Em janeiro de 2006, atravessamos,
pela primeira vez, o lendário domínio do Chaco
Argentino, na região de Corrientes.
A cidade de Corrientes, à margem esquerda do rio Paraná, é um marco
tradicionalista, na América Meridional. Terra de história e de Chamamé (uma
belíssima dança gaúcha), Corrientes é o portal do Chaco, um bioma que abarca
grande parte da Argentina, Paraguai e Bolívia, tocando o Brasil em dois
enclaves: Na Barra do Quaraí (ver http://expedicaofitogeografica2012.blogspot.com.br/2012/10/parque-estadual-do-espinilho-barra-do.html ), à forma de Parque de Espinilho; e na
região pantaneira de Porto Murtinho, no Mato Grosso do Sul (futuramente no
blog). Caracteriza o Chaco um clima frio de inverno, em contraste com um dos
maiores calores da América do Sul, durante o verão. De fato, entre Corrientes e
Santiago Del Estero, nesta viagem, enfrentamos calor da ordem de 43oC.
No inverno, as temperaturas chegam a bater ali nos -8oC.
Entender a vegetação do Chaco e
tudo o que estávamos por ver, dali para as Pré-Cordilheiras dos Andes, a oeste,
é desafio superlativo, que não tínhamos a pretensão de cumprir, em tão curta
permanência. Porém, a travessia dessas áreas subtropicais correspondeu a marco
conceitual, para a compreensão de muito daquilo que vemos em nossas próprias
terras brasileiras. Está ali, para ser oportunamente contada, boa parte da
história natural das paisagens sul-americanas.
A seguir, um pouco do que vimos,
no Chaco Argentino, na região de Corrientes:
Adiante – Adentrando o centro-norte da Argentina, atravessamos o
Chaco, uma vegetação de natureza savânica, cuja flora se adaptou para uma
alternância estacional entre calor descomunal e frio intenso. De longe, o Chaco
Úmido lembra o Pantanal Mato-Grossense, com o qual confina, no Centro-Oeste do
Brasil. Internamente, contudo, difere muito de nossa flora estacional
semidecidual
Acima – Belo tronco
de Schinopsis
balansae (família Anaracdiaceae), conhecido como quebracho-colorado.
Juntamente com Aspidosperma quebracho-blanco (Apocynaceae), já foi madeira
cobiçada, na Argentina, até sua quase completa extinção
Acima – A bromélia Pseudananas
sagenarius, assim como Aechmea distichantha e Bromelia
sp., é planta importante, no
sub-bosque do Chaco Úmido, formando populações extensas e intransponíveis, tal
como ocorre no Semiárido do Nordeste, no Brasil, com algumas outras
bromeliáceas.
Abaixo – Vista interna
de um trecho da vegetação típica do Chaco, cuja semelhança com a Caatinga já
fez imaginar que seriam uma só vegetação. Trabalhos recentes comprovaram terem
se separado há muito tempo, ainda no Terciário
Acima – O açucará (Gleditsia
amorphoides – família Fabaceae) é uma árvore comum, no Chaco Úmido, sendo
compartilhada com a floresta estacional semidecidual da bacia do rio Paraná, no
Brasil, de onde vínhamos, nesta viagem
Abaixo – As áreas
alagáveis do Chaco Úmido são geralmente cobertas por plantas herbáceas com
flores vistosas, do gênero Canna (família Cannaceae), ou por
tapetes verdes de plantas aquáticas macrófitas
A Seguir – Aspectos típicos
da cidade argentina de Corrientes, na margem do imenso rio Paraná
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