Em setembro, inicia-se a nova fase da Expedição Fitogeográfica 2012, tendo como objetivo o reconhecimento
de um complexo de vegetações muito mal compreendidas do Brasil e de alguns
países vizinhos: Os campos. A última viagem deste ano – e muito provavelmente
também a derradeira antes da conclusão do livro sobre Fitogeografia –
atravessará diversas áreas campestres do sul do país, desde os campos de cima
da serra, nos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, até os lendários
campos da Pampa Meridional, que se estendem pelo Uruguay e Argentina.
Teremos uma passagem obrigatória pela imensa barreira de
penhascos de basalto da Formação Serra Geral, que separam vegetações
contrastantes, tais como a Floresta Atlântica, em seu compartimento
subtropical, no litoral da Região Sul; As magníficas Florestas de Araucárias,
verdadeiros testemunhos de eras passadas; E os campos de cima da serra, com os
quais dividem espaços as araucárias (Araucaria
angustifolia), num complicado jogo de relações ecológicas. Os campos de
cima da serra possuem natureza específica, diferindo dos campos da Pampa.
Num segundo momento, a viagem nos levará pelos campos
litorâneos do Rio Grande do Sul, adentrando o Uruguay, passando por algumas das
paisagens mais curiosas da Pampa, onde as atividades humanas ocasionaram
profundas alterações históricas, que tentamos investigar. É o reino das
palmeiras-jatái ou butiás (Butia odorata)
e dos lendários ombus ou umbus (Phytolaca
dioica – família Phytolacaceae), que
formam numerosas e misteriosas populações, em meio aos campos meridionais. A
história dessas pradarias foi marcada por eventos determinantes para todos os
países deste Cone Sul: Guerras Platinas; Revolução Farroupilha, entre tantos
conflitos famosos.
O retorno se dará através dos campos de espinilho, entre Argentina,
Uruguay e extremidade sudoeste do Rio Grande do Sul, onde adentraremos
novamente os domínios da Pampa Brasileira, através da coxilhas gaúchas, região
que congrega os mais enigmáticos campos do Brasil. Já de muito conhecemos esses
campestres e sua mística repleta de atavismo. Mas, agora, é chegada a hora de
desvendar seus mistérios fitogeográficos, coisa que nos levará juntos, meus
amigos e leitores, por paisagens de tirar o fôlego.
Como sempre, o blog da Expedição
Fitogeográfica 2012 nos unirá, nesta prazerosa expedição, que precederá a
conclusão de nossa obra sobre as paisagens botânicas brasileiras. Até breve,
então!
Acima – Paisagem dos
Aparados da Serra, no alto dos basaltos da Serra Geral: Penhascos com quase mil
metros a pino. Lá embaixo, a Floresta Atlântica; No topo, as florestas de
araucárias e os campos de cima da serra gaúchos.
Abaixo – A subida
da Serra do Rio do Rastro, que conduz à região catarinense de São Joaquim,
terra das neves brasileiras. Climas contrastantes e vegetações bastante
diferentes.
Acima –
Densa população de butiás-jataí, no Uruguay
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