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UMA VISITA À ILHA GRANDE – RIO DE JANEIRO – JUNHO DE 2017

No dia 25 de junho de 2017 , partimos Cledson Barboza , Maurício Verboonen e eu, no rumo da Ilha Grande, no litoral sul do Rio de Janeiro,...

sábado, 8 de outubro de 2016

CHAPADA DOS VEADEIROS – GOIÁS – MARÇO DE 2005

Acima – o rio Preto é o que centraliza a área principal do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, próximo à localidade de São Jorge. O SALTO DOS 120m é uma de suas mais representativas atrações

A Chapada dos Veadeiros, situada cerca de 250km acima da cidade de Brasília, compreende parte importante do imenso arco Proterozóico de Brasília, uma antiga sutura de colisões continentais, que foi desnudada pela erosão milenar do Planalto Brasileiro. As altitudes elevadas, na ordem de 1.100m, chegando próximo dos 1.400m, em determinados trechos, correspondem aos antigos fundos de bacias sedimentares, que foram paulatinamente elevadas, a partir da mais recente separação dos Continentes, algumas centenas de milhões de anos atrás. Na medida em que o Planalto Brasileiro se elevava, sofria ataques da erosão, que exumavam rochas metamórficas subjacentes. O resultado paisagístico dessa longa história evolutiva do relevo é um magnífico conjunto de cenários, de tirar o fôlego de qualquer viajante.

No início de 2005, realizei minha primeira visita à Chapada dos Veadeiros, tendo como ponto-base a pequena cidade de Alto Paraíso de Goiás, lugar que centraliza uma tendência determinante da Chapada dos Veadeiros, o misticismo: inúmeras seitas, congregações e grupos místicos e ufológicos se reúnem na região, que reputam um centro atrativo de extraterrestres e de fenômenos transcendentais. Segundo apurei, naquela passagem pela cidade, isso se deveria, principalmente, à grande concentração de cristais de quartzo, que, aliás, já foi razão de sustento para a região.

Ao visitar a Chapada dos Veadeiros, pode-se encontrar grande quantidade de antigos depósitos de mineração de quartzo. Dentro dos limites do atual Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, há cavas razoavelmente conservadas, conhecidas por CATRAS, algumas com até 20m de profundidade. Pude ver, ainda, pilhas de grandes blocos de cristal, que serviam como atração turística. A exploração foi paralisada, ao menos oficialmente, o que determinou profundas modificações na vida dos habitantes, que hoje se voltam ao turismo e, como se disse, às atividades místicas.

A botânica da Chapada dos Veadeiros é surpreendente e sugere notável taxa de endemismos relacionados ao Cerrado e aos Campos Rupestres. As vegetações alternam campos sobre rochas, campos entre rochas, florestas estacionais, cerrados de diversos portes e cerrados rupestres miniaturizados, sobre os planaltos suspensos nas maiores altitudes.

Planejamos para breve nova visita à Chapada dos Veadeiros, mas apresentamos, a seguir, as imagens mais representativas dessa passagem, mais de dez anos atrás. Aprecie as fotos e os comentários:




Abaixo – trecho típico do rio Preto, acima do Salto dos 80m. Nos meses de verão, banhistas frequentam essa região, que é conhecida pelo perigo das enchentes súbitas, originadas nas nascentes, quando o rio se avoluma, em minutos, pondo em risco sua vida




Acima – Salto dos 80m, outra fantástica atração da Chapada dos Veadeiros

Abaixo – Profundos cânions de rocha quartzítica e de arenito foram escavados pelo rio Preto, abrigando vegetações de índole florestal, nessas áreas deprimidas




 Acima – Nazareth, conhecido como Naza, foi meu guia, em minha primeira passagem pela Chapada dos Veadeiros e me mostrou antigas lavras de cristal de quartzo, no Parque Nacional, onde blocos da valiosa rocha ainda jaziam sobre o solo, desde os tempos da mineração

Acima – o lendário Jardim de Maytrea é uma das mais conhecidas imagens da Chapada dos Veadeiros, sendo-lhe atribuídas origens místicas. No campo da Geomorfologia e da Fitogeografia, representa uma planície entulhada por grandes episódios erosivos do Quaternário recente: as linhas de palmeiras-buritis (Mauritia flexuosa) correspondem ao traçado de paleocanais fluvias, hoje extintos, pelo gradual rebaixamento dos atuais cursos de rios. Em nosso livro FITOGEOGRAFIA DO BRASIL (VER LINK - FITOGEOGRAFIA DO BRASIL), explicamos este curioso processo de formação de paisagens botânicas relacionadas às veredas

Adiante – Paisagens típicas da Chapada dos Veadeiros, sendo possível observar o complexo mosaico de vegetações relacionáveis ao Cerrado e aos Campos Rupestres, onde se alternam florestas estacionais e campos de diversas naturezas










A Seguir – Um dos mais curiosos ambientes da Chapada dos Veadeiros é um tipo de cerrado rupestre de altitude, no qual arvoretas típicas de cerrados rupestres se misturam a espécies características dos campos rupestres (campos entre rochas), originando nanoflorestas abertas, que vegetam sobre terrenos de rocha quartzítica fragmentar, sob umidade constante e temperaturas relativamente baixas


Acima – Naza posa ao lado de uma escultural planta do gênero Lavoisiera (família Melastomataceae), no cerrado rupestre de altitude


A Seguir – Veja imagens de algumas espécies observadas nos campos rupestres e vegetações associadas, na Chapada dos Veadeiros

A Seguir – bromeliáceas do gênero Dyckia:





Acima (duas fotos) – Dyckia cf. marnier-lapostollei

Não identificada - Iridaceae

Ipomoea sp. – Convolvulaceae

Não identificada

Trimezia juncifolia – Iridaceae

 Mimosa sp. – Fabaceae

Cf. Crotalaria sp. – Fabaceae

Não identificada

Mimosa sp. – Fabaceae

 Declieuxia fruticosa – Rubiaceae


Barbacenia squamata – Velloziaceae

Orquidácea terrestre do gênero Habenaria


Mimosa sp. Arbustiva – Fabaceae
Detalhe de flores – abaixo



Coppensia varicossa – orquídea amplamente distribuída pelo Cerrado e regiões subtropicais do Brasil, fotografada numa floresta ciliar da Chapada dos Veadeiros. Junto: Aechmea bromeliifolia (Bromeliaceae)

A Seguir – (quatro fotos) Vellozia tubiflora, notável velosiácea que enfeita os campos entre rochas (campos rupestres) da Chapada dos Veadeiros







Vellozia cf. glauca – Velloziaceae
Abaixo – detalhe de flor de V. cf. glauca





Esterhazya splendida – Scrophulariaceae

Syagrus deflexa – Arecaceae

Butia cf. archeri – Arecaceae



Pepalanthus speciosus – Eriocaulaceae
Abaixo – indivíduo de P. speciosus



Malpiguiácea, provavelmente, do gênero Byrsonima

Epistephium sclerophyllum – Orchidaceae


Drosera sp. – Droseraceae – planta insetívora das áreas saturadas de umidade, que ocorrem sobre camadas impermeáveis de quartzito

Microlicia sp. – Melastomataceae

 Não identificada


Abaixo (duas fotos) – Vellozia sp. – Velloziaceae – suspensa sobre paredões de rocha do Salto dos 120m, no rio Preto




Gesneriácea delicada, que vegeta nas frestas da rocha, ao lado do Salto dos 80m do rio Preto

Kielmeyera rubriflora - Clusiaceae

Abaixo - Simpático habitante da Chapada dos Veadeiros