Vindo da região de Diamantina, na Cadeia do
Espinhaço, visitei o Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, próximo a Itacarambi,
na margem esquerda do rio São Francisco, em Minas Gerais, entre os dias 06 e 08
de agosto de 2014. Meu principal objetivo era conferir aspectos das florestas
deciduais, especialmente no que cerca a ecologia de árvores singulares, que são
características dessas matas secas de calcários. A principal delas era o
escultural embaré ou barriguda (Cavanillesia umbellata – família Malvaceae),
que vem desaparecendo da paisagem, de modo acelerado, principalmente em função
do desmatamento da floresta estacional decidual.
O Parque do Peruaçu ainda não conta com
Plano de Manejo e, portanto, sua visitação é limitada, priorizando o estudo de
seus notáveis atributos, dos quais o mais célebre diz respeito à grande
quantidade de cavernas calcárias ali existentes. Pinturas rupestres também
compõem o patrimônio desta unidade de conservação. No meu caso, a flora
razoavelmente bem conservada das matas caducifólias, que revestem as paisagens
cársticas do Peruaçu, representava atrativo principal.
Veja abaixo alguns instantâneos importantes
dessa visita, através das fotos obtidas:
Acima – As extensas
baixadas sedimentares, que cercam o rio São Francisco, na região do norte de
Minas Gerais, possuem solos muito férteis, tendo sido foco de grande destruição
de suas matas, para atividades agropecuárias. Da famosa Mata do Jaíba, restaram
apenas alguns de seus magníficos exemplares de aroeiras, gonçalo-alves e ipês,
além das soberbas barrigudas ou embarés (Cavanillesia umbellata), como a da
fotografia.
A Seguir – As mais
singulares florestas estacionais deciduais se refugiam hoje por sobre as
anfractuosidades das serras calcárias, onde as barrigudas e as
paineiras-barrigudas (Ceiba glaziovii – família Malvaceae)
contrastam com os demais elementos arbóreos e com a rocha acinzentada.
Acima – Paisagem rural, ao
redor de Itacarambi, onde resistem embarés e aroeiras (Myracrodruon urundeuva – Anacardiaceae), cujo porte
dá conta do que deve ter sido a lendária Mata do Jaíba.
Acima – Vista proximal de
uma serra calcária, no Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, onde abundam
cavernas, que vêm sendo intensamente pesquisadas pelos espeleólogos.
Acima – Aspecto interno da
floresta estacional decidual, em avançado estado de queda das folhas, durante o
inverno.
Abaixo – O mandacaru (Cereus
yamacaru) é a mais portentosa cactácea arbórea do Semiárido e penetra a
floresta estacional do Peruaçu. No interior dos vales calcários, a deciduidade
é menor, embora a flora pouco mude, de modo geral.
A Seguir – Antigos fluxos
de água escavaram a rocha calcária do vale do rio Peruaçu, originando amplas e
extensas cavernas, que têm sido investigadas pela ciência, enquanto aguardam
oportunidade de serem expostas à visitação.
Abaixo – A
paineira-barriguda (Ceiba glaziovii), tanto quanto o embaré, pode ser encontrada na
floresta decidual propriamente dita, onde se vê acompanhada por elementos da
caatinga, como a amburana (Amburana cearensis – Fabaceae).
Acima – Meu guia no Vale
do Peruaçu, Ademir Vassalo, posa ao
lado de um dos magníficos embarés do Parque Nacional, em meio à floresta
decidual.
Acima – Aspecto de um dos
cânions profundos do Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, em Minas Gerais
Acima – Modo como o embaré
ocorre, em meio à floresta estacional decidual do Vale do Peruaçu, próximo a
Itacarambi, no rio São Francisco
Acima – Fragmento de
vereda, no Vale do Peruaçu: Poucas veredas ainda restam, nessa região, que tem
sido intensamente degradada por atividades agropecuárias primitivas, onde o
fogo é o principal fator de destruição.
A Seguir – Palmeiras do
gênero Butia formam populações concentradas, nas bordas das veredas do
Peruaçu. Por fornecerem frutos comestíveis, terminam por ser preservadas pela
população rural, formando grupos notáveis na paisagem.
A
Seguir – Paisagens do Vale do Peruaçu, na região de Itacarambi, Minas gerais: O
rio São Francisco, ao fundo das florestas secas de calcário do Peruaçu...
...e
os afloramentos de calcário, com jardins de bromélias (Encholirium spp.) e
cactáceas (Pilosocereus pachycladus).