As explorações pela região próxima a Pucón, no Chile,
continuaram, desta vez, estendendo-se ao Parque Nacional Huerquehue, cerca
de 30km daquela cidade, na margem dos Lagos Caburga e Tinquilco. O Parque Huerquehue abriga
marcos paisagísticos importantes, tais como o Vulcão Sollipulli, com pouco mais de 2.100m de altitude e também
coroado por neves eternas, como o Villarrica. Nosso interesse principal, no
entanto, eram as florestas muito bem conservadas de fagáceas, com imensas
árvores primitivas.
Confesso que nutria a esperança de atingir a faixa
altitudinal dos 1.200m, onde existem paisagens extremamente similares àquelas
dos altiplanos da Serra Geral, no Sul do Brasil, sobre as quais, lá e cá,
vegetam florestas de araucárias e campos nativos. A singularidade ecológica e
fitogeográfica das florestas mistas de araucárias, seja no Brasil,
protagonizadas pela Araucaria angustifolia, seja na Patagônia, onde impera Araucaria
araucana, suscitava meu interesse especial.
Em meu livro Fitogeografia do Brasil – Uma Atualização de
Bases e Conceitos (NAU Editora, 2015) – reservei espaço especial
para o infrabioma que, um dia, Frederico
Carlos Hoehne, um de nossos mais célebres naturalistas, chamou de Araucarilândia,
termo que resolvi trazer de volta, em minha obra. São complexos de campos e
florestas mistas de árvores tropicais, subtropicais e coníferas, que se
entremeiam curiosamente, em função dos solos e de sua história climática recente.
Conhecer as formações de araucária bem conservadas do Parque Huerquehue
complementaria espetacularmente os primeiros contatos com essa incrível árvore,
que se iniciaram dias antes, ao cruzarmos a fronteira entre Argentina e Chile
(ver postagem – De
San Martin de Los Andes a Pucón).
Infelizmente, esse intento somente será levado a termo no
futuro, quando conseguir empreender nova expedição a essas magníficas terras
austrais da América do Sul. O tempo vinha se comportando muito mal, nos últimos
dias, com céu constantemente encoberto e chuvas intensas, coisa frequente,
nesta região do Chile. Assim foi: chuvas mais fortes nos fizeram retornar cedo
demais da trilha e não conseguimos chegar sequer próximo às populações de Araucaria
araucana.
Mesmo assim, conseguimos fazer algumas boas imagens, que
agora trago até vocês, em mais esta postagem de nosso blog de Expedições Fitogeográficas pela América do
Sul, acompanhadas de algumas poucas observações:
Abaixo – Das vertentes do Parque Nacional Huerquehue, no sul do
Chile, pode ser avistado, ao fundo, entre nuvens, o Vulcão Villarrica, com suas
neves eternas, tendo o Lago Tinquilco, no primeiro plano.
A Seguir - Sobre os solos mais espessos e ao abrigo dos vales
profundos, vegetam florestas de imensas fagáceas, misturadas a podocarpáceas e
cupressáceas, que emprestam a essas matas um aspecto de climas europeus.
Adiante – Das neves que recobrem as cumeadas, durante o longo
inverno austral, assim como da contínua precipitação chuvosa, que monta mais de
3.000mm nesta região, descem copiosas quedas d’água e rios abundantes, que vão
ter aos lagos situados na faixa de altitude inferior a 300m.
A flora
herbáceo-arbustiva das densas florestas do Parque Nacional Huerquehue não é tão
variada quanto aquela que observáramos nas encostas do Villarrica, ou nas
bordas da Cordilheira, onde o sol brilha durante quase o ano inteiro. Mas,
sempre se podem encontrar surpresas, algumas delas, plantas invasoras, que se
proliferam rapidamente, nos ecossistemas críticos – Adiante
Abaixo – A comparação com o ser humano revela a verdadeira
imponência dessas árvores gigantes do Chile
Acima – Orlando Graeff ao lado de um Nothofagus dombeyi
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