Aceitei a missão, propondo a realização de uma expedição, que me traria subsídios naturalistas para ajudar a enfrentar o desafio de um projeto paisagístico na Região Sul, adotando tantos elementos botânicos nativos quanto me fosse possível. A expedição me levou a colher importantes subsídios sobre as paisagens botânicas dos planaltos paranaenses, que me ajudariam não apenas no paisagismo da unidade industrial de Araucária, mas também na edição de meu livro Fitogeografia do Brasil, Uma Atualização de Bases e Conceitos (vendas através do site www.naueditora.com.br), exatos vinte anos depois da viagem.
Viagens do Naturalista Orlando Graeff pelas paisagens do Brasil e países vizinhos da América do Sul, em busca do conhecimento sobre suas vegetações e flora
Reveja outras expedições
DUAS VISITAS AOS ARENITOS DO BURACO DO PADRE – 1995 / 2019
Acima – Cachoeira do Buraco do Padre, no interior de um cânion arenítico, em forma de dolina, no estado do Paraná No dia 12 de m...

quinta-feira, 18 de julho de 2019
DUAS VISITAS AOS ARENITOS DO BURACO DO PADRE – 1995 / 2019
Acima – Cachoeira do Buraco do Padre, no interior de
um cânion arenítico, em forma de dolina, no estado do Paraná
No
dia 12 de março de 1995, eu chegava pela primeira vez à curiosa formação
rochosa arenítica do Buraco do Padre, próxima à cidade de Ponta Grossa, no
Paraná. A excursão fazia parte de uma expedição realizada àquele estado, que
tinha como objetivo central a elaboração de um projeto de paisagismo para a
unidade industrial de gás carbônico da Liquid Carbonic Indústrias SA. O então
presidente da empresa Julio Isnard me propusera melhorar a paisagem da fábrica,
situada em Araucária, próximo a Curitiba, da mesma forma que fizera com outras
unidades no Rio de Janeiro.
Em
março de 2019, voltei ao Buraco do Padre, pensando em rever suas paisagens,
encontrando o local já contemplado por uma Reserva Particular bastante
organizada e bem cuidada. Tratei de reeditar o relatório de minha excursão de
vinte e quatro anos antes, como forma de resgatar seu aspecto histórico nas
minhas expedições, fazendo-o acompanhar de observações e imagens atuais. Boa
leitura!
Visita ao Buraco
do Padre
Ainda
no Parque Estadual de Vila Velha, onde estivera horas antes, o subtenente João
Ceci, do Batalhão de Polícia Militar Florestal do Estado do Paraná (1995), me
informara da existência de uma região ainda pouco explorada denominada Buraco
do Padre, situada em algum lugar ao norte dali. Apesar de geograficamente
próximo, esse local só poderia ser atingido de carro mediante uma volta
considerável, passando por Ponta Grossa. Garantiu o meu gentil informante que
uma incursão ao local não me traria arrependimentos. Resolvi, então seguir as
indicações do policial e parti no rumo do Buraco do Padre.
Atravessei
Ponta Grossa, por seus arrabaldes, e pude constatar o poder florescente das
agroindústrias paranaenses, em plena expansão, dando à cidade um aspecto de poderoso
centro industrial. Seguindo o rumo de uma localidade chamada Itaiacoca, atravessei
os campos nativos, ora ocupados por lavouras de soja, ora por lavouras de
milho, entremeados por visões de afloramentos rochosos e arenitos. A estradinha
asfaltada me conduziu a uma variante de terra, até bem conservada pelo tipo de
locais que atravessa, e ao local conhecido como Buraco do Padre, cerca de 50
minutos após minha saída de Vila Velha.
(A
situação das estradas permanece praticamente a mesma, desde então – julho de
2019)
Acima – A estrada rural de acesso ao Buraco do Padre,
nos dias atuais, observando-se ao fundo a frente de cuestas desgastada da cimeira de
arenito que originou paisagens como a do Parque Estadual de Vila Velha e da
unidade que visitava, distantes poucas dezenas de quilômetros uma da outra
Como
já era domingo e fazia bastante sol, algumas famílias haviam acorrido ao local
para se refrescar num límpido riacho que centraliza a região e para fazer
churrasco. Assim, quando eram 13:40h, com todo o meu equipamento preparado,
parti para o campo, ouvindo uma miscelânea de ritmos que emanavam, cada um
deles, de um acampamento familiar diferente: cancioneiro gaúcho se mesclava ao
rock e folk americano e ao samba carioca. (Isso já não mais ocorre, graças à
implementação do Parque Natural, sendo vedadas atividades perturbadoras do
ambiente – julho de 2019).
