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sábado, 9 de fevereiro de 2013

FAZENDA IPANEMA – CONSERVANDO A BIODIVERSIDADE DO CERRADO MATO-GROSSENSE

                Texto revisado em dezembro de 2024


               O município de Primavera do Leste, no sudeste do Mato Grosso, assim como boa parte do Cerrado, já perdeu grande parte de suas áreas de vegetação natural. A Fazenda Ipanema, situada na margem esquerda do rio das Mortes, no entanto, ainda conserva preciosas reservas de vegetação de cerrado, cerradão e florestas de diversas naturezas, além de veredas e vegetações de influência ribeirinha. Essas reservas florestais foram criadas por mim, ainda nos anos 1980, contemplando preciosas áreas de solos com alta aptidão agrícola, que decidi preservar, cobertos pela vegetação original de cerrado stricto sensu. O fogo tem sido excluído do ciclo anual, há mais de trinta anos, o que tem determinado notável recuperação da flora.

                Um pouco da história dessas reservas pode ser conferido no meu TERCEIRO LIVRO: UM NATURALISTA, VIAGENS PELO MATO GROSSO (NAU Editora, 2024 - vendas pela internet: www.naueditora.com.br ).

               Há diversos anos, temos realizado observações detalhadas, na Fazenda Ipanema, desde que ela fez parte da Expedição ao Mato Grosso de 1996 (RELATOS DESSA EXPEDIÇÃO NO LIVRO), o que muito nos ajudou, na dura tarefa de compreender os mistérios da história natural do Cerrado.

               Neste álbum, iniciado em janeiro de 2010 e parcialmente disponibilizado no Flickr, selecionamos imagens de paisagens, plantas e até bichos da Fazenda Ipanema, no objetivo de divulgar sua biodiversidade. ATUALMENTE, EM 2024, INÚMERAS FOTOS PODEM SER APRECIADAS NO INSTAGRAM, ATRAVÉS DO LINK #reservanaturaldafazendaipanema

Nascendo próximo à Serra de São Vicente, quase na borda oeste do Planalto Brasileiro, perto do Pantanal, o rio das Mortes corre para o Araguaia e, em Primavera do Leste, corta a divisa da Fazenda Ipanema.


A maior parte da vegetação das margens do rio das Mortes, na Fazenda Ipanema, assenta-se sobre diques marginais, que são cordões arenosos mais elevados, que circundam o canal, onde crescem espécies arbóreas típicas de florestas.


Na zona de influência direta do rio, sobre os diques marginais, a vegetação é constituída de floresta baixa, com arvoretas finas. A água está em toda parte, límpida, revelando a natureza pobre dos solos das chapadas ao redor.


Na medida em que a floresta vai ficando distante do rio, as árvores se tornam mais elevadas e a mata se fecha, constituindo as famosas florestas-galeria, diante da elevação cíclica das águas, que inunda quase todo o vale do rio das Mortes.


É nas florestas-galeria que se encontram as árvores mais altas, entre as quais se destaca o jequitibá do Cerrado (Cariniana rubra - família Lecythidaceae), observado junto com a palmeira-buriti (Mauritia flexuosa – família Arecaceae).


O jequitibá-do-cerrado (Cariniana rubra – família Lecythidaceae) é uma das mais importantes árvores das florestas inundáveis (florestas-galeria) da Reserva Natural da Fazenda Ipanema, tanto pelo seu porte magnífico, quanto pelo fato de abrigar diversificada flora epífita. Neste exemplar, observa-se majestoso espécime da arácea Thaumatophyllum mello-barretoanum (família Araceae)




Lanium sp. (família Orchidaceae) vegeta nas florestas inundáveis do rio das Mortes.


Campylocentrum é um gênero de orquídeas bastante representado, nas florestas do Brasil Central, preferindo os estratos mais baixos da vegetação.


Nas áreas mais iluminadas das florestas ribeirinhas, quase sempre vegetando sobre madeira em decomposição, surgem inúmeras espécies de Catasetum osculatum (Família Orchidaceae).


A minúscula e bela orquídea Trichocentrum nanum (= Oncidium nanum) é outra espécie de Orchidaceae das florestas inundáveis do rio das Mortes. Vegeta nas áreas menos iluminadas.


Outra espécie de orquídea que abunda nas florestas inundáveis da Fazenda Ipanema é Prosthechea fragrans, que forma densas touceiras, a meio tronco, sob florestas densas.


Jacaranda copaia (família Bignoniaceae) é de florescimento raro, mas impressiona pela beleza, quando desponta, no auge do inverno. É uma espécie de dispersão amazônica, porém, com fortes afinidades com a Mata Atlântica.


A flora das matinhas ciliares do rio das Mortes estás assentada sobre os terraços fluviais Nesta imagem – acima - observa-se uma floresta ciliar da Fazenda Ipanema, entremeada com campos saturados d’água.


Hirtella gracilipes (família Chrysobalanaceae) é uma das arvoretas características das margens do rio das Mortes.


