No final de abril de 2013, parti mais uma
vez, no rumo do Sul do Brasil, desta vez, a caminho da Região das Araucárias e
Vale do rio Uruguai. O objetivo principal era o de conferir alguns aspectos
relacionados às florestas subtropicais de araucárias, entre o Paraná e o Rio
Grande do Sul. Também voltaria a atravessar a Pampa, onde estivera, meses
antes, por ocasião dos estudos sobre os Campos Sulinos. Além disso, visitaria
as florestas estacionais da bacia do rio Paraná, que se estendem curiosamente
sobre parte do Planalto Médio do Rio Grande do Sul.
No caminho, atravessei de cheio o famoso
Vale do Ribeira, que compreende uma ampla depressão litorânea, entre os estados
de São Paulo e Paraná, centralizada pelo rio que lhe empresta o nome: o rio
Ribeira do Iguape, ou simplesmente Ribeira. Duas formações florestais
significativas se interpunham em meu caminho: As florestas inundáveis do
litoral, nas quais sobressai a caixeta (Tabebuia cassinoides – família Bignoniaceae);
e as florestas tropicais pluviais de encosta (floresta ombrófila densa), que
revestem a zona planáltica da barra do rio Turvo, em Barra do Turvo.
As florestas inundáveis do litoral possuem
florística própria, abrigando uma imensa profusão de epífitas, que encontram
ambiente propício, em função do caráter quase homogêneo do arvoredo, que
permite forte penetração dos raios solares. Medram onde o solo se encontra
saturado pela umidade, poucos metros acima do nível do mar, porém, longe da
influência direta das marés.
As florestas densas de encosta recobrem uma
zona planáltica intermediária, entre a baixada litorânea do sul de São Paulo e
o planalto das araucárias, no Paraná. O aspecto mais notável das matas de Barra
do Turvo, que vegetam na faixa dos 700m, é a presença de extensos ecossistemas
parcialmente alagáveis entremeados a morrarias convexas. Pouco restou, no
Brasil, das matas que, um dia, cobriram as baixadas saturadas de umidade –
terraços fluviais – que foram devastadas pela agropecuária e pela expansão das
áreas urbanas. Ali, no sul de São Paulo, ainda se podem contemplar esplêndidos
fragmentos dessas ricas vegetações.
A Seguir: Imagens que
mostram a floresta inundável do litoral, na região de Registro, em São Paulo.
Dominam caixetas (Tabebuia cassionoides – família Bignoniaceae), sobre as quais
crescem miríades de orquídeas e bromélias
Acima: Imagem aproximada
que mostra lindas inflorescências da orquídea Coppensia flexuosa, que
crescem entremeadas a bromélias Vriesea philippocoburgii, uma das
plantas que dominam o ambiente epífita
Acima: Aechmea
nudicaulis é outra bromeliácea excepcionalmente numerosa, nas matas de
caixeta
A Seguir: Florestas densas
recobrem a zona planáltica intermediária, aos 700m de altitude, na região da
Barra do Turvo. Trechos semi-alagáveis comportam populações densas de
palmeiras-jerivás (Syagrus romanzoffiana), além de árvores cobertas de bromélias e
orquídeas
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