O
Buraco do Padre é um sistema de cachoeiras que centraliza um belo vale de
arenitos e afloramentos perdidos em meio às fazendas da região. Parti,
inicialmente, rumo à atração maior que dá nome ao local. Boa parte do vale já
se encontra, há muito, descaracterizado e aculturado. Restos de matas se fundem
a lavouras e pastos abandonados. A bracatinga (Mimosa scabrella – família
Fabaceae) surgia com frequência nas
faixas de transição entre vegetações abertas e fechadas, enquanto consideráveis
grupos de um tipo de angico, ocupavam o estrato arbóreo das matas ribeirinhas.
Na
medida em que a trilha bem aberta se aproximava do riacho, surgiam numerosos
grupos de fetos arborescentes constituídos por samambaiuçús da mesma espécie
assinalada na região de Araucária (Cyathea corcovadensis – família
Cyatheaceae). Também ocorrem na região do Buraco do Padre as samambaias
arborescentes Cyathea delgadii, estas bem mais altas e delgadas. As bromélias
dos gêneros Vriesea e Tillandsia predominavam no segmento
epífita.
Seguindo
o rumo contrário à corrente do riacho límpido e agitado, escutava o crescente
rumor de uma cachoeira adiante e, é claro, disparava ansioso o ritmo do meu
coração. Atravessei com algum cuidado o riacho, num trecho sobre o qual haviam
sido dispostas algumas grandes pedras quadradas que facilitavam a travessia e,
logo adiante, já percebi um tipo de portal natural (Atualmente, existe
passarela muito bem instalada, em madeira, que torna o passeio seguro e menos
danoso ao ambiente – julho de 2019). Nas duas margens do riacho, neste ponto,
algumas placas ali colocadas me deixaram surpreso pelo grau de cuidado que o
pessoal do Paraná dispensa aos seus parques e reservas naturais. Nelas estava
escrito: "Área em recuperação, por favor, não passe". O mais incrível
é que o pedido vinha sendo totalmente respeitado e os visitantes utilizavam
educadamente o caminho sugerido.
Cerca
de quinze minutos após ter deixado o carro, eu entrava na câmara do assim
denominado Buraco do Padre, que dá nome ao local. A visão é absolutamente
fascinante. Certamente, se trata de mais uma das belezas marcantes que a
natureza espalhou pelo Brasil para atrair e deslumbrar turistas como eu. Ao
penetrar no bojo da soberba chaminé, o que se faz por baixo, pela sua base, tem-se
uma incrível visão ao se olhar para o alto e ver um círculo de céu azul, no
topo e uma alvacenta catadupa d'água a saltar ruidosa da parede da gruta,
despencando sobre um lago raso à frente. Nas frestas úmidas da rocha escura,
penduradas a coisa de 40m, observam-se verdejantes samambaiaçús de xaxim (Dicksonia
sellowiana) e outras ervas favorecidas pelo microclima formado no
interior do salão natural.
Acima
– Desenho esquemático que ilustrava o relatório da expedição de 1995, mostrando
as características da cachoeira do Buraco do Padre
Acima
– Fronde da samambaia arborescente Cyathea corcovadensis (Trichipteris corcovadensis), no campo
aberto
Acima
– Aspecto interno da floresta subtropical que cerca a cachoeira do Buraco do
Padre, às margens do córrego do mesmo nome, cercado de samambaiaçus Cyathea
delgadii
Adiante – Os caules das ciateáceas (samambaiaçus) da
floresta perúmida subtropical propiciam ambiente ideal à instalação de
delicadas outras samambaias e musgos, que formam elegantes jardins verticais em
miniatura
Acima – Onde eu caminhara sobre pedras, em 1995, uma
bem instalada passarela dá hoje as boas-vindas à câmara do Buraco do Padre
Acima – Antessala da dolina do Buraco do Padre
Perdem-se
alguns de nossos sentidos mais primordiais, quando observamos essas formações
naturais tão admiráveis. Assim, como por mágica, eu observava alguns filetes de
gotículas d'água que, desprendendo-se do teto abobadado do Buraco do Padre,
desciam das altas paredes negativas, como se estivessem fora do prumo. Na
verdade, é claro, eu é que estava sendo enganado pelas ilusões espeleológicas e
as séries de gotas de água cristalinas é que mostravam qual era a verdadeira
linha de prumo. Parado ali, ao fundo da vasta furna, tenuemente iluminada por
luzes esverdeadas pelo reflexo limoso dos paredões, diante da turbulenta queda
d'água, sob o efeito de jatos encanados de ar frio e úmidos, imaginei-me, por
um momento, um verdadeiro Arn Sacknussen, da Viagem ao Centro da Terra de Julio
Verne. Quando se viaja pelos mais diferentes recônditos da terra semisselvagem
brasileira, imbuído da sede de conhecimento e aventura, revivem-se romances e
ficções, numa prova inegável de que a vida imita a arte. Só espero,
sinceramente, que reste às gerações vindouras o direito de navegar por um mundo
que ainda guarde segredos e mistérios a serem pesquisados, lugares perdidos a
serem visitados e sensações românticas a serem sentidas.
