O município de Primavera do Leste, no
sudeste do Mato Grosso, assim como boa parte do Cerrado, já perdeu grande parte
de suas áreas de vegetação natural. A Fazenda Ipanema, situada na margem
esquerda do rio das Mortes, no entanto, ainda conserva preciosas reservas de
vegetação de cerrado, cerradão e florestas de diversas naturezas, além de
veredas e vegetações de influência ribeirinha. O fogo tem sido excluído do
ciclo anual, há mais de vinte anos, o que tem determinado notável recuperação
da flora.
Há diversos anos, temos realizado
observações detalhadas, na Fazenda Ipanema, desde que ela fez parte da
Expedição ao Mato Grosso de 1996 ( confira em www.pluridoc.com ), o que muito nos ajudou,
na dura tarefa de compreender os mistérios da história natural do Cerrado.
Neste álbum, iniciado em janeiro de 2010 e
parcialmente disponibilizado no Flickr, selecionamos imagens de paisagens,
plantas e até bichos da Fazenda Ipanema, no objetivo de divulgar sua
biodiversidade.
Nascendo
próximo à Serra de São Vicente, quase na borda oeste do Planalto Brasileiro,
perto do Pantanal, o rio das Mortes corre para o Araguaia e, em Primavera do
Leste, corta a divisa da Fazenda Ipanema.
A
maior parte da vegetação das margens do rio das Mortes, na Fazenda Ipanema,
assenta-se sobre diques marginais, que são cordões arenosos mais elevados, que
circundam o canal, onde crescem espécies arbóreas típicas de florestas.
Na
zona de influência direta do rio, sobre os diques marginais, a vegetação é
constituída de floresta baixa, com arvoretas finas. A água está em toda parte,
límpida, revelando a natureza pobre dos solos das chapadas ao redor.
Na
medida em que a floresta vai ficando distante do rio, as árvores se tornam mais
elevadas e a mata se fecha, mesmo diante da elevação cíclica das águas, que
inunda quase todo o vale do rio das Mortes.
É
nas florestas ribeirinhas que se encontram as árvores mais altas, entre as
quais se destaca o jequitibá do Cerrado (Cariniana
rubra - família Lecythidaceae), observado junto com a palmeira-buriti (Mauritia flexuosa – família Arecaceae).
O
jequitibá-do-cerrado (Cariniana rubra
– família Lecythidaceae) é uma das mais importantes árvores das florestas
inundáveis da Fazenda Ipanema, tanto pelo seu porte magnífico, quanto pelo fato
de abrigar diversificada flora epífita. Neste exemplar, observa-se majestoso
espécime da arácea Philodendron
mello-barretoanum (família Araceae)
Lanium sp. (família
Orchidaceae) vegeta nas florestas inundáveis do rio das Mortes.
Campylocentrum é um gênero
de orquídeas bastante representado, nas florestas do Brasil Central, preferindo
os estratos mais baixos da vegetação.
Nas
áreas mais iluminadas das florestas ribeirinhas, quase sempre vegetando sobre
madeira em decomposição, surgem inúmeras espécies de Catasetum (Família Orchidaceae).
A
minúscula e bela orquídea Lophiaris cf. nana (= Oncidium cf. nanum) é outra espécie de Orchidaceae das florestas
inundáveis do rio das Mortes. Vegeta nas áreas menos iluminadas.
Outra
espécie de orquídea que abunda nas florestas inundáveis da Fazenda Ipanema é Prosthechea fragrans, que forma densas
touceiras, a meio tronco, sob florestas densas.
Jacaranda copaia (família
Bignoniaceae) é de florescimento raro, mas impressiona pela beleza, quando
desponta, no auge do inverno. É uma espécie de determinação amazônica, porém,
com fortes afinidades com a Mata Atlântica.
A
flora das matinhas ciliares do rio das Mortes estás assentada sobre os terraços
fluviais Nesta imagem – acima - observa-se uma floresta ciliar da Fazenda
Ipanema, entremeada com campos saturados d’água.
Hirtella gracilipes (família
Chrysobalanaceae) é uma das arvoretas características das margens do rio das
Mortes.
Tamanduá-bandeira
(Tamadua tetradactyla)
As
florestas densas da Fazenda Ipanema, em Primavera do Leste, servem de abrigo a
uma pujante fauna. Nesta imagem, um dos mais representativos bichos do local: a
cutia (Dasyprocta sp. – Família Dasyproctidae).
Consideradas
aves extremamente ameaçadas, os mutuns (Crax
fasciolata) habitam as matas escuras e costumam se aproximar da sede da
Fazenda Ipanema, onde vêm sendo
protegidos.
