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UMA VISITA À ILHA GRANDE – RIO DE JANEIRO – JUNHO DE 2017

No dia 25 de junho de 2017 , partimos Cledson Barboza , Maurício Verboonen e eu, no rumo da Ilha Grande, no litoral sul do Rio de Janeiro,...

sábado, 2 de março de 2013

RPPN JOÃO BASSO – CIDADE DE PEDRA DE RONDONÓPOLIS, NO MATO GROSSO


               A monumental formação geológica da Cidade de Pedra, próxima a Rondonópolis, no estado do Mato Grosso, foi visitada por duas vezes: A primeira, em junho de 2004, foi acompanhada pelos amigos Carlos Michelini e Rogério Salles; A segunda, em julho de 2007, contou com a presença de Maurício Verboonen, meu constante companheiro de expedições pelo Brasil, e do amigo Sérgio Basso. Esse admirável marco paisagístico se encontra protegido pela Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) João Basso, pertencente à Agropecuária Basso e congrega importantes remanescentes da natureza original desta região limítrofe ao Pantanal.


No médio vale do rio Vermelho, pouco abaixo da cidade de Rondonópolis, no portal do Pantanal Mato-Grossense, a borda do Planalto Brasileiro foi intensamente erodida pela água e pelos ventos de um passado semiárido.



 As inversões térmicas do inverno seco do Mato Grosso determinam paisagens matinais estonteantes, na Cidade de Pedra, cujas imensas colunas de arenito surgem em meio à bruma.



O tempo e o clima semiárido do Pleistoceno tardio operaram na escultura de uma paisagem singular, na borda ocidental do Planalto Brasileiro, último degrau, antes do Pantanal – Cidade de Pedra de Rondonópolis.



O ambiente muito drenado dos arenitos da Cidade de Pedra preservou elementos florísticos que, um dia, dominaram sob climas áridos, tais como essas bromeliáceas, que se refugiaram no microambiente similar ao de seu passado.



As águas que se infiltram entre as rochas se concentram no fundo dos vales, formando cachoeiras refrescantes e de grande beleza.





A proteção representada pelo labirinto de arenito da Cidade de Pedra já atraiu os ameríndios, que ali viveram, há mais de 10.000 anos e deixaram sua arte rupestre.

Abaixo - A Cidade de Pedra representa um dos mais reconhecidos sítios arqueológicos do Brasil e vem sendo estudada por pesquisadores, tendo embasado inúmeros trabalhos acadêmicos, mundo afora.



Adiante - Topografias ruiniformes escavadas no arenito da borda do Pantanal caracterizam a RPPN João Basso. Observando esta paisagem-relíquia, pode-se ter uma ideia de como as camadas geológicas foram sendo escavadas pelo tempo.



As magníficas formações de arenito revelam o ritmo variável dos fluxos de água e dos ventos do Pleistoceno – Somando-se às diferentes resistências dessas rochas, caracterizam a erosão diferencial.



Acima - A floresta estacional – Seasonally Dry Tropical Forest – recobre a base dos paredões, acompanhando manchas de solos pouco mais férteis da Cidade de Pedra.


Abaixo - Sob os imensos paredões rochosos de arenito, surgem espaçosas “casas de pedra”, escavadas por córregos cristalinos, onde medram florestas densas e biodiversas.




 Acima - A bromélia Billbergia cf. porteana  vegeta diretamente sobre a superfície dos paredões de rocha, parecendo adornar as pinturas, com mais de 10.000 anos, na Cidade de Pedra. Essa mesma planta ocorre também nos arenitos de Costa Rica, no Mato Grosso do Sul                                                                       ( ver - http://expedicaofitogeografica2012.blogspot.com.br/2012/07/uma-visita-costa-rica-no-mato-grosso-do.html )



 Acima - Parte do grupo de 2004, tendo nele Rogério Salles e Carlos Michelini, sobe ao cume de uma das incríveis formações de arenito da RPPN João Basso.


Essas formações ruiniformes da borda do Pantanal dão a impressão de terem sido feitas pelas mãos do homem, justificando o nome de Cidade de Pedra.


Apesar das grandes diferenças geológicas entre as duas regiões, a Cidade de Pedra da RPPN João Basso, em Rondonópolis, faz lembrar os arenitos de Vila Velha, em Ponta Grossa, no Paraná.


As camadas de sedimentos que, um dia, formaram a rocha de arenito, hoje profundamente erodida, podem ser observadas, coincidindo em altura, entre colunas e mesetas separadas. As diferenças entre os fluxos d’água que escavaram os imensos monumentos determinaram sulcos laminares, nas suas paredes.