Permaneci
poucos minutos no interior do Buraco do Padre e resolvi partir logo para o
reconhecimento dos rochedos acima, que me pareciam guardar boas surpresas.
Retornando um pouco pela trilha principal, peguei uma pequena variante que
subia em direção aos contrafortes de rocha da margem esquerda do córrego do
Buraco do Padre. Subindo pela trilha, deparei-me com um paredão levemente
inclinado em negativa que formava como que um salão que muito me lembrou o
matacão de pedra, perdido no vale do rio Soberbo, Serra dos Órgãos, RJ, onde eu
e o meu amigo Paulo Raguenet nos abrigávamos, em nossas prolongadas atividades de
pesquisas, pelos idos dos anos 1970 e 1980.
Comecei
a galgar a lateral do paredão, pelo seu flanco esquerdo, subindo por um caminho
muito íngreme, agarrando-me a raízes e pedras. Percebi alguns indivíduos da
orquidácea Bifrenaria harrisoniae aderidos aos rochedos. Com a rápida
ascensão que conseguia, iam se descortinando belos visuais do vale abaixo.
Destacavam-se sempre as belas copas dos pinheiros-do-paraná (Araucaria
angustifolia – fam: Araucariaceae) a emergir do dossel florestal. Em
poucos minutos, atingi um pequeno trecho de campo e percebi que não mais
valeria a pena continuar por ali.
A
poucos metros de mim, observava o topo da furna do Buraco do Padre. De dentro
da cratera, emanava o forte ruído da cachoeira. Contudo, entre mim e ela, havia
uma ameaçadora fenda, uma verdadeira rachadura erodida que impedia por completo
minha passagem. Esses rochedos de arenito podem ser perigosos e traiçoeiros, se
não andamos muito atentos. Acima de mim, também a poucos metros, se estendia o
topo do platô. Mas, atingi-lo por ali demandaria algumas escaladas arriscadas
para um excursionista solitário, numa terra distante pelo menos 800km do
companheiro de caminhadas mais próximo. Resolvi, pois, não correr riscos.
Tentaria galgar o platô por outros caminhos existentes.
Assinalei,
neste ponto, inúmeros arbustos interessantes, a grande maioria deles
pertencentes à família botânica Asteraceae (= Compositae), exibindo muitas
"margaridinhas" alegres e amareladas, e à família Melastomataceae,
representada por típicas quaresminhas roxas ou lilases (Tibouchina dubia).
Marcando o segmento herbáceo rupestre, via as orquídeas Epidendrum secundum e as
bromélias espinhentas do gênero Dyckia. Dali mesmo, resolvi retornar
para procurar outro acesso ao platô acima.
Acima – Na vegetação florestal que se entranha entre
as paredes úmidas de arenito, podem ser encontrados elementos botânicos
interessantes e ornamentais, como a palmeirinha-aricanga Geonoma schottiana
(família Areaceae), cuja fronde equivale àquela dos samambaiaçus no
aproveitamento da luz sob o coberto florestal – Abaixo – notar o belo quadro
proporcionado pelas velhas folhas de Dicksonia sellowiana, arqueadas
contra o solo
Acima – Asplenium cf. brasiliense é uma pteridófita que abunda nos locais mais escuros da
floresta subtropical de araucárias do Sul, vegetando desde em ambiente
epifítico, quanto na forma rupícola, agarrada às pedras cheias de musgos –
Abaixo
Acima – Aspecto da floresta subtropical do Sul do
Brasil, observada junto aos arenitos do Buraco do Padre
Acima – Araucaria angustifolia
(Araucariaceae) é elemento característico da floresta subtropical de Ponta
Grossa. Não é espécie dominante, no Buraco do Padre, mas representa marco
fundamental na paisagem – Abaixo
Observei
também ali algumas populações do xaxim verdadeiro (Dicksonia sellowiana –
fam: Dycksoniaceae), ao descer da tal trilha. Atingindo o salão rupestre,
continuei contornando seu flanco direito, deparando-me, desta vez, com caminho
mais brando que me permitiu fácil subida até as primeiras porções do altiplano.
Eram 14:45h, quando atingi um matacão de pedra lisa, onde resolvi fazer uma
pequena parada para beber um pouco d’água e comer algumas castanhas-de-caju,
alimento que tenho achado extremamente apropriado para essas excursões, por seu
elevado teor energético, e que fora a mim introduzido, com esta finalidade,
pelo meu colega aventureiro e cineasta David Sonnenschein, na Serra da Maria Comprida.
(Essa
área do Parque Natural se encontrava fechada, por ocasião de minha recente
visita, o que infelizmente me impediu de revisitar a cimeira rochosa, onde
observara os quadros que se seguem – julho de 2019).
