Entre 04 e 06 de agosto de 2014, estive na
cidade de Diamantina, no coração da
extensa Cadeia do Espinhaço, a caminho do norte de Minas Gerais. Chamada de
Tijuco, nos tempos do Brasil Colônia e Império, Diamantina foi a mais importante
província diamantífera do país e ainda guarda as marcas dessa pujança, em seu
casario admiravelmente bem conservado, que eu já visitara antes, durante minha
primeira passagem, em 2007.
Desta vez, tive oportunidade de examinar
detidamente seus campos rupestres e percorrer algumas de suas mais belas
paisagens, o que serviu para conferir muitas das hipóteses levantadas, ao longo
do livro Fitogeografia do Brasil – Uma
Atualização de Bases e Conceitos, em fase de edição, por ocasião
desta nova viagem pelo país.
Veja, a seguir, alguns aspectos desta
proveitosa visita, através de imagens selecionadas para compor a presente
publicação:
Abaixo – Diamantina reserva algumas das
mais representativas paisagens de campos rupestres do Brasil, sendo possível
divisar o Pico do Itambé, de quase todos os locais
Acima – Melastomatáceas e eriocauláceas são
plantas indicadoras dos campos rupestres, de forma geral, sendo elementos
característicos deste tipo de paisagens, por toda a Cadeia do Espinhaço
Acima – Esculturas naturais, nos campos
rupestres
Abaixo – Aspectos dos afloramentos de rocha
quartzítica, em meio aos campos rupestres da região de Diamantina. A delicada
palmeira-das-pedras (Syagrus glaucescens) é endêmica da
região e representa elemento singular, neste tipo de ecossistema
A seguir – A linda orquídea Hoffmannseggella
cf.crispata pode ser observada, em flores, ao redor de Diamantina.
Seu modo de ocorrência é bastante particular, adaptando-se ao ambiente
contrastante dos campos entre rochas. Seu cultivo é muito difícil, fora de seu
habitat, o que não recomenda sua coleta, que já foi intensamente efetuada
Esculturas naturais de Diamantina – Acima –
Parece que o Aleijadinho andou pelos campos rupestres de Diamantina e deixou
inconclusa a imagem da cabeça de um anjo barroco. Abaixo – Uma coruja de pedra
parece espreitar o excursionista perdido entre as rochas
A seguir – A bromélia Tillandsia streptocarpa
forma curiosas populações, vegetando diretamente sobre os quartzitos
escaldantes de Diamantina.
Acima – Pico do Itambé, em meio à paisagem
dos extensos campos rupestres de Diamantina
Abaixo – Vista parcial do Arraial do Tijuco
(Diamantina), lembrando imagens captadas pelos desenhos de Rugendas, no Século
XIX
Acima – Bromélias tanque-dependentes também
fazem parte da paisagem botânica dos arredores de Diamantina
Acima – Curiosas populações de velosiáceas
(canelas-de-ema) se arranjam sobre microbacias arenosas, em meio aos quartzitos
de Diamantina
Acima – Bromélias do gênero Encholirium
reservam preciosas surpresas aos naturalistas, em meio à vegetação adaptada dos
campos entre rochas (campos rupestres): Com suas folhas acinzentadas e formando
populações densas, essas plantinhas resistem à intensa radiação solar
Abaixo - Vista parcial de um campo
rupestre, onde arvoretas adaptadas se entremeiam às rochas fraturadas e à areia
quartzosa
Acima – Liquens coloridos da Cadeia do
Espinhaço
A seguir – Belos cenários da Cadeia do
Espinhaço, entre Diamantina, Milho Verde e Serro, podendo ser vislumbrado o
Pico do Itambé, que domina a paisagem
Acima – A estradinha de terra que liga
Diamantina a Serro, que representa remanescente da velha Estrada Real, vai
sendo alargada e modernizada, sem que seja tomado qualquer cuidado com a flora
dos campos rupestres, que lhe vai ao redor. Abaixo – Vellozia sp. Prestes a
ser varrida pela terraplenagem das obras rodoviárias
Observação posterior (18 de agosto de 2016): Meu grande amigo Lucas Assis trouxe valiosa informação sobre estas obras que referi acima, que transcrevo abaixo:
"A estrada que liga Diamantina à Serro está sim sendo asfaltada pelo governo de Minas, através de um programa de desenvolvimento humano e melhorias de acessos viários. Existem muitas condicionantes ambientais nesse trecho (Ibama, IEF e FEAM), uma delas é o resgate de flora ( o qual eu sou responsável). Como você sabe eu trabalho aqui, o que você provavelmente não sabe é que desde o início dessa obra milhares de plantas foram resgatadas, o Jardim Botânico de Belo Horizonte vem recebendo plantas das famílias Arecaceae, Araceae, Bromeliaceae, Orchidaceae, Eriocaulaceae, Cactaceae entre muitas outras. Lá essas plantas vem sendo cultivadas desde 2011 com sucesso, muitas florindo e sendo propagadas por sementes, um material testemunho de um lugar tão especial. Outras milhares, são plantadas pra fora do trecho impactado, cuidadosamente retiradas, plantadas em área proxima, afim de manter as populações e sua respectiva genética onde pertencem. Um resgate de flora dessa magnitude é algo grandioso e muito difícil de conseguir resultados de 100% de sobrevivência, mas saiba que eu dou o meu sangue para minimizar as perdas."
Fantástico demais!!!!
ResponderExcluirVou muito nessa regiãoo
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