Os
mutuns apresentam dimorfismo sexual característico. Acima - Fêmea de mutum
Acima
- O macho de Crax fasciolata difere
enormemente da fêmea, fazendo imaginar tratarem-se de espécies diferentes
Acima
- Um grupo de porcos-do-mato (Tayassu
tajacu) se desloca à beira de um cerradão da Fazenda Ipanema.
Mabea fistulifera (família
Moraceae), que ocorre na Floresta Atlântica e também nas matas semidecíduas da
Fazenda Ipanema, fornece alimento para a fauna.
Vochysia cinnamomea (família
Vochysiaceae) é bastante comum, nas bordas dos varjões e florestas inundáveis
da Fazenda Ipanema. A família botânica Vochysiaceae é bastante importante na
flora do Cerrado.
A
família botânica Vochysiaceae também muito importante, em todo o Cerrado. Na
Fazenda Ipanema, não é diferente e diversas espécies se encontram
representadas, principalmente no gênero Qualea.
Acima: Qualea parviflora – aspecto
geral e inflorescências
Além
da bicharada típica das áreas mais abertas, o cerradão comporta fauna muito
característica. As aves da família Picidae – dos pica-paus – são numerosas, na Fazenda
Ipanema: Acima - Colaptes campestris.
Abaixo
- Colaptes punctigula
A
sucupira-preta (Bowdichia virgilioides
– família Fabaceae) é árvore típica do cerradão, em quase todo o país. Na
Fazenda Ipanema, está presente, principalmente, na transição entre cerradão e
cerrado propriamente dito.
As bromélias
Ananas ananassoides, em meio ao
cerrado stricto sensu da Fazenda
Ipanema.
Mais
espécies da família Vochysiaceae: Na imagem anterior, Qualea
grandiflora
A
seguir – Flores e frutos de outra voquisiácea importante da Fazenda Ipanema: Qualea multiflora.
A
seguir - A família botânica Malpighiaceae também é determinante na flora do
Cerrado, tanto pelos seus representantes arbóreos, quanto arbustivos. O gênero Byrsonima é muito típico e com flores
muito características, como destas duas espécies da Fazenda Ipanema.
Adiante – Mas,
essa família botânica Malpighiaceae também comporta inúmeras espécies
arbustivas, sempre com belas flores. Nesta imagem: Banisteriopsis pubipetala, uma trepadeira da Fazenda Ipanema.
Acima - Outra
bela espécie do gênero Banisteriopsis
(Família Malpighiaceae) do cerrado da Fazenda Ipanema, no Mato Grosso.
Acima - Banisteriopsis sp. Planta arbustiva da
família Malpighiaceae, do cerrado da Fazenda Ipanema, em Primavera do Leste,
Mato Grosso.
O cerrado mais
aberto possui uma flora muito variada, composta por plantas em sua maioria
heliófilas – que preferem muita luz. A família Fabaceae é muito importante.
Nesta imagem: Senna sp.
A Seguir - Copaifera langsdorffii (Família
Fabaceae), conhecida como pau-óleo, é uma espécie muito variável, podendo se
apresentar como árvore frondosa, na floresta estacional semidecidual, ou como
pequena arvoreta, no cerradão e bordas de matas. Nessas imagens, flores, frutos
e sementes
A Seguir - Outra
família botânica de importância no cerrado da Fazenda Ipanema é Bignoniaceae. Nas
fot abaixo, Zeyheria montana.
Acima - Arrabidaea brachypoda (Família
Bignoniaceae), das áreas bem iluminadas do cerrado.
A família
botânica Bignoniaceae é bastante diversificada em hábitos, variando desde
soberbas árvores florestais, até diminutas plantas de cerrado, como Anemopaegna cf. glaucum - acima
Nos caminhos do
cerrado, na Fazenda Ipanema, deparamo-nos com seus bichos, tais como esta
jibóia (Boa constrictor amarali) -
acima.
Corujinha-buraqueira
ou caburé-do-campo (Athene (=Speotyto) cunicularia, ave diurna das áreas abertas de cerrado.
Perdizes
(Rhynchotus rufescens), aves comuns
naFazenda Ipanema
Ouratea cf. floribunda (Família Ochnaceae)
Pavonia cf. rosa-campestris (Família Malvaceae)
Pavonia guerkeana (Família
Malvaceae)
Gomphrena sp. (Família
Amaranthaceae) é uma verdadeira jóia na paisagem da Fazenda Ipanema
Plantas
do gênero Mandevilla, da família
botânica Apocynaceae, são características dos campos abertos e rupestres, nos
domínios do Cerrado. Na Fazenda Ipanema, ocorrem nos cerrados mais ralos,
geralmente, em áreas mais úmidas.
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