Cachoeira da Casca
D’Anta – símbolo da Serra da Canastra
A Serra da Canastra
já se transformou em destino usual, depois de tantos anos desde que a conheci
(veja as postagens anteriores: https://expedicaofitogeografica2012.blogspot.com/2013/01/serra-da-canastra-laboratorio-de-campos.html ; https://expedicaofitogeografica2012.blogspot.com/2016/02/serra-da-canastra-fevereiro-de-2016-em.html ), não tendo sido à toa que este magnífico
afloramento de quartzitos do Arco da Canastra e Brasília ajudou a fundamentar
diversas seções de nosso livro – FITOGEOGRAFIA
DO BRASIL (NAU Editora, 2015) – principalmente no que diz
respeito às origens dos campos e às vegetações de campos rupestres.
Desta vez, mais uma vez a caminho do Mato Grosso, realizei uma
digressão à Serra da Canastra, onde me encontrei com Elossandro Coelho, que de guia profissional se transformou em
grande amigo e companheiro nas excursões pela região. Durante dois dias,
vasculhamos diversos locais, entre muitos velhos conhecidos e outros ainda
novidades, em busca de imagens e informações sobre a natureza canastrense.
Confira a seguir as fotos comentadas e faça mais um passeio
conosco pela Serra da Canastra:
Abaixo: A primeira
seção da passagem pela Serra da Canastra se deu pela sua base, na vertente
sudoeste do maciço principal, onde está situada a cachoeira da Casca D’Anta,
famoso postal da região. Ali, o recém-nascido rio São Francisco despenca do
chapadão, para seguir viagem até sua foz, no Nordeste
A seguir – Nessa
região mais baixa, situada entre os 900 e os 1.000m, a flora é marcada por
espécies mescladas entre a Floresta Atlântica e o Cerrado, sendo a
sucupira-preta (Bowdichia virgilioides – família Fabaceae) árvore importante e
que, em nossa passagem, apresentava-se em exuberante florescimento
Acima – O abraço das
árvores da Serra da Canastra
Acima – Sacoila
lanceolata (família Orchidaceae)
A seguir: Panoramas
cativantes da Serra da Canastra
Acima – Paisagem
rural, com o guapuruvú (Schizolobium parahyba – família
Fabaceae) na sede de uma fazenda e o chapadão do Parque Nacional da Serra da
Canastra ao fundo
Acima – Altaneiro
exemplar de macaúba (Acrocomia aculeata – família Arecaceae)
sustentando ninhos pendentes de japús (Psarocolius decumanus – família
Icteridae) nas folhas
Acima – Na floresta
semidecidual, a linda Ouratea castaneifolia (família
Ochnaceae), que já havíamos avistado no topo do Chapadão da Babilônia (ver
postagem https://expedicaofitogeografica2012.blogspot.com/2013/01/serra-da-canastra-laboratorio-de-campos.html ), em meio aos campos
rupestres. A planta atrai muitas abelhas nativas
Acima – Em meio à
floresta ciliar, observamos Justicia riparia (família
Acanthaceae), muito comum nas florestas estacionais de altitude de Minas Gerais
Acima – Grandes
exemplares de palmiteiros (Euterpe edulis – família Arecaceae)
despontam no dossel da floresta estacional semidecidual ciliar da Casca D’Anta
Acima – Vista
proximal do salto da Casca D’Anta. Acima dela, as nascentes do rio São
Francisco, no Parque Nacional da Serra da Canastra
A seguir: Após a
visita à cachoeira da Casca D’Anta, subimos o Chapadão
da Babilônia, uma linha de cumeada paralela àquela do Parque
Nacional da Serra da Canastra e ainda hoje em mãos de particulares, que lá
conduzem pecuária tradicional. O fogo muito insistente tem ajudado a manter a
paisagem de extrema pobreza fisionômica, embora capões de matas bem conservadas
ainda existam
Adiante: Do cascalho
quartzítico calcinado pelos incêndios repetitivos ainda emergem belas flores e
plantas
Acima – Bromelia sp.
(família Bromeliaceae)
Acima – Espécie comum
de fabácea (leguminosa) após as queimadas
A seguir: Na faixa
altitudinal dos 1.300m, surgem capões de floresta, nos quais ainda se observa
vegetação bem conservada de floresta estacional semidecidual de altitude, com
notáveis elementos florísticos
Acima – Sobre um
fragmento de rocha preservada, em meio à floresta densa, uma população de
bromélias do gênero Billbergia
Acima – Palmeirinha
típica dos sub-bosques da floresta atlântica de altitude da Serra do Mar
aparece também na Canastra: Geonoma schottiana (família
Arecaceae)
Acima – Philodendron
cf. appendiculatum
é a arácea mais importante nessas florestas encravadas na paisagem campestre da
Babilônia
Acima – Num terço
inferior de tronco da floresta, a micro-orquídea Lankesterella cf. ceracifolia,
planta delicada e exigente
A seguir: Afloramentos
de rochas de quartzito, na cumeada do Chapadão da Babilônia e da Canastra
revelam claramente a direção dos mergulhos clinais do velho embasamento.
