No dia 06 de dezembro de 2015, realizamos
uma excursão pelas florestas do Litoral Norte de São Paulo, mais precisamente,
no Parque Estadual da Serra do Mar –
Núcleo Picinguaba – próximo à divisa com o estado do Rio de Janeiro.
É uma das regiões mais chuvosas de todo o litoral brasileiro. Confrontando-se
isso ao relevo crítico da Serra do Mar, neste trecho, e ao clima quente
dominante, não se poderia esperar algo diferente da densidade das matas e da diversidade
de espécies que ainda guarnecem este setor.
A situação de conservação e manutenção
desta unidade de conservação estava longe de ser ideal e nada mais encontramos
que patrimônio abandonado e trilhas quase desaparecidas. Estivera ali, cerca de
vinte anos atrás, para percorrer exatamente a mesma trilha chamada Trilha do
Corisco, sendo a lembrança da exuberância daquelas florestas e a boa condição
de caminhada de então os maiores estímulos para esta nova visita.
A Trilha do Corisco servira, em séculos
passados, para a travessia dessas montanhas, que dividem a região de Ubatuba,
no litoral paulista, da Baía de Ilha Grande, no Rio de Janeiro. Os indígenas,
seus mais habituais usuários, vindos de Ubatuba, se obrigavam a cruzar esta
dura trilha, por não conseguirem atravessar a temida Ponta da Juatinga, com
suas frágeis canoas. Hoje, ela serve apenas ao ecoturismo, estando infelizmente
relegada ao quase esquecimento.
Vamos às imagens, que podem sempre dizer
mais que as linhas do texto:
Acima - Poucos lugares da costa do Sudeste podem propiciar este contato quase direto entre a Floresta Atlântica e o mar. Picinguaba, no litoral norte de São Paulo, é um deles. A rodovia BR101 corta irreversivelmente a continuidade entre os dois ecossistemas, mas o Parque Estadual da Serra do Mar impede o avanço da urbanização caótica, que já tomou conta de quase todo o restante da linha de praias
Abaixo - Na linha de praias, a floresta se instala sobre o solo livre da influência das marés, propiciando paisagem de lindo contraste
Acima - As vistosas e duras bromélias do gênero Neoregelia, adaptadas aos ambientes de luz extrema, ocupam desde o solo da restinga, até o topo das grandes árvores emergentes da floresta densa de Picinguaba, enquanto outras plantas se vão acomodando, sob o dossel sombreado da mata. Estas plantas do complexo em torno de Neoregelia johannis são de taxonomia complicada e controversa. Neoregelia cf. correia-araujoi é a planta da imagem
Acima - As saíras-das-sete-cores, entre outras saíras, são especialmente abundantes, nestas florestas mais abertas da linha costeira de Picinguaba
A Seguir - Aspectos do interior das florestas densas de baixada litorânea do Parque Estadual da Serra do Mar:
Raízes tabulares, com sapopemas, ajudam a fixar melhor as grandes árvores, nos terrenos frágeis da floresta de baixada litorânea da Serra do Mar, enquanto abundam bromélias e orquídeas, juntando-se a imensa diversidade de aráceas trepadeiras, que praticamente recobrem galhos e troncos. São numerosos os palmiteiros (Euterpe edulis), além de diversas espécies decorativas de palmeirinhas do gênero Geonoma, como a G. elegans, da imagem a seguir.
Abaixo - A Commelinaceae Dichorisandra thyrsiflora dá um toque de cor, na mata escura e monocromática
Acima - O rio Picinguaba é acompanhado quase todo o tempo, ao longo da Trilha do Corisco, emprestando seu rumor contínuo, como música de fundo à excursão
Acima - Imenso cogumelo-orelha-de-macaco, sobre um tronco caído na mata
Abaixo - A bromélia Canistropsis seidelii é elemento de extrema importância ecológica, na floresta densa e úmida de Picinguaba
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