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domingo, 7 de agosto de 2016

PARQUE NACIONAL LOS ARRAYANES – VILLA LA ANGOSTURA – ARGENTINA – 2008

Baseado em Villa La Angostura, na margem do Lago Nahuel Huapi, Patagônia Argentina (ver postagem anterior), saí para uma caminhada solitária de cerca de 12km pela selva andino-patagônica, em janeiro de 2008. Essa longa e proveitosa excursão, partindo do pequeno vilarejo, atravessou a Península de Quetrihué, que avança sobre o imenso Nahuel Huapi e abriga o Parque Nacional Los Arrayanes. Esse nome curioso se deve a uma notável população dessa árvore patagônica – arrayán (Luma apiculata – família Myrtaceae) – que existe na extremidade da Península de Quetrihué.

Os arrayanes são árvores encontradiças, ao largo das florestas andino-patagônicas, tanto na Argentina quanto no Chile, principalmente em terras mais baixas e próximo aos grandes lagos andinos. Contudo, são consideradas plantas relativamente raras e, nesta península, existe uma grande quantidade dessas belas árvores, formando populações quase puras, em determinados trechos. Trata-se de algo pouco comum e, por isso, os argentinos resolveram criar-lhes uma unidade de conservação, para abrigá-las e estudá-las.

Uma extensa trilha atravessa a Península, partindo de Villa La Angostura, atravessando florestas extremamente bem conservadas, embora grande parte seja remanescente de antiga exploração madeirífera. Formam uma completa coleção de árvores andino-patagônicas, sendo fácil observar os soberbos coigues (Nothofagus dombeyi – Fagaceaea), que são as mais monumentais de seu gênero; os ciprestes-da-cordilheira (Austrocedrus chilensis) e os ciprés-de-las-Guaitecas (Pilgerodendron uviferum), ambos da família Cupressaceae; os frondosos maiténs (Maytenus boaria – família Celastraceae); além de inúmeras outras espécies de fagáceas da cordilheira; e, como seria de esperar, os arrayanes, com seus troncos extremamente decorativos.

As fotografias a seguir poderão levar-nos a reviver este cansativo, mas proveitoso caminho, entre as árvores da Península de Quetrihué:

Abaixo – Troncos de arrayanes (Luma apiculata – família Myrtaceae) muito idosos, no Parque Nacional Los Arrayanes: seu aspecto decorativo e sua relativa raridade justificaram a criação da unidades de conservação


A Seguir – Aspectos da floresta andino-patagônica do Parque, que se apresenta muito bem conservada, embora mostre sinais de já ter sido intensamente explorada para a produção de madeira




Acima – As coníferas Pilgerodendron uviferum e Austrocedrus chilensis ocorrem lado a lado, nas florestas do Parque

A Seguir – A vista da Cordilheira dos Andes é paisagem constante, no plano de fundo do Parque Nacional Los Arrayanes, exibindo muitos cumes ainda cobertos de neve, mesmo no alto verão




Acima – Uma corujinha-caburé-grande (Glaucidium nanum) me observou atenta, acima da trilha, enquanto eu avançava pelos cerca de 12km de matas densas

Adiante – O grande Lago Nahuel Huapi propicia vistas estonteantes, com os Andes ao fundo, ao longo da trilha. Meu retorno se deu por ele, usando o barco que faz a travessia até a sede do Parque Nacional Los Arrayanes





Acima e Abaixo – O maitén (Maytenus boaria – família Celastraceae) é um dos gigantes da floresta andino-patagônica


A Seguir – Os arrayanes possuem troncos de coloração vistosa, que ressalta pelo típico desprendimento de camadas superficiais da casca, emprestando-lhe aspecto multitonal. Essas árvores se multiplicam intensamente através de raízes gemíferas, que originam novos exemplares, próximos à árvore-mãe, que se individualizam e formam florestas quase puras, próximo à extremidade da Península de Quetrihué




Acima – Flores de arrayán

A Seguir - A Laguna Patagua fica inserida em meio à Península de Quetrihué



Adiante – Passarelas cuidadosamente dispostas permitem aos visitantes se aproximarem dos grupos de arrayanes, sem lhes causar maiores danos




Abaixo – Uma curiosidade: uma orquídea terrestre nasceu e vegetava, numa fresta do tronco de um grande arrayán. Talvez assim tenha se dado, ao longo do Terciário, a lenta subida das plantas epífitas, especialmente orquídeas e bromélias, para a ocupação dos estratos superiores da vegetação arbórea. O acaso e as oportunidades indicam o interminável caminho da evolução





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