O
rochedo onde eu parara era um verdadeiro modelo em miniatura dos processos
naturais de erosão que formam as "cidades de pedra" características
dessa região do Paraná. Numa de suas pontas, um grupo de pequenas
protuberâncias à forma de papilas se elevava a uma altura média de 40cm acima
da superfície lisa. O vento e a chuva fazem descolar milhões de partículas finas
de areia abrasiva que corroem de forma escultural esses blocos colunares
eretos. O formato resultante é sempre o de lápide ou coluna ou taça, aos moldes
dos soberbos gigantes de pedra de Vila Velha.
Nos
restos dessas areias finas que se depositavam em pequenas bacias da pedra
plana, surgiam solos tênues onde se instalavam populações de uma cactácea muito
ornamental que eu podia ali examinar e identificar como Parodia ottonis. O
diâmetro médio de cada barrica esférica formada pela planta era de aproximadamente
5cm, constituindo-se a espécie em verdadeira joia botânica.
Quando
eram 15:00h, voltei a caminhar sobre os campos de altitude, percebendo outras
falhas ou fendas profundas que ocorriam sempre perto dos precipícios e que,
perigosamente, sempre faziam caber nelas um corpo humano. Poucas dezenas de
metros do ponto onde parara, encontrei uma trilha bem aberta que parecia ligar
ao topo da cratera já visitada. Caminhando um pouco mais por esta trilha,
atingi um estranho poço, também em forma de cratera, para dentro do qual se
precipitava o córrego do Buraco do Padre por uma cachoeirinha de uns 3m de
altura, bem balneável até. O curioso neste poço é que a água não saía por algum
outro vertedouro, como seria de se esperar. Mas penetrava num tipo de gruta sinuosa,
à forma de sumidouro, e desaparecia da superfície da terra para surgir nalgum
outro local.
Analisando
melhor o local, confirmei minhas suspeitas iniciais: esta cratera e aquela do
Buraco do Padre eram imediatamente vizinhas, formando um conjunto onde a
primeira recebe o córrego e o passa para a segunda, através de suas paredes,
como mostra um esboço que apresento neste trabalho, sem a pretensão de
constituir corte exato. Sobre a boca da grande furna do Buraco do Padre,
encontrei um jovem que tirava fotos do fundo do poço. Era um rapaz natural de
São Borja, estado do Rio Grande do Sul, que me contou já ter vindo visitar a
região outras vezes. Relatou-me sobre grupos de alpinistas que costumavam atar
cabos aos pedregulhos da boca da chaminé e descer pendurados em meio às fortes
águas da cachoeira.
Resolvi
subir mais um pouco e examinar uma grande seção de campos altitudinais situados
acima da cratera. Galguei uma subida, em meio a uma vegetação herbácea
amplamente dominada por licopódios primitivos, onde surgiam, com relativa
abundância, algumas eriocauláceas (Paepalanthus polyanthus) que
desenvolvem hábito muito semelhante ao das bromeliáceas, ocupando espaços
naturais micropaisagísticos muitíssimo próximos das Dyckia spp.
Sobre
um grupo de rochas soltas que encimavam a elevação, observei interessantes
bromélias que resolvi fotografar. Eram plantas muito esculturais e exibiam
características deveras xerofíticas, ocorrendo associadas a minúsculos cactos
colunares coraliformes (Rhipsalis cf. neves-armondii).
Constatei tratarem-se de Aechmea distichantha, numa forma vinácea
muito vistosa. A distribuição de luz no ambiente era um pouco complicada, me
obrigando cansativas ginásticas para obtenção dos melhores ângulos. Enquanto
terminava essas atividades fotográfico-acrobáticas, observei, ao longe, um
grupo de alpinistas pendurados numa grande taça de arenito, a dezenas de metros
de altura. Somos todos realmente loucos, pensei. E, como diz o ditado popular;
"cada louco com suas manias"; cá estava eu, também, dedicando-me às
minhas.
Enquanto
trabalhava, concentrado na vida selvagem, acabava por não perceber a contínua
ação de algumas dessas vidas selvagens que me assaltavam avidamente as poucas
partes expostas da pele, sugando meu sangue e se tornando gorduchos cravos:
eram os desagradáveis mosquitos do tipo borrachudo que só me deram sossego
quando espalhei sobre a pele um produto repelente de insetos.
Eram
15:38h e resolvi parar para descansar um pouco. Permaneci ali por uns dez
minutos, recuperando minhas forças, e continuei minha exploração no topo do
morro.
Enquanto
caminhava pela campina entremeada de afloramentos rochosos, onde surgiam mais
colônias de cactos esféricos, esvoaçavam pequenas aves que percebi serem
curiangos (caprimulgídeos), a cada moita mais densa da qual me aproximava.
Essas aves insetívoras são muito comuns nas noites enluaradas de todos os
campos e capoeiras do Brasil, sempre entoando seu melancólico canto: "amanhã eu vou..." Assustadas com
minha passagem, voavam um pouco desorientadas e procuravam outra moita
protegida, para continuar seu sono.
