Partindo de Ubajara e atravessando diversas
pequenas cidades serranas, todas na faixa dos 900m de altitude, prossegui em
meu caminho pela Serra do Ibiapaba, no dia 03 de maio. A floresta já quase
desapareceu, nessas localidades, embora ainda se percebam seus principais
elementos, além duma paisagem pujante e fértil, até que se desce à depressão
central cearense, na localidade de Ipu, famosa por suas cachoeiras. O contraste
é verdadeiramente grande, neste ponto, quando se passa daquelas altitudes,
incomuns no Nordeste, para meros 250m, na base da chapada. Sob temperaturas
elevadas e paisagem uniforme de caatingas degradadas, completei meu percurso
até a cidade de Crateús, cerca de 200km ao sul de Ubajara.
Contatos com a Associação Caatinga (WWW.acaatinga.org.br),
uma entidade sem fins lucrativos, dedicada à conservação do bioma semiárido, me
proporcionaram uma visita detalhada à Reserva
Particular do Patrimônio Natural da Serra das Almas, situada algo em torno
de 40km a oeste de Crateús. O Geógrafo Ewerton
Torres Melo, que me recebeu em
Crateús, na sede regional da Associação Caatinga, providenciou para que eu
recebesse toda atenção necessária na RPPN da Serra das Almas, no que somente
poderei ser grato e elogioso, no que diz respeito ao trabalho da entidade,
naquelas paragens.
A RPPN da Serra das Almas conserva uma área
representativa de vegetações relacionadas à Caatinga, o que me proporcionou proveitosa
interpretação de formações admiravelmente bem conservadas daquilo que chamam de
carrascos, em muito similares àqueles
que observara na Serra da Capivara, no Piauí, pelo menos no que se refere à sua
fisionomia. As floras de ambas são bastante diferentes, sugerindo, contudo,
similaridade em nível de famílias e, muito provavelmente, de gênero, mostrando
ambientes convergentes. Em algumas imagens, a seguir, podem ser vistos aspectos
marcantes da vegetação da Caatinga Cearense.
Fotos a Seguir: De Crateús, na faixa dos 300m de altitude, até a RPPN da Serra das Almas, entre
600m e 700m, sobe-se novamente uma disjunção da Serra de Ibiapaba, que separa
os estados do Ceará e Piauí, no rumo oeste. Notáveis arenitos, com traços de
origens evidentemente áridas, formam morros tabulares, a leste, desdobrando-se
de forma mais suave, na direção do Piauí, tal como ocorre em Ubajara.
Abaixo: A fase é de início
de queda de folhas (maio), na Caatinga Cearense, o que não impede o surgimento
de lindas flores de uma Ipomea sp.
A Seguir: Em face desta
imagem, obtida no interior da área da RPPN da Serra das Almas, somente posso
sugerir que se faça uma nova visita à postagem sobre a Serra da Capivara, no Piauí, de forma a comparar a grande semelhança
entre as fisionomias de ambas as vegetações. Suas floras, no entanto, são
visivelmente diferentes.
Adiante: Algumas imagens
da caatinga de lajeiros, que são as fácies
rupestres da Caatinga. Possuem flora própria, com grande número de cactáceas,
bromeliáceas e alguns outros elementos extremamente xerófilos (exclusivos de
ambientes extremamente secos). Há sinais de endemismos significativos, ou seja,
de que algumas dessas plantas, embora sugiram semelhança com aquelas de outras
caatingas visitadas, se tratam mesmo de espécies restritas à Ibiapaba.
Acima - O
Guarda-Parque Jonas Átila de Souza, que me guiou pela RPPN da Serra das Almas, em
meio à vegetação dos lajeiros da
Caatinga.
Abaixo - A bromélia Bromelia cf. karatas é elemento de grande importância, tanto nos carrascos, quanto em meio às matas ciliares da Serra das Almas.
Abaixo: Admirável vista,
tomada do altiplano da Serra das Almas, sobre a extensa depressão central do
Ceará; Os mocós, pequenos roedores característicos da Caatinga, habitam os
afloramentos rochosos e nunca deixam de estar atentos aos nossos passos.
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