Reveja outras expedições

DUAS VISITAS AOS ARENITOS DO BURACO DO PADRE – 1995 / 2019

Acima – Cachoeira do Buraco do Padre, no interior de um cânion arenítico, em forma de dolina, no estado do Paraná No dia 12 de m...

sábado, 14 de setembro de 2013

FOZ DO IGUAÇU – FLORESTAS ESTACIONAIS - DEZEMBRO DE 2005

                Texto revisado em dezembro de 2024
               

                A caminho de nossa primeira expedição à Argentina, entre 2005 e 2006, realizamos uma ligeira visita às florestas do Parque Nacional do Iguaçu, no oeste do Paraná, tríplice fronteira entre nosso país, Argentina e Paraguai. Essas matas, quase desaparecidas, já haviam sido visitadas, tanto ali na Foz do Iguaçu, quanto mais ao interior do Paraguai, em 1981, durante viagem à fronteira agrícola em plena expansão, naquele país, de onde desapareceram por completo, desde então. Trata-se das mesmas florestas estacionais semideciduais do vale do rio Paraná, que já andamos a comentar, em nossa postagem sobre a expedição ao Rio Grande do Sul, no outono de 2013 (ver -http://expedicaofitogeografica2012.blogspot.com.br/2013_05_01_archive.html ).

               O encontro do rio Iguaçu, que nasce no Planalto de Curitiba, cerca de 900m acima do nível do mar, com o grande rio Paraná, se dá numa altitude de cerca de 180m, sendo a região inteiramente dominada pela floresta estacional. Isto é, onde ela ainda não foi inteiramente derrubada. O Parque Nacional do Iguaçu abriga o mais representativo fragmento desta lendária floresta, que outrora revestiu quase o inteiro estado do Paraná, ao menos na faixa de altitude até seus 500-700m. Também preserva sua mais notável atração: As quedas do rio Iguaçu, um dos mais deslumbrantes cenários naturais de todo o Mundo.

               O exame dessas florestas foi fundamental, não apenas pela sua importância fitogeográfica, para as Seasonally Dry Tropical Forests (SDTF) da América do Sul, mas também por que elas fazem a transição entre nossa Floresta Atlântica e o Chaco, para onde estávamos nos dirigindo. A seguir, algumas imagens representativas desta memorável viagem de 2005/2006:

A Seguir - As cataratas ou quedas do Iguaçu são um dos mais conhecidos cartões postais do Brasil. Representam importante desnível dos patamares basálticos da Formação Serra Geral. O rio Iguaçu drena grande parte do território paranaense e o volume de suas águas varia consideravelmente: no verão, época em que por lá passamos, apresenta suas maiores vazões





Acima – Nos destaques, observam-se andorinhas, que nidificam junto às quedas, por vezes atrás das catadupas, encantando o visitante com seus voos rasantes


Adiante – Aspectos da floresta estacional semidecidual da bacia do rio Paraná, que reveste a maior parte do Parque Nacional do Iguaçu

Acima – Imensa quantidade de orquídeas Miltonia flavescens ocupa troncos e galhos das grandes árvores. Macacos-prego devoram seus pseudobulbos, sem que isso ocasione impacto considerável nessas numerosas populações


Acima – Os solos férteis derivados do basalto são o suporte da floresta estacional semidecidual da bacia do rio Paraná. Sua coloração é característica avermelhada, o que causa forte contraste com a mata verdejante
Notar as guaraívas (Cordyline spectabilis - família Asparagaceae), com suas lindas folhas longas e pendentes, que são elemento em comum com a mata de pinhais


Imensos madeiros se elevam retos, em meio a esta floresta valiosa. A farta quantidade de madeiras nobres de outrora motivou exploração desenfreada dessas florestas, levando-as à quase completa extinção



Acima – Peltophorum dubium (família Fabaceae) é elemento característico das SDTF da região, estendendo-se Chaco adentro. Na foto, as flores amarelas vistosas desta árvore, que se encontravam em seu apogeu, por ocasião da viagem


A Seguir – Algumas plantas importantes da floresta de Foz do Iguaçu


Acima – Taccarum sp. – família Araceae



Abaixo – Acanthostachys strobilacea – família Bromeliaceae: Planta característica das florestas estacionais do polo paranaense. Ocorre até SP e MG, em florestas secas



Acima – Campylocentrum sp. – família Orchidaceae: Esse gênero de curiosas plantinhas de crescimento monopodial acompanha as SDTF, adentrando o Chaco úmido, Argentina adentro


Acima - Os palmiteiros (Euterpe edulis – família Arecaceae) são elemento muito importante, nas florestas estacionais semideciduais da bacia do rio Paraná. Representaram, outrora, importante recursos florestal da região, tendo sido explorados à exaustão


Acima – Grandes populações de samambaiaçus (Cyathea delgadii – família Cyatheaceae) se desenvolvem nas clareiras naturais do Parque Nacional do Iguaçu


Acima – Nos alagados, às margens do rio Iguaçu, proliferam plantinhas palustres do gênero Rhodospatha (família Araceae), cujo verde profundo contrasta com as águas estagnadas de cor ferruginosa

Acima - Notáveis exemplares de Thaumatophyllum bipinnatifidum (família Araceae)são verdadeiras esculturas vivas, nos mais altos galhos das velhas árvores


Acima – Meu guia Marcelo posa ao lado de uma das árvores colossais da floresta estacional
Abaixo – o Autor-viajante Orlando Graeff, junto às simpáticas araras-canindé do Parque das Aves, belo projeto de conservação das aves nativas da região





Acima e Abaixo – A temível cascavel deu nome à cidade vizinha a Foz do Iguaçu (Cascavel – PR). Até encontrá-la, em meio à floresta densa do Parque Nacional, eu jamais poderia crer em sua presença, no interior de áreas úmidas. Elas seguramente representam ali um testemunho de épocas mais secas, em toda a região, em passado Quaternário




Cores da floresta


Abaixo - Vista geral de um braço morto do rio Iguaçu emoldurado por fragmentos da floresta estacional semidecidual da bacia do rio Paraná





Um comentário:

  1. Postagem muito interessante, Orlando. Fiquei curioso para conhecer esta região de Catamarca, após ter conhecido Peru e Bolívia. Um abraço, continue com o bom trabalho!

    ResponderExcluir