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UMA VISITA À ILHA GRANDE – RIO DE JANEIRO – JUNHO DE 2017

No dia 25 de junho de 2017 , partimos Cledson Barboza , Maurício Verboonen e eu, no rumo da Ilha Grande, no litoral sul do Rio de Janeiro,...

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

SERRA DA CANASTRA – LABORATÓRIO DE CAMPOS


               As viagens à Serra da Canastra, em Minas Gerais, representaram um dos mais importantes laboratórios práticos sobre vegetações campestres para mim, nestes últimos anos. É claro que os campos da Pampa; do Parque Nacional das Emas; da Chapada Diamantina; e de tantos outros lugares foram importantes, até por que as pradarias não possuem a mesma natureza, em diversos lugares. Mas, o Parque Nacional da Serra da Canastra é capaz de exibir claramente ao naturalista os mais determinantes processos edáficos a partir dos quais surgem vegetações campestres no Brasil.
               A Serra da Canastra foi visitada pela sua vertente norte, a partir da pequena localidade de São João, e noutras ocasiões, pelo leste, entrando por São Roque. Além de abrigar as nascentes do famoso rio São Francisco, a Canastra apresenta flora, vegetação e fauna de imensa relevância para a ciência e para a conservação da natureza. Sempre que visito a região, conto com a orientação de campo de meu amigo Elossandro Coelho, um dos mais experientes guias envolvidos não apenas com o ecoturismo, mas também com as iniciativas de conservação da natureza da Serra da Canastra.
               Neste passeio virtual, através das imagens e comentários do nosso blog – Expedição Fitogeográfica, os leitores poderão ter uma ligeira ideia do que espera pelo viajante, ainda que, com certeza, muito ficará a dever, frente a tantas atrações desta vasta região de campos.


01 - A entrada nos campos de cimeira da Serra da Canastra, feita a partir de Araxá, revela paisagens incomuns de vastidão.



02 – Os caminhos são difíceis, o que somente aumenta a emoção de percorrer as múltiplas paisagens da Serra da Canastra.



03 – A pequena localidade de São João, na vertente norte da Serra da Canastra, é o ponto-base para aquele que deseja conhecer esse segmento do maciço, vindo de Araxá, no Triângulo Mineiro.




04 – Vista parcial da localidade de São João, na vertente norte da Serra da Canastra: Nada de luxo; Muita tranquilidade e; Algumas das mais belas paisagens da região.


05 – Desta magnífica paisagem, advém o nome da Serra da Canastra, lembrando uma daquelas antigas arcas ou malas, de que se faziam acompanhar os viajantes e tropeiros do período colonial brasileiro.


06 – A Serra da Canastra faz parte de um antigo arco geológico, que atravessa grande parte do Brasil Central. Sua cumeada é formada por extensas planuras, onde solos muito rasos se assentam sobre quartzitos, sustentando vegetação campestre, onde ventos muito fortes e constantes mantêm um ambiente peculiar.



07 – Em suas vertentes voltadas aos domínios atlânticos, em todo o quadrante leste, surgem vales mais arredondados, como este, próximo a São Roque, onde se veem populações de voquisiáceas e asteráceas, em manchas que revelam solos característicos.



08 – Ainda nas alturas dos chapadões, inúmeros córregos cristalinos se juntam, até formarem rios caudalosos, que originam incontáveis cachoeiras, em todas as bordas da Serra da Canastra. Nesta imagem: o rio São Francisco, antes de se projetar na Cachoeira da Casca D’Anta.




09 – Ainda que se venha discutindo a localização da verdadeira nascente do Velho Chico – rio São Francisco – a Cachoeira da Casca D’Anta, no grande Vale da Babilônia, é reputada como legítima postulante a este rol de honra.


10 – O Chapadão da Babilônia se distingue da Canastra, por separar-se dela através de um profundo vale, visto nesta imagem. No interior deste vale, existe um divisor de águas entre as bacias do São Francisco e do rio Paraná.


11 – Vista do imenso vale do Chapadão da Babilônia, no sentido das águas do São Francisco. As bordas dessas chapadas terminam em paredões íngremes, sobre os quais se debruça riquíssima flora, na qual se destacam plantas das famílias Myrtaceae, Melastomataceae, Asteraceae, Vochysiaceae etc.


12 – Nesta imagem, observa-se o contraste nítido entre a vegetação campestre, muito antiga e primitiva, dos altiplanos da Canastra, e os fragmentos de florestas estacionais que revestem ainda grande parte das vertentes. Ali, chega a se depositar algum solo explorável pelas árvores.


13 – Na vegetação campestre dos campos rupestres da Serra da Canastra, surgem algumas espécies bastante características, tais como aquelas relacionadas ao gênero Lychnophora (Família Asteraceae = Compositae).



14 – A família botânica Eriocaulaceae é bastante característica dos campos rupestres do Brasil Central. Fazem parte do grupo das sempre-vivas, tais como este curioso Paepalanthus sp., com a forma de uma diminuta palmeira, na Serra da Canastra.


15 – Mas é a família Asteraceae, de fato, que se torna bastante característica dos campos rupestres da Canastra: Lychnophora cf. salicifolia, chamada de arnica, por alguns.


16 – Magnífico exemplar de Lychnophora cf. ericoides (Família Asteraceae = Compositae), chamada de arnica.


