A expedição pela Patagônia Argentina e Chile chegou a seu
ponto mais austral, quando chegamos a Esquel,
em território argentino, de onde atingiríamos a Parque Nacional
Los Alerces, situado às margens do Lago Futalaufquen, no
Distrito das Selvas Temperadas, nas quais o frio exerce influência bem
determinante. Nosso principal objetivo, nesta visita, era encontrar e
contemplar de perto os lendários e milenares alerces (Fitzroya cupressoides –
família Cupressaceae), que são alguns dos seres vivos mais velhos do nosso
planeta.
Os alerces são árvores agigantadas, pertencentes à mesma
família de coníferas em que estão os ciprestes-da-cordilheira (Austrocedrus
chilensis) e os ciprestes-das-guaitecas (Pilgerodendron uviferum),
que costumam dividir espaço com essas árvores milenares. Fornecendo bela
madeira, com tonalidades entre o amarelado-castanho e o rosado, os alerces
foram massivamente explorados, dos dois lados dos Andes, até quase a extinção.
Não se tinha ideia de sua antiguidade, até que os cientistas descobriram que
seu crescimento era extremamente lento, acumulando apenas entre 0,8mm e 1,2mm
por ano, o que fazia algumas dessas belas árvores remontarem a mais de 3.000
anos.
Hoje, são árvores protegidas e dividem com as sequoias, suas
parentes próximas norte-americanas, o posto de seres vivos mais longevos da
Terra, embora não atinjam o porte monumental daquelas. Não havíamos tido sucesso,
em nossas investidas atrás dos alerces, em solo chileno. Agora, na margem mais
distante do Lago Menendez, fazíamos nossa derradeira tentativa de nos aproximar
deles, exatamente no Parque Nacional Los Alerces.
O Parque Nacional Los Alerces fica situado na vertente
argentina dos Andes, muito próximo a Esquel, numa altitude inicial de seus
520m, onde estão situados os lagos Futalaufquen e Menendez, que circundamos,
até uma rápida embarcação, que nos levou até a reserva de alerces, na
extremidade mais ocidental do segundo. Fiquem com os comentários sobre esta
bela excursão e sobre a natureza de Esquel, nas imagens a seguir:
Abaixo – O alerce (Fitzroya cupressoides) é um dos
seres vivos mais velhos do planeta. Por seu porte e pela qualidade de sua
madeira, esteve à beira da extinção, sendo hoje protegido, no Parque Nacional
Los Alerces
A Seguir – Belas enseadas e paisagens paradisíacas atraem turistas
para o Parque Los Alerces, durante o verão austral, que dura pouco. Os lagos Futalaufquen e Menendez, principais pontos turísticos de Esquel, são inteiramente
circundados por picos nevados e glaciares, que tornam a paisagem única
Abaixo – Durante a navegação do Lago Menendez, é possível apreciar
o Glaciar
Torrecillas, que mostra perfeitamente a geomorfologia dos vales
formados por geleiras, com seu formato em U
e a formação de um imenso cone de dejeção, ao pé do glaciar, que tem aspecto de
moraina. Embora muito pequeno e visivelmente em retração, por conta do
aquecimento do clima geral, este glaciar permite uma excelente interpretação do
fenômeno das geleiras e como elas trabalham o relevo.
Adiante – Aspectos do rio
Arrayanes, que interliga alguns dos diversos lagos do Parque Los Alerces,
com suas águas límpidas, circundado pela densa floresta temperada, na qual se
abrigam fagáceas e coníferas, entre elas os alerces.
A Seguir – Por entre túneis de bambus nativos (Chusquea sp.), atinge-se
a mais esplêndida população de alerces do Parque. Praticamente só existem
exemplares velhos e portentosos, quase inexistindo plantas jovens dessa
espécie, o que faz pensar em condições pretéritas que favoreceram a conífera,
talvez pelo meio do Holoceno, até alguns milhares de anos atrás.
Acima – Pedaços de madeira de alerce, raramente vista, pela sua raridade.
Estes fragmentos eram provenientes de um velho alerce, que tombara sobre a
trilha, sendo cortado pelos funcionários do Parque
Acima – Orlando Graeff
posando ao lado de um velho exemplar de Fitzroya cupressoides
Abaixo –Águas límpidas do Lago Menendez, próximo aos alerces
Belíssimo parque e paisagens de tirar o fôlego, literalmente.
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