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sexta-feira, 22 de agosto de 2014

PARQUE NACIONAL CAVERNAS DO PERUAÇU

               Vindo da região de Diamantina, na Cadeia do Espinhaço, visitei o Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, próximo a Itacarambi, na margem esquerda do rio São Francisco, em Minas Gerais, entre os dias 06 e 08 de agosto de 2014. Meu principal objetivo era conferir aspectos das florestas deciduais, especialmente no que cerca a ecologia de árvores singulares, que são características dessas matas secas de calcários. A principal delas era o escultural embaré ou barriguda (Cavanillesia umbellata – família Malvaceae), que vem desaparecendo da paisagem, de modo acelerado, principalmente em função do desmatamento da floresta estacional decidual.

               O Parque do Peruaçu ainda não conta com Plano de Manejo e, portanto, sua visitação é limitada, priorizando o estudo de seus notáveis atributos, dos quais o mais célebre diz respeito à grande quantidade de cavernas calcárias ali existentes. Pinturas rupestres também compõem o patrimônio desta unidade de conservação. No meu caso, a flora razoavelmente bem conservada das matas caducifólias, que revestem as paisagens cársticas do Peruaçu, representava atrativo principal.

               Veja abaixo alguns instantâneos importantes dessa visita, através das fotos obtidas:


Acima – As extensas baixadas sedimentares, que cercam o rio São Francisco, na região do norte de Minas Gerais, possuem solos muito férteis, tendo sido foco de grande destruição de suas matas, para atividades agropecuárias. Da famosa Mata do Jaíba, restaram apenas alguns de seus magníficos exemplares de aroeiras, gonçalo-alves e ipês, além das soberbas barrigudas ou embarés (Cavanillesia umbellata), como a da fotografia.

A Seguir – As mais singulares florestas estacionais deciduais se refugiam hoje por sobre as anfractuosidades das serras calcárias, onde as barrigudas e as paineiras-barrigudas (Ceiba glaziovii – família Malvaceae) contrastam com os demais elementos arbóreos e com a rocha acinzentada.






Acima – Paisagem rural, ao redor de Itacarambi, onde resistem embarés e aroeiras (Myracrodruon urundeuva – Anacardiaceae), cujo porte dá conta do que deve ter sido a lendária Mata do Jaíba.


Acima – Vista proximal de uma serra calcária, no Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, onde abundam cavernas, que vêm sendo intensamente pesquisadas pelos espeleólogos.


Acima – Aspecto interno da floresta estacional decidual, em avançado estado de queda das folhas, durante o inverno.


Abaixo – O mandacaru (Cereus yamacaru) é a mais portentosa cactácea arbórea do Semiárido e penetra a floresta estacional do Peruaçu. No interior dos vales calcários, a deciduidade é menor, embora a flora pouco mude, de modo geral.

A Seguir – Antigos fluxos de água escavaram a rocha calcária do vale do rio Peruaçu, originando amplas e extensas cavernas, que têm sido investigadas pela ciência, enquanto aguardam oportunidade de serem expostas à visitação.





Abaixo – A paineira-barriguda (Ceiba glaziovii), tanto quanto o embaré, pode ser encontrada na floresta decidual propriamente dita, onde se vê acompanhada por elementos da caatinga, como a amburana (Amburana cearensis – Fabaceae).


Acima – Meu guia no Vale do Peruaçu, Ademir Vassalo, posa ao lado de um dos magníficos embarés do Parque Nacional, em meio à floresta decidual.


Acima – Aspecto de um dos cânions profundos do Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, em Minas Gerais


Acima – Modo como o embaré ocorre, em meio à floresta estacional decidual do Vale do Peruaçu, próximo a Itacarambi, no rio São Francisco


Acima – Fragmento de vereda, no Vale do Peruaçu: Poucas veredas ainda restam, nessa região, que tem sido intensamente degradada por atividades agropecuárias primitivas, onde o fogo é o principal fator de destruição.

A Seguir – Palmeiras do gênero Butia formam populações concentradas, nas bordas das veredas do Peruaçu. Por fornecerem frutos comestíveis, terminam por ser preservadas pela população rural, formando grupos notáveis na paisagem.





A Seguir – Paisagens do Vale do Peruaçu, na região de Itacarambi, Minas gerais: O rio São Francisco, ao fundo das florestas secas de calcário do Peruaçu...



...e os afloramentos de calcário, com jardins de bromélias (Encholirium spp.) e cactáceas (Pilosocereus pachycladus).

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