Num
espraiado de pedra, observei um fato curioso que não pude constatar se tinha se
originado de alguma ação humana ou das forças naturais do intemperismo: uma
lasca pesada de rocha, em forma de escama, com cerca de 1,20m de diâmetro,
jazia fresca ainda, a coisa de 2m do ponto de onde se fragmentara, estando em
posição totalmente invertida em relação ao encaixe primitivo. Tão pesado
pedregulho saltara da porção original, por alguma razão, e não havia sequer
marcas de ter sido arrastada ou carregada. Sabe-se lá se fora aquilo causado
por um raio ou variação abrupta de temperatura. Ou talvez, quem sabe, algum
grupo de excursionistas loucos poderia ter aprontado a molecagem. Mais um
mistério das excursões.
Segui
meu caminho, procurando me aproximar da grota por onde corria o riacho do
Buraco do Padre. Cheguei a um tipo de plataforma de pedra, à beira de um
paredão, e pude ver o córrego lá embaixo, a uns 30m de profundidade, correndo
no fundo da grota. As copas soberbas dos pinheiros, colonizadas de barba-de-pau
(Tillandsia
usneoides – fam: Bromeliaceae), se espraiavam bem à minha frente. Mais
uma bela vista nesta expedição pelo Sul do Brasil. Porém, descer ao riacho
seria absolutamente impossível dali.
Observando
a paisagem ao redor, vislumbrando as bordas superiores do grande vale por onde
andava, percebi serem elas tomadas por pastagens extensivas. Via o gado
pastando naqueles campos e notei a presença de cercas ao redor do tal vale.
Devido às perigosas fendas, grotas e à pedregosidade do solo no local, os
fazendeiros procuravam manter seu gado longe dali, com medo de perdê-lo. Graças
a isso, as espécies vêm conseguindo sobreviver e escapar à inexorável escalada
de destruição da biodiversidade perpetrada pela pecuária primitiva, desde
muitos séculos.
Quando
já eram 16:10h, resolvi iniciar minha volta ao carro, pela mesma trilha
principal por onde viera. Ao passar pela grande taça de pedra, não pude
resistir à tentação de observar, por uns instantes, os loucos alpinistas
pendurados, sem cerimônias, nas escarpas íngremes, brincando com a lei da
gravidade. As 16:40h, três horas após o início dessa pequena incursão, estava
de volta ao automóvel, muito satisfeito com um dia completo de contatos com
essa fantástica região.
A Seguir – A erosão diferencial, tanto eólica quanto
hídrica, é a responsável pela longa formação dos relevos ruiniformes tanto do
famoso Parque Estadual de Vila Velha, quanto do Buraco do Padre. As formas são
sempre muito atraentes, sugerindo esculturas criadas pelas mãos de arquitetos
da paisagem
Adiante – A grande concentração de colunas de arenito
na paisagem enseja surgimento de notável flora rupícola e saxícola:
Acima e Abaixo – Tillandsia lorentziana e Tillandsia
cf. tenuifolia
são as duas espécies de bromélias mais numerosas na rocha nua de arenito do
Buraco do Padre
Acima – Detalhe de Tillandsia lorentziana
vegetando sobre arenitos do Buraco do Padre
Abaixo – Segmento de rocha com notável população de Tillandsia
lorentziana
Acima – Curioso exemplar isolado de Tillandsia
cf. tenuifolia
a vegetar na forma de mobile decorativo, sob ponta de rocha de arenito
Acima – Rhipsalis cf. neves-armondii (fam:
Cactaceae) é planta bastante variável em seus hábitos, surgindo como
microcolunas eretas, diretamente da superfície dos afloramentos do Buraco do
Padre
Abaixo – Partes dos afloramentos de arenito se
encontram imersas em meio à vegetação florestal, ou envolta por comunidades
mais densas, onde a flora é diferente daquela das rochas ensolaradas
Acima – Philodendron ( = Thaumatophyllum) loefgrenii é a principal
planta da família Araceae nos locais menos expostos da rocha
A Seguir – Uma espécie de bromélia do gênero Dyckia
coloniza as franjas dos afloramentos rochosos, tirando partido de nicho
extremamente singular nas comunidades.