17 – A família botânica Velloziaceae também pode ser reconhecida como característica das vegetações campestres mais antigas, que recobrem as serras quartzíticas e topos de chapadas, onde as temperaturas costumam despencar, à noite e nos invernos secos. Seus caules repletos de restos de bainhas de folhas podem abrigar orquídeas raras.


18 – Belo exemplar florido de Vellozia sp. (Família Velloziaceae) da Serra da Canastra, em Minas Gerais.



19 – As flores de Vellozia spp. são intensamente predadas por pequenos coleópteros, que também cuidam da polinização da planta.


20 – Trembleya cf. parviflora é uma das inúmeras melastomatáceas atraentes e decorativas dos campos rupestres da Serra da Canastra, em Minas Gerais.


21 – Mandevilla ilustris, da família Apocynaceae, é outra planta típica dos campos rupestres da Serra da Canastra.


22 – As bromeliáceas do gênero Bromelia somente se destacam na paisagem, quando iniciam seu vistoso florescimento. Na Serra da Canastra, surgem em meio à vegetação campestres.



 23 – Sobre as arvoretas que conseguem medrar junto aos canais de pequenos córregos, no topo das chapadas da Serra da Canastra, surgem outras bromeliáceas do gênero Tillandsia.


24 – Trimezia juncifolia (Família Iridaceae), conhecida como ruibarbo, também é uma flor bastante característica das áreas mais alagáveis dos campos rupestres da Serra da Canastra, em Minas Gerais.



25 – A família botânica Malvaceae é bastante bem representada no Cerrado e nos campos rupestres do Brasil Central. Na Serra da Canastra, surgem inúmeras Pavonia spp.



26 – Physocalyx aurantiacus (Família Orobanchaceae) da Serra da Canastra, em Minas Gerais.



27 – Os campos rupestres da maioria das chapadas mineiras já foram intensamente utilizados para pastoreio animal, tendo sido a Serra da Canastra famosa pelos seus “queijos de canastra”, maturados sobre o leite denso das vacas levadas ao cume da chapada, no inverno. As taipas (antigas “cercas” de pedra) ainda persistem na paisagem, lembranças desses tempos.



28 – O intenso pastoreio dos campos rupestres da Serra da Canastra, seguido pelo fogo, ateado para “renovar” as pastagens naturais, enfraqueceu sobremaneira a vegetação da Serra da Canastra e acelerou gigantescos processos erosivos, que já atuavam no entalhamento do relevo. Essas feições topográficas tecnogênicas somente se estabilizarão se o fogo não mais ocorrer.



 29 – Nessas imensas ravinas e voçorocas, induzidas pelo fogo, ateado pelo homem, convergem intensos fluxos de água, morro abaixo, adentrando os vales florestados, onde causam sérios estragos, como este que visitamos, na Serra da Canastra, para estudar os efeitos da degradação da paisagem pelo homem.



30 – Nas bordas da Serra da Canastra, os troncos enegrecidos pelo carvão atestam a passagem ainda frequente do fogo pelos campos rupestres, mesmo frente aos esforços da população e das autoridades para prevenir e combater os incêndios criminosos.



31 – Mas a natureza insiste em resistir à destruição perpetrada pelo homem. No campo rupestre da Serra da Canastra, ainda se pode encontrar alguns de seus habitantes mais característicos, como o lobo-guará (Chrysocyon brachyurus).



32 – Lobo-guará (Chrysocyon brachyurus), no campo rupestre da Serra da Canastra, em Minas Gerais.



33 – As depressões da Serra da Canastra, abaixo do domínio das quedas d’água, passa a ser recoberto por florestas estacionais semideciduais (Seasonally Dry Tropical Forests - SDTF). Nesta imagem, ao fundo do marco natural do imenso cupim, escavado pelos tamanduás, pode-se vislumbrar a transição entre os campos, acima, e as florestas, aumentando morro abaixo.



34 – Os elementos arbóreos começam a dominar, chapada abaixo, na Serra da Canastra, passando pela flora do Cerrado, tal como este pequizeiro (Caryocar brasiliense – Família Caryocaraceae) que, por se encontrar encravado em solos rasos, surgia como pequena arvoreta. No cerradão, ele é uma árvore de grande porte.



 35 – Nos vales mais abrigados, como este, voltado ao norte, surgem florestas estacionais muito densas, mesmo que já bastante alteradas pelo ser humano. A Serra da Canastra é um importante divisor florístico do Brasil Central, o que se sucede pela sua antiguidade geológica.



36 – Trecho de densa floresta estacional semidecidual, na margem do rio São Francisco, logo abaixo da Cachoeira da Casca D’Anta, na Serra da Canastra. Uma árvore chamada casca d’anta (Drymis brasiliensis – Família Winteraceae) abunda nesta floresta, sendo associada à flora atlântica meridional. Dela, tirou seu nome a notável queda d’água.



 37 – No interior dessas florestas densas, na base da Serra da Canastra, surgem muitas orquídeas, tais como esta Prosthechea aff. fragrans.



 38 – Meu guia na Serra da Canastra: Elossandro Coelho, no alto do Chapadão da Babilônia, ao lado de um magnífico exemplar florido de Ouratea castaneifolia (família Ochnaceae).



39 – O autor Orlando Graeff, fotografado em 2007, pelo guia-orquidófilo Elossandro Coelho, no Chapadão da Babilônia, junto ao belo exemplar de Ouratea castaneifolia (família Ochnaceae).  

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