Não se pode evitar impressão profunda, ao
se atravessar a região central da Caatinga do Ceará, em meio à mais severa seca
dos últimos anos. Segundo a imprensa cearense, que não cessava de comentar este
evento climático, nada igual havia se verificado, desde quase cinquenta anos.
Foram cerca de 400km, em meio à mais típica região da Caatinga, na Depressão
Sertaneja Norte, até chegar a Juazeiro do Norte, vindo de Crateús, de onde
parti, na manhã do dia 05 de maio.
As imagens que apresento a seguir, assim
como seus comentários, explicam um pouco dos contrastes que contemplei, ao
cruzar a core-área da Caatinga, como
chamava o grande Geógrafo Aziz Ab’Sáber: O coração do bioma, região na
qual se encontram as mais expressivas vegetações do Semiárido Nordestino:
Nas fotos a seguir: Evitei
os lugares-comuns de imagens cruentas dos efeitos da seca, uma vez que elas já
abundam, nas emissoras de TV e revistas. A Expedição
Fitogeográfica 2012 possuía objetivos afetos às vegetações, não possuindo
eu a necessária competência para me dedicar aos efeitos sociais da seca. Mesmo
assim, não deixei de registrar algo que pensei importante para meus objetivos:
O contraste entre a situação das roças de milho, assim como das pastagens, com
a vegetação nativa da Caatinga.
As
árvores da Caatinga permanecem verdes e apenas seguem seu ritmo usual de perda
de folhas, como em tantos outros anos, mostrando que, na verdade, o homem não
conseguiu entender apropriadamente os processos que tomam lugar, há tantos
milhares de anos, no ambiente nativo.
um dos últimos açudes ainda com o restante de suas águas
Próximo
aos limites sul da imensa depressão central da Caatinga Cearense, a vegetação
mudava de cor, tornando-se mais verde, do vale do rio Jaguaribe em diante. Nas
vertentes voltadas ao sul ou nas regiões mais elevadas, surgia até mesmo uma
caatinga-arbórea com índole florestal.
Adiante: Próximo à
vertente da Chapada do Araripe, onde as altitudes saltam dos 300-400m para até
900m, voltei a ver palmeiras, especialmente uma espécie de Syagrus e a escultural Acrocomia
intumescens,
cujo tronco se torna espesso, a meio-fuste.
Abaixo: Uma espécie de Parkia
(Parkia
cf. platycephala)
representa uma das mais importantes árvores da floresta seca que reveste a
Chapada do Araripe. Muito se tem discutido sobre a natureza dessas belas matas,
protegidas pela Floresta Nacional do
Araripe, mas elas seguramente não rivalizam com aquelas que visitara em
Ubajara, em altitudes semelhantes.
Adiante: Algumas imagens
da floresta seca da Chapada do Araripe, em suas diversas fácies. Epífitas são praticamente
raras, na região do Crato e Juazeiro do Norte, resumindo-se a alguns exemplares
de orquídeas do gênero Catasetum e bromélias dos gêneros Tillandsia
e Aechmea
(Aechmea
bromeliifolia).
Acima: Por mais que a seca
tente, não consegue anular por completo as cores da natureza.
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