Acima – Aspecto característico da vegetação que
reveste a encosta rochosa do parque do Buraco do Padre: a farta disponibilidade
de luz permite a entrada de elementos fortemente heliófilos, de índole
tropical, como a palmeira-jerivá (Syagrus romanzoffiana – fam:
Arecaceae)
Acima – Vegetação da cimeira rochosa do Buraco do
Padre, bastante similar aos campos rupestres, que foi discutida em meu livro -
Fitogeografia do Brasil – sendo denominada campos entre rochas
Abaixo – Tibouchina
dubia (fam: Melastomataceae) é uma das mais lindas espécies
características dos campos entre rochas do Buraco do Padre
Acima –
Vista parcial da cimeira rochosa próxima à dolina do Buraco do Padre, onde a
delicada arvoreta Myrcia cf. guianensis (fam: Myrtaceae) é
espécie bastante importante – Abaixo
A Seguir –
A chaminé do Buraco do Padre nada mais parece, quando vista de cima, que uma
simples cratera escura. Embora não represente paisagem cárstica típica (evoluída
sobre rochas calcárias), ela se originou de processo bastante similar, ou seja,
do solapamento de camada sobrejacente de rochas sobre espaço cavernoso escavado
pela água
Acima – As
águas do córrego do Buraco do Padre, vindas do altiplano de arenitos e campos
acima, verte primeiramente sobre poço circular, para depois penetrar num duto
natural, que a conduzirá à parede da câmara, onde surge como rumorosa cascata
(ver primeiras imagens da postagem)
A Seguir –
A flora saxícola da cimeira do Buraco do Padre também carrega plantas bastante
típicas e difere um tanto das demais vegetações rupestres locais, embora compartilhem
elas diversas espécies
Acima –
Paepalanthus polyanthus (fam: Eriocaulaceae) desenhada durante a expedição de
1995
Acima – A bromélia
Aechmea
distichantha é espécie relativamente comum na região, ocorrendo como
epífita, ou de forma rupícola/saxícola, como estes exemplares do alto do Buraco
do Padre
Abaixo – Aechmea
distichantha de forma vinácea e fortemente heliófila encontrada em 1995
no local, não tendo sido possível chegar até elas, nesta segunda visita
Acima – Epidendrum
secundum é orquídea largamente dispersada, em quase todos os estados
brasileiros, sempre em afloramentos rochosos, como o Buraco do Padre
Acima – Desenho elaborado no bloco de anotações de campo da
expedição de 1995, figurando este autor a contemplar o curioso deslocamento de
uma lasca de rocha, na cimeira do Buraco do Padre.
Abaixo – Fotografia tirada em 1995, que mostra o
enigmático fenômeno do desplacamento e deslocamento lateral da pesada lasca
domingo, 7 de julho de 2019
EXPEDIÇÃO À SERRA DO RONCADOR – FEVEREIRO DE 2019
Nos últimos dias de fevereiro de 2019, partimos Sérgio Basso
e eu na direção da lendária Serra do Roncador, no leste do estado de Mato
Grosso, saindo de Primavera do Leste. Seguiríamos uma direção já por nós conhecida
em parte, cruzando o rio das Mortes e a Cachoeira da Fumaça, lugar que havíamos
investigado havia algum tempo – ver Expedição ao Médio Vale do rio das Mortes . A Serra do Roncador sempre se viu
envolta no misticismo e nas lendas, desde que o geógrafo e expedicionário inglês
Coronel Percy
Fawcett teria desaparido na região, em 1925, quando procurava pela cidade
perdida, que denominara Z. Seu verdadeiro paradeiro jamais foi suficientemente desvendado, embora
se acredite que possa ter sido assassinado por tribos indígenas que povoavam a
região, naqueles tempos, ou até mesmo que tenha sido vítima de bandidos
errantes. Fala-se que, na verdade, ele teria desaparecido na Serra de Ricardo Franco, no Oeste do Mato Grosso, fronteira com a Bolívia, o que parece bem mais factível.
O mistério do Coronel Fawcett já inspirara inúmeras outras
expedições, que misturavam a busca pelo viajante com a esperança de realmente
encontrar algum lugar paradisíaco, com indícios da vinda de seres
extraterrestres. O fato é que, em nosso caso, nada mais buscávamos, os dois
expedicionários do Século XXI, que a botânica daquelas terras, que correspondem
a compartimento ainda insuficientemente conhecido pela ciência, embora a
colonização agropecuária há muito já lhe tenha dominado a paisagem.
Apesar de até hoje ainda suscitar olhares míticos, por parte
do próprio povo do Mato Grosso e Vale do rio Araguaia, ao qual se encontra
diretamente relacionada, a Serra do Roncador propriamente dita não representa
cadeia montanhosa digna de nota. Aliás, esse maciço nada mais é do que um
conjunto de superfícies de cimeira testemunho de gigantescos processos de
erosão ocorridos entre o Terciário e o Pleistoceno, resultando em platôs
elevados na faixa dos 850m, entre a Barra do Garças e Nova Xavantina, além de
cristas residuais sem expressão, que se estendem rumo ao norte do estado,
acompanhando a depressão do rio Araguaia. A bela Serra Azul, que cerca a cidade
de Barra do Garças, é disjunção da Serra do Roncador, possuindo natureza
rigorosamente idêntica.
