A caminho de nossa primeira expedição à Argentina, entre
2005 e 2006, realizamos uma ligeira visita às florestas do Parque Nacional do Iguaçu, no
oeste do Paraná, tríplice fronteira entre nosso país, Argentina e Paraguai.
Essas matas, quase desaparecidas, já haviam sido visitadas, tanto ali na Foz do
Iguaçu, quanto mais ao interior do Paraguai, em 1981, durante viagem à fronteira
agrícola em plena expansão, naquele país, de onde desapareceram por completo,
desde então. Tratam-se das mesmas florestas
estacionais semideciduais do vale do rio Paraná, que já andamos a comentar,
em nossa postagem sobre a expedição ao Rio Grande do Sul, no outono de 2013
(ver -http://expedicaofitogeografica2012.blogspot.com.br/2013_05_01_archive.html ).
O encontro do rio Iguaçu, que nasce no Planalto de Curitiba,
cerca de 900m acima do nível do mar, com o grande rio Paraná, se dá numa
altitude de cerca de 180m, sendo a região inteiramente dominada pela floresta
estacional. Isso é: Onde ela ainda não foi inteiramente derrubada. O Parque Nacional do Iguaçu abriga o mais
representativo fragmento desta lendária floresta, que outrora revestiu quase o
inteiro estado do Paraná, ao menos na faixa de altitude até seus 500-700m.
Também preserva sua mais notável atração: As quedas do rio Iguaçu, um dos mais
deslumbrantes cenários naturais de todo o Mundo.
O exame dessas florestas foi fundamental, não apenas pela
sua importância fitogeográfica, para as Seasonally Dry Tropical Forests (SDTF)
da América do Sul, mas também por que elas fazem a transição entre nossa Floresta Atlântica e o Chaco, para onde estávamos nos
dirigindo. A seguir, algumas imagens representativas desta memorável viagem de
2005/2006:
A Seguir - As cataratas ou quedas do Iguaçu são um dos mais
conhecidos cartões postais do Brasil. Representam importante desnível dos
patamares basálticos da Formação Serra Geral. O rio Iguaçu drena grande parte
do território paranaense e o volume de suas águas varia consideravelmente: No
verão, época em que por lá passamos, apresenta suas maiores vazões
Acima – Nos destaques,
observam-se andorinhas, que nidificam junto às quedas, por vezes atrás das
catadupas, encantando o visitante com seus voos rasantes
Adiante – Aspectos da floresta estacional semidecidual da bacia do
rio Paraná, que reveste a maior parte do Parque Nacional do Iguaçu
Acima – Imensa quantidade de orquídeas Miltonia flavescens ocupa troncos e galhos das grandes árvores. Macacos-prego devoram seus pseudobulbos, sem que isso ocasione impacto considerável nessas numerosas populações
Acima – Os solos férteis derivados do basalto são o suporte da floresta estacional semidecidual da bacia do rio Paraná. Sua coloração é característica avermelhada, o que causa forte contraste com a mata verdejante
Notas as guaraívas (Cordyline spectabilis - família Laxmaniaceae), com suas lindas folhas longas e pendentes, que são elemento em comum com a mata de pinhais
Imensos madeiros se
elevam retos, em meio a esta floresta valiosa. A farta quantidade de madeiras
nobres de outrora motivou exploração desenfreada dessas florestas, levando-as à
quase completa extinção
Acima – Peltophorum dubium (família Fabaceae) é elemento característico das SDTF da região, estendendo-se Chaco adentro. Na foto, as flores amarelas vistosas desta árvore, que se encontravam em seu apogeu, por ocasião da viagem
Acima – Imensa quantidade de orquídeas Miltonia flavescens ocupa troncos e galhos das grandes árvores. Macacos-prego devoram seus pseudobulbos, sem que isso ocasione impacto considerável nessas numerosas populações
Acima – Os solos férteis derivados do basalto são o suporte da floresta estacional semidecidual da bacia do rio Paraná. Sua coloração é característica avermelhada, o que causa forte contraste com a mata verdejante
Notas as guaraívas (Cordyline spectabilis - família Laxmaniaceae), com suas lindas folhas longas e pendentes, que são elemento em comum com a mata de pinhais
Acima – Peltophorum dubium (família Fabaceae) é elemento característico das SDTF da região, estendendo-se Chaco adentro. Na foto, as flores amarelas vistosas desta árvore, que se encontravam em seu apogeu, por ocasião da viagem
A Seguir – Algumas plantas
importantes da floresta de Foz do Iguaçu
Abaixo – Acanthostachys
strobilacea – família Bromeliaceae: Planta característica das florestas
estacionais do polo paranaense. Ocorre até SP e MG, em florestas secas
Acima – Campylocentrum
sp. – família Orchidaceae: Esse
gênero de curiosas plantinhas de crescimento monopodial acompanha as SDTF,
adentrando o Chaco úmido, Argentina adentro
Acima - Os palmiteiros (Euterpe edulis – família Arecaceae) são elemento muito importante, nas florestas estacionais semideciduais da bacia do rio Paraná. Representaram, outrora, importante recursos florestal da região, tendo sido explorados à exaustão
Acima – Grandes populações de samambaiaçus (Cyathea delgadii – família Cyatheaceae) se desenvolvem nas clareiras naturais do Parque Nacional do Iguaçu
Acima – Nos alagados, às margens do rio Iguaçu, proliferam plantinhas palustres do gênero Rhodospatha (família Araceae), cujo verde profundo contrasta com as águas estagnadas de cor ferruginosa
Acima - Notáveis exemplares de Philodendron bipinnatifidum (família Araceae)são verdadeiras esculturas vivas, nos mais altos galhos das velhas árvores
Abaixo – o Autor-viajante
Orlando Graeff, junto às simpáticas
araras-canindé do Parque das Aves, belo projeto de conservação das aves nativas
da região
Acima e Abaixo – A temível cascavel deu nome à cidade vizinha a Foz do Iguaçu (Cascavel – PR). Até encontrá-la, em meio à floresta densa do Parque Nacional, eu jamais poderia crer em sua presença, no interior de áreas úmidas. Elas seguramente representam ali um testemunho de épocas mais secas, em toda a região, em passado Quaternário
Acima e Abaixo – A temível cascavel deu nome à cidade vizinha a Foz do Iguaçu (Cascavel – PR). Até encontrá-la, em meio à floresta densa do Parque Nacional, eu jamais poderia crer em sua presença, no interior de áreas úmidas. Elas seguramente representam ali um testemunho de épocas mais secas, em toda a região, em passado Quaternário
Abaixo - Vista geral de um braço morto do rio Iguaçu emoldurado por fragmentos da floresta estacional semidecidual da bacia do rio Paraná
Postagem muito interessante, Orlando. Fiquei curioso para conhecer esta região de Catamarca, após ter conhecido Peru e Bolívia. Um abraço, continue com o bom trabalho!
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