Depois da visita ao Sul do Chile (ver postagens anteriores),
durante a expedição de janeiro de 2008, começamos a retornar à Argentina,
retornando pelo eixo que liga Osorno
a Bariloche, através da Cordilheira
dos Andes. Atravessamos a barreira andina por paisagens altomontanas, da ordem
de 1.200m, por entre florestas muito características, dominadas por fagáceas
típicas de grandes altitudes, que ainda exibiam, no alto verão, pequenos
fragmentos de neves, acumuladas nos meses mais frios.
Essas florestas de grande altitude apresentam predomínio de espécies
decíduas (que perdem suas folhas, durante os meses mais frios), bem
adaptadas à neve. Mas, curiosamente, ainda subsistem grandes populações de
fagáceas (especialmente) com folhas persistentes, o que parece demonstrar
adaptação recente, em tempo geológico. Lembremos que a Cordilheira dos Andes é
relativamente recente, ao menos em termos geológicos e evolutivos, remontando
cerca de cem milhões de anos, desde o início de seu soerguimento.
Porém, este tempo geológico foi suficiente para consagrar o
surgimento e consolidação de algumas dessas fagáceas (gênero Nothofagus)
com forte deciduidade. Na nossa passagem essas belas árvores se encontravam
verdes, com aspecto pujante. Mas, no outono, algumas dessas populações de
árvores se mostram tingidas de vermelho, perdendo depois suas folhas, tal como
ocorre nas áreas temperadas da Europa e América do Norte.
Grandes lagos, situados em cotas diferentes entre si, como é
típico dos Andes, marcam a paisagem deslumbrante deste trecho. Chegamos até a
charmosa cidade de Villa La Angostura, na margem do
imenso Lago
Nahuel Huapi, que se estende da base dos Andes, até a cidade
turística de Bariloche, mais a leste e na antessala do Planalto Central da
Argentina. Villa La Angostura está na cota dos 800m e representa importante polo turístico argentino, assim como
San Martin de Los Andes, que visitáramos ao início da jornada, mais ao norte
(ver postagem).
Villa La Angostura é uma daquelas joias turísticas, que
fazem lembrar algo entre o estilo alpino europeu e as pequenas cidades das
Montanhas Rochosas, nos USA. Guarda marcas de interessantes movimentos
arquitetônicos do meio do Século XX, num clima bastante bucólico. Alguns anos
depois de nossa passagem pelo local, Villa La Angostura foi quase arrasada
pelas cinzas do Vulcão Puyehue, no Chile, em junho de
2011.
Veja a seguir a galeria de imagens sobre este trecho da
expedição de 2008:
A Seguir – Esplêndidos cenários andinos marcam a passagem entre o
Chile e a Argentina, com as célebres neves eternas, nos altos cumes da
Cordilheira e os imensos lagos azuis
Adiante - Aspectos das florestas altomontanas da Cordilheira, com
populações agrupadas de algumas importantes fagáceas, como Nothofagus betuloides, N. pumilio,
N.
Antarctica e N. nervosa
Acima – Depois da
violenta erupção do Vulcão Puyehue (Chile), em junho de 2011, essas florestas
de altitude foram severamente impactadas pela chuva de cinzas, que cobriu
vastamente a região (foto – Blog Tia Hello - internet)
Adiante – Paisagens das cercanias de Villa La Angostura, na
Argentina, à margem do Lago Nahuel Huapi, com densas florestas de coíhues
(Nothofagus
dombeyi), uma das mais notáveis árvores da família Fagaceae
A Seguir – Belo exemplo
da arquitetura de Villa La Angostura: Capilla (capela) Virgen de La Asuncion,
toda em madeira nativa e pedra, de autoria do Arquiteto Alejandro Bustillo, construída
em 1936
Acima – Imagem do Vulcão Puyehue em
erupção, em junho de 2011, tomada de San Martin de Los Andes, que quase
destruiu Villa La Angostura (Abaixo),
com as chuvas de cinzas. A primeira delas durou 12 horas e precipitou cinzas e
pedra pome, fazendo ruir edificações (imagens da Agência Reutters – internet)
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