra.
A
Seguir: Valdir Justino posa entre as folhas de um
belo exemplar de Philodendron Mello-barretoanum (família Araceae), sobre um
matacão de arenito do Tope da Pedra.
Acima: A bromélia Billbergia cf. porteana domina os
paredões de rocha arenítica, ao longo de toda a depressão pantaneira, vegetando
de forma litofítica e ocupando locais insuspeitos.
Abaixo: O autor Orlando Graeff posa no portal das cactáceas, ponto
obrigatório de passagem, no Tope da Pedra.
A
cachoeira das Araras é uma das mais belas e bem conservadas atrações da região
de Costa Rica. Abaixo – O voo da arara-piranga, habitante comum dessas costas
rochosas, à borda do Pantanal.