Baseados em Pucón,
na margem do grande Lago Villarrica,
região das araucárias, no Chile, partimos para investigar um pouco da natureza
das encostas do célebre Vulcão Villarrica, que se ergue na
paisagem acima dos 2.800m, cobrindo-se de eternas neves e, como foi o caso,
nesta viagem, usualmente escondendo-se entre as nuvens. O papel dos vulcões, na
fitogeografia, é muito importante na cadeia andina, embora não estejamos
habituados a este tipo de paisagem, no Brasil, onde inexistem. Nossa passagem
pela região seria um tanto curta, o que não nos impediu de registrar alguns
aspectos interessantes de sua flora e de sua paisagem mágica.
Através de estradas bem conservadas, atingimos a faixa de
altitudes da ordem de 1.100m, o que nos reservava ambiente bastante diferente
daquele de Pucón, que se encontra a cerca de 220m (veja imagem-satélite, ao final da galeria). Destituídas das neves
invernais, as paisagens da encosta do Villarrica exibiam notáveis sinais da
atividade vulcânica passada e também de sua forte estacionalidade climática. As
erupções do Villarrica, a despeito de seu estado de dormência relativa,
deixaram marcas determinantes na geomorfologia e na paisagem botânica local.
Veja a seguir alguns desses aspectos marcantes, na galeria
de imagens que apresentamos:
Abaixo - O cume do Vulcão
Villarrica, onde está situada sua cratera, permanecia semivelado pelas
nuvens, durante nossa visita, o que não tirava sua imponência, permitindo
divisar as neves eternas, que escorriam como glacê de um doce gigante.
Adiante – Praticamente tudo, ao redor do vulcão, é coberto de
rochas efusivas (lavas derramadas), que revelam formas de derretimentos e
solidificações abruptas. Cumes de morros secundários nada mais são que
disjunções abandonadas da imensa coluna de lava e cinzas do Villarrica.
Acima – Florestas de fagáceas, principalmente, revestem os
depósitos de solos mais evoluídos, sendo possível observar a ação radicalmente
destruidora da lava quente, que aniquila trechos inteiros de matas, poupando
outros, onde não conseguiu atingir. A espécie mais notável é o coíhue (Nothofagus
dombeyi), que se caracteriza por árvores de fuste elevado e copa um
tanto estratificada, fazendo lembrar alguns gigantes florestais amazônicos.
Abaixo – De entremeio aos largos lajeados de rocha vulcânica
estéril, surgem agrupamentos de plantas herbáceas e arbustivas, que sinalizam a
lenta degradação do material sólido, em solos muito férteis.
Acima – Uma das
aberturas de antigos canais, por onde fluíam lavas derretidas, formando dutos,
que hoje podem ser visitados, representando longas cavernas.
Acima – Ao fundo, o
Lago Villarrica
A Seguir – Algumas plantas que caracterizam a vegetação heliófila
extrema, que medra nas frestas da rocha vulcânica
Myrceugenia cf. chrysocarpa
– família Myrtaceae
Fuchsia magellanica –
família Onagraceae: parente muito próxima de nossa F. regia (brinco-de-princesa)
Gaultheria phillyreifolia
– família Ericaceae: conhecida por chaura
A belíssima Embothrium
coccineum – família Proteaceae: conhecida como notro
Asteráceas de flores
vistosas são bastante comuns, como nas demais formações abertas da Argentina e
Chile. Acima – Senecio sp.
Abaixo - espécie não identificada
Adiante – Uma das mais impactantes feições geomorfológicas das regiões
vulcânicas do Chile é a torrente de lava, que resulta
imensos canais, dramaticamente escavados por torrentes de lava incandescente,
que arrastam tudo à sua frente. Florestas inteiras são varridas do cenário, a
cada episódio de vulcanismo intenso do Villarrica. Estradas e construções são
igualmente aniquiladas, nas imediações do vulcão.
Abaixo - Nosso carro, na estrada que costeia o Vulcão Villarrica, sob fagáceas poupadas pelo vulcão
Abaixo – Imagem-satélite
do Google Earth mostrando a região visitada
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