Tamanduá-bandeira (Tamadua tetradactyla)



As florestas densas da Fazenda Ipanema, em Primavera do Leste, servem de abrigo a uma pujante fauna. Nesta imagem, um dos mais representativos bichos do local: a cutia (Dasyprocta sp. – Família Dasyproctidae).


Consideradas aves extremamente ameaçadas, os mutuns (Crax fasciolata) habitam as matas escuras e costumam se aproximar da sede da Fazenda Ipanema, onde  vêm sendo protegidos.


Os mutuns apresentam dimorfismo sexual característico. Acima - Fêmea de mutum


Acima - O macho de Crax fasciolata difere enormemente da fêmea, fazendo imaginar tratarem-se de espécies diferentes


Acima - Um grupo de porcos-do-mato (Tayassu tajacu) se desloca à beira de um cerradão da Fazenda Ipanema.


Mabea fistulifera (família Moraceae), que ocorre na Floresta Atlântica e também nas matas semidecíduas da Fazenda Ipanema, fornece alimento para a fauna.


Vochysia cinnamomea (família Vochysiaceae) é bastante comum, nas bordas dos varjões e florestas inundáveis da Fazenda Ipanema. A família botânica Vochysiaceae é bastante importante na flora do Cerrado.



A família botânica Vochysiaceae também muito importante, em todo o Cerrado. Na Fazenda Ipanema, não é diferente e diversas espécies se encontram representadas, principalmente no gênero Qualea. Acima: Qualea parviflora – aspecto geral e inflorescências



Além da bicharada típica das áreas mais abertas, o cerradão comporta fauna muito característica. As aves da família Picidae – dos pica-paus – são numerosas, na Fazenda Ipanema: Acima - Colaptes campestris.
Abaixo - Colaptes punctigula





A sucupira-preta (Bowdichia virgilioides – família Fabaceae) é árvore típica do cerradão, em quase todo o país. Na Fazenda Ipanema, está presente, principalmente, na transição entre cerradão e cerrado propriamente dito.


As bromélias Ananas ananassoides, em meio ao cerrado stricto sensu da Fazenda Ipanema.



Mais espécies da família Vochysiaceae: Na imagem anterior,  Qualea grandiflora
A seguir – Flores e frutos de outra voquisiácea importante da Fazenda Ipanema: Qualea multiflora.




A seguir - A família botânica Malpighiaceae também é determinante na flora do Cerrado, tanto pelos seus representantes arbóreos, quanto arbustivos. O gênero Byrsonima é muito típico e com flores muito características, como destas duas espécies da Fazenda Ipanema.




Adiante – Mas, essa família botânica Malpighiaceae também comporta inúmeras espécies arbustivas, sempre com belas flores. Nesta imagem: Banisteriopsis pubipetala, uma trepadeira da Fazenda Ipanema.





Acima - Outra bela espécie do gênero Banisteriopsis (Família Malpighiaceae) do cerrado da Fazenda Ipanema, no Mato Grosso.


Acima - Banisteriopsis sp. Planta arbustiva da família Malpighiaceae, do cerrado da Fazenda Ipanema, em Primavera do Leste, Mato Grosso.


O cerrado mais aberto possui uma flora muito variada, composta por plantas em sua maioria heliófilas – que preferem muita luz. A família Fabaceae é muito importante. Nesta imagem: Senna sp.


A Seguir - Copaifera langsdorffii (Família Fabaceae), conhecida como pau-óleo, é uma espécie muito variável, podendo se apresentar como árvore frondosa, na floresta estacional semidecidual, ou como pequena arvoreta, no cerradão e bordas de matas. Nessas imagens, flores, frutos e sementes




A Seguir - Outra família botânica de importância no cerrado da Fazenda Ipanema é Bignoniaceae. Nas fot abaixo, Zeyheria montana.





Acima - Arrabidaea brachypoda (Família Bignoniaceae), das áreas bem iluminadas do cerrado.


A família botânica Bignoniaceae é bastante diversificada em hábitos, variando desde soberbas árvores florestais, até diminutas plantas de cerrado, como Anemopaegma cf. glaucum  - acima



Nos caminhos do cerrado, na Fazenda Ipanema, deparamo-nos com seus bichos, tais como esta jibóia (Boa constrictor amarali) - acima.



Corujinha-buraqueira ou caburé-do-campo (Athene (=Speotyto) cunicularia, ave diurna das áreas abertas de cerrado.



Perdizes (Rhynchotus rufescens), aves comuns naFazenda Ipanema



Ouratea cf. floribunda (Família Ochnaceae)


Pavonia cf. rosa-campestris (Família Malvaceae)


Pavonia guerkeana (Família Malvaceae)


Gomphrena sp. (Família Amaranthaceae) é uma verdadeira jóia na paisagem da Fazenda Ipanema


Plantas do gênero Mandevilla, da família botânica Apocynaceae, são características dos campos abertos e rupestres, nos domínios do Cerrado. Na Fazenda Ipanema, ocorrem nos cerrados mais ralos, geralmente, em áreas mais úmidas.