Sob enfoque biogeográfico, a Serra do Roncador realmente
reúne características bastante importantes, sendo parte da soberba torção do
Arco de São Vicente, que liga geneticamente a borda do Pantanal do Mato Grosso
à Depressão do Araguaia, formando uma cicatriz neotectônica notável – veja
imagem Google anexada. O grande geógrafo Aziz
Ab’Sáber postulou com precisão a origem sincrônica dessas duas depressões,
surgidas pelo alívio de ciclópicas tensões tectônicas, entre o final do
Terciário e o Quaternário inferior. A oeste, a subsidência da imensa planície
pantaneira drenou a região da bacia do rio Paraguai, enquanto a leste, entre os
estados do Mato Grosso e Goiás, surgiu o famoso rio Araguaia, cada um dos dois
seguindo rumos opostos, o primeiro na direção da Bacia do Prata; o segundo acompanhando
o Tocantins, rumo ao Amazonas.
Essa força neotectônica serviu para condicionar, ao longo dos
dois últimos milhões de anos, a redistribuição de uma flora pretérita que
dividia elementos amazônicos e meridionais, sendo notáveis seus efeitos nas
paisagens de tepuis e mesas que se espalham pelo corredor de pediplanos
profundos espalhados desde Cuiabá e Chapada dos Guimarães, no Mato Grosso, até
o encontro dos rios Garças e Araguaia, na cidade chamada Barra do Garças,
divisa com Goiás. Veja também a expedição à região de Nobres, no Mato Grosso,
que contemplou seção importante do Arco de São Vicente – Expedição às Paisagens de Calcário de Nobres - As paisagens de
frentes de cuestas elevadas ainda segue dali para Mossamedes, Jataí e Mineiros,
em Goiás, acompanhando a fratura do Planalto Central. Mas, para efeitos de
nosso interesse momentâneo, o Arco de São Vicente e a Serra do Roncador
representavam o foco de nossas investigações geográficas e botânicas.
Acompanhe um pouco do que vimos, nesta viagem, nas imagens
que se seguem:
Abaixo – Imagem extraída do Google Earth mostrando a
localização da Serra do Roncador, acima de Barra do Garças, no Vale do rio
Araguaia
Acima – Em nossa saída de Primavera do Leste, rumo à Serra
do Roncador, enfrentamos muita chuva, no vale do rio das Mortes, o que chegou a
nos deixar temerosos de fracassar em nossa expedição. O tempo não melhorou
muito, mas conseguimos concluir o percurso com sucesso
Adiante – Seriemas (Cariama cristata – família: Cariamidae)
são marcos faunísticos do Centro-Oeste do Brasil e convivem com a paisagem
agropecuária do Mato Grosso
A Seguir – Ainda que enfrentando tempo nublado, conseguimos
divisar algumas das paisagens de frentes de cuestas que celebrizaram a Serra do
Roncador, emprestando-lhe aspecto místico, o que atrai muita gente para
conhece-la
Acima – Chegando aos contrafortes da Serra do Roncador,
entre Barra do Garças e Nova Xavantina
Adiante – Bandos de maracanãs-pequenas (Diopsittaca nobilis –
família: Psittacidae) visitavam as árvores, ao pé da Serra do Roncador
A Seguir – Na saia das frentes de cuestas e planaltos
tabuliformes da Serra do Roncador, abundam castelos e mesestas ruiniformes, que
são restos indecompostos do processo erosivo que vem modelando o maciço, há
mais de dois milhões de anos. Esses rochedos areníticos guardam surpresas
fascinantes, tanto no que se refere à sua flora, quanto aos sinais da passagem
de paleoíndígenas, que habitaram o abrigo dessas morrarias, milhares de anos atrás
Acima – O exame detido das formações ruiniformes da Serra do
Roncador permite não apenas observar populações de velosiáceas do gênero Vellozia,
que vegetam diretamente sobre o arenito, mas também revela camadas de
stone-lines de idade provavelmente Cretácea, na forma de depósitos de seixos
rolados aprisionados no sedimento de arenito – veja a base da rocha
Acima – Palmeirinha típica do Cerrado (Syagrus flexuosa –
família: Arecaceae) se abrigando sob a proteção de afloramentos rochosos da
Serra do Roncador
Adiante – duas imagens – Os mais genuínos cerrados rupestres
habitam os vales anfractuosos que se entremeiam aos rochedos ruiniformes da
franja da Serra do Roncador. A Fitogeografia reputa a estas fisionomias
particulares de vegetação savânica a origem de grande parte do estoque arbóreo
que caracteriza o cerrado stricto-sensu, país afora
Acima – O cerrado rupestre encontra substrato fundamental
nos lençóis de seixos e pedras fragmentares que recobrem a rocha ainda coesa
das superfícies de cimeira da Serra do Roncador. Subsistem de parcos depósitos
de colúvios e procuram umidade no coração da terra, enfiando suas raízes
