Nossa
viagem ao Sul do Brasil, entre dezembro de 2015 e janeiro de 2016, atravessou
as belas florestas litorâneas, desde o estado de São Paulo, até Santa Catarina,
passando pelo Paraná, onde visitamos a região de Guaraqueçaba, importante reserva de vegetações bem conservadas.
Tudo isso você pôde verificar na série de postagens que veiculamos aqui, no
blog das Expedições Fitogeográficas.
Também subimos
os aparados da Serra Geral, que são magníficas escarpas escavadas durante
milênios, nos basaltos de mais de cem milhões de anos, revisitando a região de Urubici, na Serra Catarinense, onde
visitamos a Cachoeira da Neve e seus xaxins gigantes.
No Rio
Grande do Sul, durante nossa permanência, pudemos ainda examinar mais algumas
paisagens relacionadas aos basaltos da Serra Geral, assim como as florestas
subtropicais que se lhes entremeiam. A seguir, algumas imagens desta seção da
expedição, acompanhadas dos comentários, que complementam as informações:
Acima – A época desta
expedição propiciou encontro com algumas orquídeas célebres, em flores, como a Cattleya
tigrina (=Cattleya leopoldii),
que habita as florestas mais baixas e quentes, dos vales dos rios centrais do
RS, ou a delicada Coppensia varicosa (=Oncidium
varicosum), fotografada na floresta subtropical do planalto da Serra
Gaúcha, em Caxias do Sul - Abaixo
A Seguir – Os principais
rios que cortam o planalto da Serra Gaúcha, tais como o rio Pelotas (que forma
o rio Uruguai), o Caí e seus tributários, assim como o belo rio das Antas, são encaixados em
profundas falhas no embasamento de basaltos da Formação Serra Geral. Sobre a
crista planáltica, dominam as florestas mistas de araucária e os campos de cima
da serra, num tipo de paisagem que chamamos de ARAUCARILÂNDIA, adotando a
denominação histórica do naturalista Frederico
Carlos Hoehne. Nas vertentes dissecadas e íngremes, vegetam florestas
subtropicais, onde as grandes coníferas desaparecem, por completo, até
chegar-se à margem desses rios, cercadas por florestas de certa tropicalidade.
Tudo isso foi detalhadamente discutido, em nosso livro FITOGEOGRAFIA DO BRASIL, UMA ATUALIZAÇÃO DE BASES E CONCEITOS
(Orlando Graeff, 2015 – NAU Editora)
A Seguir – O Cânion
do Palanquinho, próximo a Criuva, no interior de Caxias do Sul, é
exemplo característico de paisagem relacionada aos basaltos da Serra Geral,
exibindo os campos e florestas subtropicais, com araucárias (Araucaria
angustifolia – família Araucariaceae), em suas crista, e abrigando
florestas densas, dentro dos vales, onde a conífera brasileira somente aparece
de forma excepcional
Acima – Paredões íngremes
de rocha pura, no Cânion do Palanquinho, abrigam flora relíquia de tempos frios
e semiáridos, onde sobressaem gesneriáceas do gênero Sinningia, orquídeas Epidendrum
fulgens,
os mesmos que admiramos nas areias de Santa Catarina, com suas flores
alaranjadas, e grandes bromélias duras e espinhentas do gênero Dyckia
(grupo de Dyckia maritima)
Acima – Dependendo da
orientação cardeal da encosta, nos amplos vales desses rios serranos,
observam-se fragmentos de floras-relíquia semiáridas, como é o caso desta
ocorrência de populações da cactácea Cereus hildmannianus, no vale do rio
das Antas, próximo a Criuva, em Caxias do Sul
Abaixo - Um dos mais
importantes aspectos da paisagem da Serra Gaúcha é a presença histórica dos
imigrantes italianos, que chegaram há mais de um século e modificaram, desde
então, de forma irreversível, o quadro natural da região
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