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UMA VISITA À ILHA GRANDE – RIO DE JANEIRO – JUNHO DE 2017

No dia 25 de junho de 2017 , partimos Cledson Barboza , Maurício Verboonen e eu, no rumo da Ilha Grande, no litoral sul do Rio de Janeiro,...

sábado, 9 de julho de 2016

DE SAN MARTIN DE LOS ANDES A PUCÓN – CHILE – JANEIRO DE 2008

A nova expedição pela Argentina e Chile, em janeiro de 2008, prosseguiu no rumo do Chile, saindo de San Martin de Los Andes, na Argentina (ver postagem anterior), e atravessando a fronteira entre os dois países, ao norte do vulcão Lanin. Um dos objetivos deste roteiro, além de chegar à cidade de Pucón, nosso próximo destino, era atravessar de cheio a zona das araucárias, numa altitude aproximada de 1.200m, onde ainda sobrevivem algumas populações desta magnífica árvore.

As araucárias da Patagônia (Araucaria araucana) são parentes muito próximas de nossa própria araucária, ou pinheiro-brasileiro (Araucaria angustifolia), como é mais conhecida, aqui no Brasil. Sua ocorrência longamente disjunta mostra que os domínios pretéritos das araucariáceas já se estenderam de forma vasta, no Continente Americano. As similaridades entre as duas árvores mostram que essa separação é relativamente recente. Bem, ao menos em termos de história natural evolutiva, pois isso sugere ter ocorrido ainda no Terciário, muitos e muitos milhões de anos antes do presente.

Nossas araucárias, que chegam até o território argentino, próximo aos estados brasileiro do Paraná e de Santa Catarina, ocorrem numa faixa altitudinal bem elevada, entre os 600 – 1.300m, principalmente sobre capeamentos de solos derivados do basalto da Formação Serra Geral. Essa outrora vasta ocorrência, em nosso país, foi objeto de capítulo específico, em nosso livro Fitogeografia do Brasil – Uma Atualização de Bases e Conceitos (NAU Editora – 2015), no qual adotamos a denominação de ARAUCARILÂNDIA, cunhada pelo memorável naturalista Frederico Carlos Hoehne, na primeira metade do Século XX.

As araucárias patagônicas parecem preferir terrenos derivados de loess vulcânico, que é o resultado da poeira e cinza dos vulcões, longamente depositada sobre os altos vales andinos. Assim como nossa araucária, o pehuén (nome indígena andino da Araucaria araucana) prefere zonas úmidas e com baixas temperaturas e se distribuem dos dois lados da Cordilheira, sempre em grandes altitudes.

Vamos às imagens dessa bela travessia de 2008, juntamente com alguns comentários sobre a fitogeografia das regiões visitadas:



Acima – Em 2008, quando atravessamos a região, os primeiros quilômetros da estrada que liga Argentina e Chile, ao norte do valcão Lanin (foto), eram asfaltados. Porém, quando alcançava as maiores altitudes, acima de 1.000m, tudo o que havia eram as lendárias estradas de rípio, que são amontoados de cascalho solto – Abaixo



Adiante – Nos extensos platôs, na base da Cordilheira, os solos são recobertos pelo loess vulcânico, que é uma densa camada de cinzas expelidas pelos vulcões abundantes na região, entre eles, o famoso Lanin, que se eleva a cerca de 3.600m, muito próximo de nossa travessia. Sobre este loess fertilíssimo, embora um tanto seco, vegetam miríades de ervas anuais, principalmente da família Asteraceae (=Compositae), cujas flores realçam na paisagem, durante os verões frescos.



Acima – Uma bela amarilidácea, com flores amarelas, contrastava com as demais ervas e arbustos de flores miúdas, mas intensamente coloridas


Adiante – Como se surgisse do nada, eleva-se uma barreira de florestas verdejantes, em cujo seio, nas maiores altitudes, ressaltam as araucárias (Araucaria araucana). Essas massa de florestas, que emenda com os bosques andino-patagônicos, que imperam do lado Chileno, denotam a faixa mais frequentemente atingida pelas massas de ares úmidos do Chile, onde a pluviosidade chega a atingir mais de 3.000mm ao ano.



O vulcão Lanin domina o cenário da travessia, sendo em suas encostas que se originam diversas correntes de águas cristalinas, produto do derretimento de suas neves


Acima – Nossa expedição parada sob a fronde de um grupo de araucárias serve de comparativo para seu gigantesco porte, que lhes confere aspecto primitivo

A Seguir – Na gradativa descida ao território chileno, observam-se notáveis florestas de Nothofagus obliqua e N. dombeyi (família Fagaceae), além de cupressáceas, que se instalam nas vertentes copiosamente irrigadas da face ocidental dos Andes. Nesta zona, as nevascas de inverno são comuns. O vulcanismo, ainda ocasionalmente ativo, nos dias atuais, produz paisagens caóticas, onde se veem trechos despidos de árvores, entremeados a stands recentes, ainda em crescimento e áreas completamente revegetadas, com árvores de até dois metros de diâmetro e dezenas de metros de altura.





Acima - Terminada a descida, na faixa dos 400 – 500m de altitude, os vales chilenos são férteis a belos, sendo hoje ocupados por pastagens e zonas rurais, sobre as quais impera o soberbo vulcão Villarrica, próximo a Pucón. Deste ponto em diante, deparamos com as frequentes chuvas do sul do Chile e foi a última vez que pudemos contemplar o Villarrica, que depois disso, mergulhou em nuvens eternas - Abaixo



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