Antigas dobras da rocha metamórfica, formada pela gigantesca pressão das rochas
ígneas subjacentes, que ascendiam com força descomunal, foram posteriormente
decompostas pela erosão milenar, que hoje exibe a direção das ondas de energia
de um passado de mais de 500 milhões de anos
Acima – Delicadas e
vistosas Gaylussacia brasiliensis se abrigam nas frestas formadas entre
as camadas de quartzito decomposto
Acimas – Detalhe de Gaylussacia
brasiliensis (família Ericaceae)
Acima – Por entre as
arestas laminares do quartzito da Serra da Babilônia, também se abrigam outras
plantas que procuram escapar ao fogo destruidor, ateado insistentemente aos
campos da região: a cactácea colunar Pilosocereus machrisii, já rara na
região da Canastra
Adiante: No segundo
dia desta recente visita, dedicamos nosso tempo a reexaminar o altiplano da
Serra da Canastra, na área do Parque Nacional, onde também são marcantes os
afloramentos avançadamente arruinados de quartzito, onde vegetam algumas
espécies características dos campos rupestres
Acima – A bromélia Dyckia
minarum se esconde nas partes mais isoladas da rocha, onde o fogo não
chega a atingi-la diretamente
Acima e abaixo – Vriesea sanfranciscana (família
Bromeliaceae) é planta endêmica restrita ao maciço. Parece ter se adaptado bem,
tanto à passagem contumaz do fogo, quanto à visível predação por parte de algum
herbívoro, como mostram suas folhas invariavelmente tisnadas pelas chamas e
semidevoradas. Mesmo assim, floresce normalmente nesses afloramentos do topo da
Canastra. Nessa época, suas flores estavam passadas
Acima – Nos campos
limpos, que dominam áreas de solos rasos, sobre quartzitos fragmentados, surgem
lindas surpresas, tais como a eriocaulácea Paepalanthus canastrensis, que
também é planta restrita ao maciço da Serra da Canastra.
Abaixo – Detalhe de Paepalanthus
canastrensis
A seguir: Os cenários
da Serra da Canastra são mesmo estonteantes, lançando vistas de grande
profundidade, nas quais os campos limpos são o pano principal da paisagem,
entremeados por capões ou agrupamentos de arvoretas cinéreas, como as candeias
(Eremanthus
spp. – família Asteraceae)
Abaixo – Em meio à
macega densa dos campos sobre rochas (que são a natureza dessa vegetação limpa
da Canastra), despontam flores vistosas de velosiáceas violeta
Acima – Vellozia
intermedia (família Velloziaceae), numa área recentemente queimada dos
campos limpos da Serra da Canastra
Acima – Lindas flores
emergem apressadas, dos restos calcinados dos incêndios campestres da Serra da
Canastra – Lippia cf. lasiocalycina da família Verbenaceae
Acima – Trimezia
juncifolia (família Iridaceae)
Acima – Curioso ornamento
ao redor de uma jovem eriocaulácea da Serra da Canastra, provavelmente formado
por atividades de formigas
A seguir – A presença
de meu amigo Elossandro Coelho, da Caminhos da Canastra, despertou os
ingredientes ornitológicos da expedição, tendo sido fotografadas algumas aves:
Acima – Ariramba-de-cauda-ruiva
(Galbula
ruficauda – família Galbulidae), na floresta da base da Casca D’Anta
foto - Elossandro Coelho
Acima – O célebre e
raro galito (Alectrurus tricolor – família Tyrannidae) interpreta incríveis
exibições territoriais-nupciais, na Serra da Canastra
Acima e abaixo –
Pudemos ficar relativamente próximos de uma forma juvenil da portentosa
águia-serrana (antes conhecida como águia-chilena – Geranoaetus melanoleucus –
família Accipitridae)
Acima e abaixo – O raríssimo
e ameaçado inhambu-carapé (Taoniscus nanus – família Tinamidae),
avezinha minúscula e arisca, que somente nos foi dado observar por imensa sorte
Acima – Elossandro Coelho,
da agência Caminhos da Canastra: guia confiável e experiente na Serra da
Canastra, além de um grande amigo. Conhecedor da geografia e especialmente das
orquídeas e das aves da região
Abaixo - Orlando Graeff – autor do blog – examinando a vegetação de campos da
Canastra, num trecho bem conservado.
Acima – O trabalho
prazeroso na Serra da Canastra
Obrigado por compartilhar suas viagens e as belezas cênicas do Nosso País.
ResponderExcluirSensacional, ganharam na Mega-Sena vendo esse Taoniscus
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