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sábado, 14 de setembro de 2013

FOZ DO IGUAÇU – FLORESTAS ESTACIONAIS - DEZEMBRO DE 2005


               A caminho de nossa primeira expedição à Argentina, entre 2005 e 2006, realizamos uma ligeira visita às florestas do Parque Nacional do Iguaçu, no oeste do Paraná, tríplice fronteira entre nosso país, Argentina e Paraguai. Essas matas, quase desaparecidas, já haviam sido visitadas, tanto ali na Foz do Iguaçu, quanto mais ao interior do Paraguai, em 1981, durante viagem à fronteira agrícola em plena expansão, naquele país, de onde desapareceram por completo, desde então. Tratam-se das mesmas florestas estacionais semideciduais do vale do rio Paraná, que já andamos a comentar, em nossa postagem sobre a expedição ao Rio Grande do Sul, no outono de 2013 (ver -http://expedicaofitogeografica2012.blogspot.com.br/2013_05_01_archive.html ).

               O encontro do rio Iguaçu, que nasce no Planalto de Curitiba, cerca de 900m acima do nível do mar, com o grande rio Paraná, se dá numa altitude de cerca de 180m, sendo a região inteiramente dominada pela floresta estacional. Isso é: Onde ela ainda não foi inteiramente derrubada. O Parque Nacional do Iguaçu abriga o mais representativo fragmento desta lendária floresta, que outrora revestiu quase o inteiro estado do Paraná, ao menos na faixa de altitude até seus 500-700m. Também preserva sua mais notável atração: As quedas do rio Iguaçu, um dos mais deslumbrantes cenários naturais de todo o Mundo.

               O exame dessas florestas foi fundamental, não apenas pela sua importância fitogeográfica, para as Seasonally Dry Tropical Forests (SDTF) da América do Sul, mas também por que elas fazem a transição entre nossa Floresta Atlântica e o Chaco, para onde estávamos nos dirigindo. A seguir, algumas imagens representativas desta memorável viagem de 2005/2006:

A Seguir - As cataratas ou quedas do Iguaçu são um dos mais conhecidos cartões postais do Brasil. Representam importante desnível dos patamares basálticos da Formação Serra Geral. O rio Iguaçu drena grande parte do território paranaense e o volume de suas águas varia consideravelmente: No verão, época em que por lá passamos, apresenta suas maiores vazões





Acima – Nos destaques, observam-se andorinhas, que nidificam junto às quedas, por vezes atrás das catadupas, encantando o visitante com seus voos rasantes


Adiante – Aspectos da floresta estacional semidecidual da bacia do rio Paraná, que reveste a maior parte do Parque Nacional do Iguaçu

Acima – Imensa quantidade de orquídeas Miltonia flavescens ocupa troncos e galhos das grandes árvores. Macacos-prego devoram seus pseudobulbos, sem que isso ocasione impacto considerável nessas numerosas populações


Acima – Os solos férteis derivados do basalto são o suporte da floresta estacional semidecidual da bacia do rio Paraná. Sua coloração é característica avermelhada, o que causa forte contraste com a mata verdejante
Notas as guaraívas (Cordyline spectabilis - família Laxmaniaceae), com suas lindas folhas longas e pendentes, que são elemento em comum com a mata de pinhais


Imensos madeiros se elevam retos, em meio a esta floresta valiosa. A farta quantidade de madeiras nobres de outrora motivou exploração desenfreada dessas florestas, levando-as à quase completa extinção



Acima – Peltophorum dubium (família Fabaceae) é elemento característico das SDTF da região, estendendo-se Chaco adentro. Na foto, as flores amarelas vistosas desta árvore, que se encontravam em seu apogeu, por ocasião da viagem


A Seguir – Algumas plantas importantes da floresta de Foz do Iguaçu


Acima – Taccarum sp. – família Araceae



Abaixo – Acanthostachys strobilacea – família Bromeliaceae: Planta característica das florestas estacionais do polo paranaense. Ocorre até SP e MG, em florestas secas



Acima – Campylocentrum sp. – família Orchidaceae: Esse gênero de curiosas plantinhas de crescimento monopodial acompanha as SDTF, adentrando o Chaco úmido, Argentina adentro


Acima - Os palmiteiros (Euterpe edulis – família Arecaceae) são elemento muito importante, nas florestas estacionais semideciduais da bacia do rio Paraná. Representaram, outrora, importante recursos florestal da região, tendo sido explorados à exaustão


Acima – Grandes populações de samambaiaçus (Cyathea delgadii – família Cyatheaceae) se desenvolvem nas clareiras naturais do Parque Nacional do Iguaçu


Acima – Nos alagados, às margens do rio Iguaçu, proliferam plantinhas palustres do gênero Rhodospatha (família Araceae), cujo verde profundo contrasta com as águas estagnadas de cor ferruginosa

Acima - Notáveis exemplares de Philodendron bipinnatifidum (família Araceae)são verdadeiras esculturas vivas, nos mais altos galhos das velhas árvores


Acima – Meu guia Marcelo posa ao lado de uma das árvores colossais da floresta estacional
Abaixo – o Autor-viajante Orlando Graeff, junto às simpáticas araras-canindé do Parque das Aves, belo projeto de conservação das aves nativas da região





Acima e Abaixo – A temível cascavel deu nome à cidade vizinha a Foz do Iguaçu (Cascavel – PR). Até encontrá-la, em meio à floresta densa do Parque Nacional, eu jamais poderia crer em sua presença, no interior de áreas úmidas. Elas seguramente representam ali um testemunho de épocas mais secas, em toda a região, em passado Quaternário




Cores da floresta


Abaixo - Vista geral de um braço morto do rio Iguaçu emoldurado por fragmentos da floresta estacional semidecidual da bacia do rio Paraná





Um comentário:

  1. Postagem muito interessante, Orlando. Fiquei curioso para conhecer esta região de Catamarca, após ter conhecido Peru e Bolívia. Um abraço, continue com o bom trabalho!

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