 Cortes praticamente perfeitos, parecendo terem sido feitos por ciclópicas navalhas, são resultado de diáclases ou rachaduras verticais. Do lento e antigo processo, restam lâminas finas de arenito que, tocadas, se desmancham com facilidade.

Bela cachoeira que desce degraus de arenito, na Cidade de Pedra: Todas as suas águas correm               para o Pantanal.

Abaixo - A flora que se esconde no labirinto de gigantescas esculturas de arenito da Cidade de Pedra possui grande interesse para a ciência, revelando um complexo mosaico de elementos e tipologias de vegetação, desde cerrados a semiáridos: Kielmeyera sp. – família Clusiaceae.



A orquídea Cattleya nobilior era um dos elementos botânicos que procurávamos encontrar, na vegetação bem conservada da RPPN João Basso. Nesta imagem, um exemplar florido, em julho de 2007, sobre os galhos mais altos de um cajazeiro (Spondias mombin – família Anacardiaceae), na floresta estacional semidecidual, na base da Cidade de Pedra.



Acima - Cattleya nobilior pode ser encontrada em diversos ambientes da Cidade de Pedra, na RPPN João Basso, em Rondonópolis: Nas altas copas da floresta; no cerrado retorcido; e até diretamente fixada nas rochas. Nesta foto, um exemplar florescia na mata ciliar, em julho de 2007.

A Seguir - Outra orquidácea interessante da flora da RPPN João Basso é Cyrtopodium eugenii, espécie que cresce entre as rochas, em ambiente muito bem iluminado.




Acima - O ambiente bem iluminado dos campos rupestres da Cidade de Pedra, na RPPN João Basso, congrega relíquias botânicas de uma flora pleistocênica semiárida, tais como os pequenos cactos globulares: Discocactus heptacanthus.

A família botânica Melastomataceae é representada por espécies de notável potencial ornamental, tais como Macairea radula. - A Seguir



A Seguir - O ambiente xerofítico dos campos rupestres da Cidade de Pedra congrega espécies características do estrato arbustivo do Cerrado, como Cochlospermum regium, da família botânica Bixaceae, com vistosas flores amarelas.



Abaixo - Nos solos pouco mais profundos, em volta dos campos rupestres, surgem árvores bem mais altas, sendo algumas delas espécies muito afins daquelas dos cerrados e campos rupestres, formando florestas deciduais É o caso deste Cochlospermum orenocensis – Família Bixaceae.

Flores de uma espécie arbórea de Cochlospermum orenocensis– Família Bixaceae – da RPPN João Basso, em Rondonópolis, Mato Grosso. 





Abaixo - A natureza imita a arte: Tronco de liana retorcido, no interior da floresta estacional semidecidual.



No cerrado, as árvores desenvolvem troncos com as cascas fortemente suberificadas, com vistas a tolerar a intensa radiação solar e o ar seco. Em tempos holocênicos, esta adaptação tem servido para selecionar flora resistente ao fogo – Flora pirófita.


  
Abaixo - Parkia platycephala (Fabaceae) é uma árvore característica das áreas de transição entre Cerrado e Caatinga e representa mais um elemento indicativo de passado semiárido da RPPN João Basso, em Rondonópolis, no Mato Grosso.



Maurício Verboonen examina uma população de orquídeas (Epidendrum sp.)

3 comentários:

  1. Olá Orlando! Muito enriquecedores seus relatos do blog. Sou pesquisadora e estou trabalhando com filogeografia de uma espécie de Pitcairnia. Fiquei bastante interessada em visitar a RPPN João Basso, porque acredito que esta espécie que trabalho possa ocorrer lá. Você viu alguma Pitcairnia na sua expedição no João Basso ou arredores? Estou precisando de algum contato de um responsável pela RPPN, mas não encontro nada na internet. Você teria um contato para me passar? Obrigada!

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    1. Por favor, Bárbara, forneça seu email, para que eu possa tentar ajudar. Creio que não haverá problemas.

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    2. Prezado Orlando Graeff

      Sou Genivaldo Alves da Silva, micólogo, doutorando em Porto Alegre e tenho interesse pela região de Rondonópolis e a RPPN descrita por você parece incrível.
      Tenho a mesma dificuldade da Bárbara, não consegui contato dos proprietários. Poderia me dizer quem contatar?

      Obrigado

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