persistentes nas frestas e fraturas do arenito
Abaixo – Sobre o cume de um dos morros-testemunho da Serra
do Roncador, surge uma Norantea guianensis (família:
Marcgraviaceae), planta dramaticamente adaptada ao ambiente rupícola. Suas
raízes buscam provimento morro abaixo, sendo possível observar a linha de
seixos na escarpa erodida do morrote
Acima – A cactácea Cereus bicolor habita a Serra do
Roncador. Outrora, vinha sendo confundida com sua congênere C. hildmannianus, cuja dispersão se dá,
na verdade, no sentido de São Paulo e Paraná, atingindo o Sudeste e Sul. São
claramente vicariantes entre si
Adiante – Pequenas cavernas, encravadas nos castelos
ruiniformes da Serra do Roncador, exibem petroglifos grafados há milhares de
anos por paleoíndios, que habitaram todo o Centro-Oeste. Seu estado de
conservação é visivelmente crítico, não contando com qualquer proteção contra o
vandalismo e a própria erosão
A Seguir – Uma das paisagens botânicas mais representativas
do topo da Serra do Roncador é mesmo uma grande extensão de cerrados rupestres,
que se mesclam aos afloramentos de arenito que lhe condicionam. Nesta área,
pode-se examinar detidamente o processo de exumação do stone-line que domina boa parte da cimeira da serra. Os seixos
diminutos, os maiores com as dimensões de um ovo de galinha, podem ser vistos
ainda aprisionados no sedimento que formou a rocha de arenito, entre 145 e 66
milhões de anos antes do presente, provavelmente. A rocha arrasada pelo clima
atual libera essa miríade de seixos quartzíticos, que se depositam à forma de
cangas decorativas e abrigam plantas singulares, como se observa a seguir:
Acima – As clareiras limpas e destituídas de vegetação não
foram criadas pela devastação humana, sendo na verdade produto da aridez
relativa do substrato pedregoso grosso assentado diretamente sobre a rocha.
Notar as palmeirinhas acaules Allagoptera cf. leucocalyx que habitam
essas clareiras e sustentam a fauna local com seus coquinhos
Abaixo – As poucas arvoretas que habitam as manchas de solos
mais profundos se concentram em manchas de geografia complexa, tendo certamente
muito a ver com a atividade de cupins e formigas, cujos ninhos marcam a
micropaisagem local e sobre os quais se concentram bromeliáceas como Bromelia
sp. e Ananas ananassoides
Acima – Um dos elementos arbóreos mais importantes desse
trecho de vegetação é uma laurácea – Mezilaurus crassiramea, vista ao
centro da imagem e abrigando Bromelia sylvicola sob sua copa
A Seguir – Planta bastante ornamental, embora injustamente desconsiderada
pela jardinocultura tropical, é Himatanthus sucuuba (família:
Apocynaceae), cujas folhas elegantes e flores alvas bem se prestariam ao
cultivo em nossas cidades
Acima – Hymenaea cf. stigonocarpa (família: Fabaceae) e suas
lindas flores
Adiante – Nosso interesse maior eram mesmo os inimitáveis
jardins naturais de rochas, que surgiam escondidos, em meio aos fragmentos de
cerrados rupestres, tendo como sinalizadores paisagísticos algumas vistosas Vellozia
sp. (canelas-de-ema da família Velloziaceae), sob cujas frondes em forma de
rosetas suspensas e, em meio ao cascalho delicadamente arranjado, despontavam
cactáceas globuliformes e bromeliáceas espinescentes do gênero Dyckia:
Acima – Discocactus heptacanthus é uma
cactácea esférica, que facilmente se esconde entre seixos ou sob a folhagem
seca, mas sob sol pleno. Suas flores são noturnas e, talvez graças a isso,
conseguem passar despercebidas pela mania coletora dos populares
Acima – As bromélias do gênero Dyckia representam enigma
evolutivo-adaptativo de uma extensa região compreendida entre Mato Grosso do
Sul, Goiás e Mato Grosso, sugerindo contar histórias ainda não desvendadas do
passado Quaternário de parte do Centro-Oeste. Na Serra do Roncador, encontramos
esta espécie ainda não identificada, a mesma que habita a Serra Azul, próximo à
cidade de Barra do Garças
Acima – Dyckia sp. em flores, na Serra do Roncador
Acima – Orlando Graeff
examinando Dyckia sp.
Abaixo – Sérgio Basso
posa junto a um dos admiráveis jardins naturais da Serra do Roncador
Abaixo – Em nosso caminho de volta a Primavera do Leste,
encontramos uma população de bromélias Dyckia cf. secundifolia, muito
próxima à margem da rodovia BR070, vegetando algumas diretamente sobre a rocha
nua e escaldante
Acima – Gralha-do-campo (Cyanocorax cristatellus –
família Corvidae) que assistia a nosso trabalho, no topo da Serra do Roncador
Assinar:
Postagens (Atom)