Em 21 de abril, cheguei à Serra da
Capivara, que divide os ambientes do médio Vale do São Francisco, abaixo, das
caatingas do Piauí, ao norte. Para oeste, ela representa a principal divisa
entre as caatingas hiperxerófilas de Pernambuco, que acabara de visitar, e os
cerrados do Maranhão e Tocantins. Sua importância, para mim, não se resumiria
apenas a uma mera fronteira fitogeográfica. A presença do homem, na região, é
das mais bem documentadas de nosso território, havendo hipóteses que a levam
desde 12.000 anos, até algumas dezenas de milhares de anos antes do presente.
A influência do ser humano sobre a Geografia
Botânica do Brasil é indiscutível, tanto no presente, quanto no passado mais
longínquo. Estar ali, na Serra da Capivara, me levaria a importantes reflexões
sobre o que representou a presença humana nas Américas, desde que se iniciou
este processo, tão antes de nossa chegada histórica no Continente.
Fui atenciosamente acompanhado por meu mais
novo velho amigo, Maxim Jaffe, grande conhecedor da Serra
da Capivara, que me foi gentilmente indicado por Pedro Labanca, em Petrópolis. Maxim não me deixou um instante
sequer sem proveitosas atividades, ao longo dos mais notáveis ambientes da
região. Seguramente, terei muito a mostrar, em minha obra, sobre este magnífico
lugar, situado no perímetro semiárido do Piauí. Por ora, ficam algumas imagens,
poucas, eu admito, para não causar enfado em meus amigos.
Fotos
abaixo: As paisagens da Serra da Capivara são
estonteantes e congregam antigas superfícies de aplainamento sobre bacias
sedimentares muito antigas. Algumas delas são constituídas de conglomerados de
seixos rolados, recimentados e novamente erodidos, durante o Terciário tardio e
o Quaternário. Permitiram proveitosas observações sobre as relações da
vegetação semiárida da região e suas diversas formas e feições.
Abaixo: A famosa Pedra Furada, que emprestou o nome ao mais famoso sítio arqueológico da Serra da Capivara
Abaixo: Mesmo com o avançado e a gravidade da seca, que também assolava o
sul do Piauí, onde está a Serra da Capivara, a vegetação nativa seguia seu ciclo
natural e apenas iniciava a sua perda de folhas, que começa com uma intensa
mudança de cores. Destaca-se uma árvore, bastante numerosa, chamada bilro (Diptychandra
epunctata), cujas folhas fazem lembrar árvores europeias, em pleno
outono.
A
Seguir: A árvore chamada canela-de-velho (Cenostigma
cf. gardneriana)
é de notável importância fitossociológica, na vegetação de carrascos ou
florestas-miniatura da Serra da Capivara. Por seu aspecto ornamental, não há
como deixar de atrair atenção, em meio à secura do ambiente. Poucas árvores
poderiam ser tão atraentes.
A Seguir: Ambientes cársticos (calcários), similares aos que eu já avistara, entre Unaí e o Vale de São Francisco, em Minas Gerais, carregam flora de bromélias e exibem formas incríveis, comprovando a influência de épocas úmidas do passado. As bromélias Encholirium spectabilis, extremamente espinhentas, estão ali presentes, junto a cactáceas, mostrando sinais inequívocos do domínio semiárido do Nordeste.
A Seguir: Os incríveis laços com o passado - As pinturas rupestres, com significados enigmáticos, que vêm sendo estudados, em todo o Mundo.
O incrível sítio da Pedra Furada, onde foram escavados vestígios de fogueiras com dezenas de milhares de anos. A infraestrutura é inigualável, permitindo contemplação proximal da bela arte rupestre.
Sensacional Orlando. O lugar é realmente fantástico e têm uma energia incomum. Fiz toda a trilha até chegar na parte alta onde tem o mirante. A imagem é de perder o fôlego e impossível de ser registrada em sua total beleza por uma máquina.
ResponderExcluirCom certeza eu jamais vou me desviar da minha essencia e estou sempre buscando a beleza da natureza. Olha nos meus álbuns "Guaraqueçaba". Fiz uma trilha incrível no ano passado e o lugar também é dos Deuses....