Deixando para trás as pré-cordilheiras e semidesertos da
região de San Juan, mais ao norte da Argentina (postagem anterior - http://expedicaofitogeografica2012.blogspot.com.br/ ), chegamos à
célebre Mendoza, terra dos melhores
vinhos daquele país. Mendoza é verdadeira surpresa: Não poderíamos imaginar,
até então, uma cidade igualmente desenvolvida e atraente, tão longe da costa
atlântica. É um importante destino turístico e tem atraído cada vez mais gente,
de todos os cantos do mundo, que vão a Mendoza atrás de seus vinhos e também
das escaladas desafiadoras do Aconcágua,
na grande Cordilheira.
Muito espalhada pelas planuras, aos pés dos Andes, Mendoza
está situada entre 700-800m acima do nível do mar, contando com clima de semiárido
a árido, por conta da distância do Oceano Atlântico, do qual dista cerca de 1.000km,
e da gigantesca barreira orográfica andina, que se eleva ordinariamente a
5.000m, chegando à faixa dos 7.000m, em determinados trechos. A precipitação
anual desse setor anda por volta de seus 200mm, pouco mais, às vezes, podendo
tudo isso cair em poucas horas. O calor do verão, época em que chegamos, beira
os 40oC, o que torna duras as condições ao relento, durante o dia.
Todos usam fazer a siesta e a cidade
fica deserta, entre o meio dia e as 17:00h.
Sobre Mendoza, torna-se obrigatório falar no admirável Parque San Martin, uma imensa área
verde, no meio da cidade, ricamente arborizada e cheia de belos monumentos, que
dão conta de uma fase economicamente bem mais animada do que atravessa a
Argentina, nas últimas décadas. Arborização, aliás, é marca registrada da linda
cidade, assim como seus bairros de caprichada arquitetura. As mesmas águas que
aduzem as centenas de boas vinícolas de Mendoza, vindas diretamente dos Andes,
de onde são canalizadas, atravessam todas as ruas, em canaletas junto ao meio
fio, irrigando continuamente as árvores que ornamentam suas ruas.
Sem as águas andinas, muito cristalinas, Mendoza nada mais
seria que um deserto poeirento, ainda que esta “poeira” seja formada pelo mais
fértil loess, que é a prolongada sedimentação dos dispersóides finos
dos inúmeros vulcões, que cercam a Cordilheira, por todos os lados. É graças a
esses solos fertilíssimos que medram viçosas as parreiras de uvas Cabernet,
Malbec, Chardonay e tantas outras, que fazem a alegria dos amantes de vinhos e
trazem riquezas à região.
A nós interessava sobremaneira a vegetação e a flora da
Cordilheira, assim como sua geomorfologia singular, que não deixou de
surpreender até mesmo Darwin, que empreendeu a travessia deste setor dos Andes,
vindo do Chile, onde aportara, a bordo do Beagle, no início do Século XIX.
Apresentamos, através de algumas imagens significativas, alguns aspectos dessa
região, à qual prometemos retornar, um dia, para conhecê-la melhor, em face de
sua natureza deslumbrante e de seus cenários impressionantes.
Acima - A Cordilheira dos Andes é o centro inegável das atenções,
na região de Mendoza, na Argentina, embora seus vinhos venham conquistando o
mundo. Abaixo – Uvas vinícolas em
Luján de Cuyo, na grande Mendoza
Imagens do Parque San
Martin, com suas grandes árvores e palmeiras, destacando-se as imensas Phoenix
canariensis
A Seguir – Paisagens andinas, vendo-se a extrema energia de seu
relevo, que ainda vem sendo erguido, através dos tempos
acima - todas as águas dos Andes advêm do degelo, nas cumeadas da Cordilheira. Nas estações mais quentes, elas fluem com grande velocidade, escavando ainda mais os vales profundos
acima - A vegetação dos vales andinos é meramente herbácea, desaparecendo sob a neve, no inverno, para fechar seu ciclo de vida em poucos meses, durante os meses quentes
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