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UMA VISITA À ILHA GRANDE – RIO DE JANEIRO – JUNHO DE 2017

No dia 25 de junho de 2017 , partimos Cledson Barboza , Maurício Verboonen e eu, no rumo da Ilha Grande, no litoral sul do Rio de Janeiro,...

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

UMA FLORESTA ATLÂNTICA SUBTROPICAL EXISTIU AQUI – LITORAL DE SANTA CATARINA


               A segunda fase da Expedição Fitogeográfica 2012 se iniciou com uma parada estratégica no litoral de Santa Catarina, mais precisamente na cidade de Garopaba, pouco ao sul de Florianópolis. Já andara por ali, diversas vezes, desde os anos de 1970, por se tratar de um inigualável destino praiano. Desta vez, duas atrações principais provocavam a parada: O florescimento de uma das mais famosas orquídeas da flora regional – Cattleya intermedia; E a presença das baleias-francas, que têm vindo em número cada vez maior, para acasalarem e darem à luz seus filhotes.

               Quanto às baleias, não haverá como negar sua importância crescente para o turismo de Santa Catarina, uma vez que seu número vem crescendo, ano a ano, prometendo atingir populações parecidas com as que ali existiam, séculos atrás, antes de serem dizimadas pela caça desenfreada, que as levou ao quase completo desaparecimento, no Século XX. Como atração turística, seguramente serão mais rentáveis e sustentáveis do que como gordura para acender lamparinas e compor a estrutura das velhas construções civis. Pode-se admirá-las hoje, tanto a partir de barcos, que nos levam até bem perto, quanto das praias, onde permanecem meses, bem próximas da arrebentação, juntamente com seus filhotões, entre julho e novembro.

               O mesmo já não se pode falar da Mata Atlântica Meridional, que foi levada próxima do completo desaparecimento, quase simultaneamente ao ocaso das baleias-francas, mas não dá sinais de que retornará algum dia, ao menos com a pujança que impressionou os primeiros naturalistas que a estudaram, como Hoehne e Lindman, no Século XX. A floresta primitiva não mais pode ser encontrada, ainda que exemplares remanescentes, agrupados ou isolados, aqui e ali, deem conta de sua existência pretérita, a cobrir toda a depressão litorânea catarinense.

               Fragmentos relativamente bem conservados de suas formas menos portentosas podem ser admirados a cobrir encostas íngremes e inacessíveis, penduradas sobre o mar revolto, do qual somente se separam por linhas de rochas roladas imensas. Suas formações mais exemplares, contudo, foram completamente consumidas pela exploração impiedosa para madeira e lenha, ou simplesmente para dar lugar a lavouras arrozeiras e canavieiras. Hoje em dia, afora a indústria e sua urbanização colateral, o turismo caótico vem dando cabo até mesmo das regenerações espontâneas, que poderiam fazer papel similar ao das baleias-francas, como pioneiras de um retorno às condições passadas.

               A mim interessavam particularmente alguns diminutos fragmentos dessa floresta de natureza subtropical, onde resistem populações de orquídeas e bromélias importantes. Em setembro, encontravam-se em pleno florescimento as orquídeas Cattleya intermedia. Juntamente com Cattleya tigrina (=C. leopoldii) e Hadrolaelia purpurata (=Laelia purpurata), essas lindas plantas foram intensamente exploradas, durante o Século XX, para abastecer os mercados internacionais, tendo restado restritos estoques naturais. Elas resistem em diminutas florestas inundáveis, em meio às pastagens ou nas margens das vastas lagunas de Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

               Tivemos sucesso nas duas buscas – baleias e orquídeas – o que animou bastante a Expedição Fitogeográfica 2012 – 2ª fase – que apenas se iniciava. Antes de adentrar os domínios dos campos meridionais e das araucárias, essa visita a Garopaba e cercanias proporcionou excelente visão de uma Floresta Atlântica Subtropical, que um dia cobriu a maior parte do litoral sul do Brasil.



Acima - Garopaba era uma antiga armação, como se chamavam os portos baleeiros. Hoje é a capital do surf... E das baleias-francas, que acorrem a esta parte do litoral, todos os anos, vindas da Antártida, para acasalar e para terem seus filhotes.
Abaixo - As baleias-francas nadam muito perto da praia, entre julho e novembro, até que seu filhotes cresçam o suficiente para enfrentar a longa viagem de retorno à Antártida.







Abaixo - Fragmentos da Mata Atlântica Subtropical ainda podem ser encontrados, no litoral catarinense. Neles, em setembro, podem ser avistadas orquídeas como Cattleya intermedia em flores.


Cattleya intermedia pode ser avistada de longe, pela coloração alvacenta de suas flores, em meio às bromélias e demais orquidáceas.





Abaixo - Cattleya intermedia apresenta grande diversidade de árvores-suporte, como se vê adiante:



Abaixo - Até mesmo sobre as rochas de granito rosa podem essas orquídeas vegetar e florescer. F. C. Hoehne registrou imensas colônias dessa orquídea, sobre matacões de granito de Florianópolis, onde hoje já não mais existem.


Adiante - A Floresta Atlântica Subtropical se debruça sobre o oceano revolto, em Garopaba, SC.


Abaixo - Soberbos exemplares de figueiras (Ficus spp.) também abrigam variada flora epifítica, na Floresta Atlântica Subtropical.






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