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segunda-feira, 18 de julho de 2016

PARQUE NACIONAL HUERQUEHUE – CHILE – JANEIRO DE 2008

As explorações pela região próxima a Pucón, no Chile, continuaram, desta vez, estendendo-se ao Parque Nacional Huerquehue, cerca de 30km daquela cidade, na margem dos Lagos Caburga e Tinquilco. O Parque Huerquehue abriga marcos paisagísticos importantes, tais como o Vulcão Sollipulli, com pouco mais de 2.100m de altitude e também coroado por neves eternas, como o Villarrica. Nosso interesse principal, no entanto, eram as florestas muito bem conservadas de fagáceas, com imensas árvores primitivas.

Confesso que nutria a esperança de atingir a faixa altitudinal dos 1.200m, onde existem paisagens extremamente similares àquelas dos altiplanos da Serra Geral, no Sul do Brasil, sobre as quais, lá e cá, vegetam florestas de araucárias e campos nativos. A singularidade ecológica e fitogeográfica das florestas mistas de araucárias, seja no Brasil, protagonizadas pela Araucaria angustifolia, seja na Patagônia, onde impera Araucaria araucana, suscitava meu interesse especial.

Em meu livro Fitogeografia do Brasil – Uma Atualização de Bases e Conceitos (NAU Editora, 2015) – reservei espaço especial para o infrabioma que, um dia, Frederico Carlos Hoehne, um de nossos mais célebres naturalistas, chamou de Araucarilândia, termo que resolvi trazer de volta, em minha obra. São complexos de campos e florestas mistas de árvores tropicais, subtropicais e coníferas, que se entremeiam curiosamente, em função dos solos e de sua história climática recente. Conhecer as formações de araucária bem conservadas do Parque Huerquehue complementaria espetacularmente os primeiros contatos com essa incrível árvore, que se iniciaram dias antes, ao cruzarmos a fronteira entre Argentina e Chile (ver postagem – De San Martin de Los Andes a Pucón).

Infelizmente, esse intento somente será levado a termo no futuro, quando conseguir empreender nova expedição a essas magníficas terras austrais da América do Sul. O tempo vinha se comportando muito mal, nos últimos dias, com céu constantemente encoberto e chuvas intensas, coisa frequente, nesta região do Chile. Assim foi: chuvas mais fortes nos fizeram retornar cedo demais da trilha e não conseguimos chegar sequer próximo às populações de Araucaria araucana.

Mesmo assim, conseguimos fazer algumas boas imagens, que agora trago até vocês, em mais esta postagem de nosso blog de Expedições Fitogeográficas pela América do Sul, acompanhadas de algumas poucas observações:

Abaixo – Das vertentes do Parque Nacional Huerquehue, no sul do Chile, pode ser avistado, ao fundo, entre nuvens, o Vulcão Villarrica, com suas neves eternas, tendo o Lago Tinquilco, no primeiro plano.


A Seguir - Sobre os solos mais espessos e ao abrigo dos vales profundos, vegetam florestas de imensas fagáceas, misturadas a podocarpáceas e cupressáceas, que emprestam a essas matas um aspecto de climas europeus.






Adiante – Das neves que recobrem as cumeadas, durante o longo inverno austral, assim como da contínua precipitação chuvosa, que monta mais de 3.000mm nesta região, descem copiosas quedas d’água e rios abundantes, que vão ter aos lagos situados na faixa de altitude inferior a 300m.




A flora herbáceo-arbustiva das densas florestas do Parque Nacional Huerquehue não é tão variada quanto aquela que observáramos nas encostas do Villarrica, ou nas bordas da Cordilheira, onde o sol brilha durante quase o ano inteiro. Mas, sempre se podem encontrar surpresas, algumas delas, plantas invasoras, que se proliferam rapidamente, nos ecossistemas críticos – Adiante



Abaixo – A comparação com o ser humano revela a verdadeira imponência dessas árvores gigantes do Chile





Acima – Orlando Graeff ao lado de um Nothofagus dombeyi

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