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UMA VISITA À ILHA GRANDE – RIO DE JANEIRO – JUNHO DE 2017

No dia 25 de junho de 2017 , partimos Cledson Barboza , Maurício Verboonen e eu, no rumo da Ilha Grande, no litoral sul do Rio de Janeiro,...

quinta-feira, 18 de junho de 2015

OS PARQUES ARGENTINOS DE ISCHIGUALASTO E TALAMPAYA

A expedição pela Argentina e Chile de 2006 prosseguiu, partindo de Valle Fertil, em San Juan, na Argentina (ver postagem anterior), até os Parques de Ischigualasto e Talampaya, situados muito próximos. Ischigualasto é um parque provincial, enquanto Talampaya representa unidade de conservação federal – Parque Nacional. As duas áreas protegidas são contíguas e formam extenso patrimônio natural das regiões semidesérticas da Argentina, congregando também notável reserva paleontológica e arqueológica.

A visita a esses dois parques foi uma oportunidade fundamental para meu trabalho, uma vez que abriu extenso horizonte para a compreensão dos próprios eventos passados de nosso território pátrio, que, embora não contenha hoje desertos, parece já os ter tido, no Quaternário. Entender as formas de relevo do Brasil Central, por exemplo, depende da perfeita noção de como foram elas, um dia, expostas às descomunais forças erosivas, que aprofundavam vales e arrasavam terras. Tudo isso pode ser nitidamente modelado, ao se contemplar as magníficas paisagens de Ischigualasto e Talampaya.

Melhor que estender-nos em textos será apreciar as imagens trazidas dessa esplêndida região argentina, apondo-lhes alguns ligeiros comentários:



Adiante: No Parque de Ischigualasto, exibem-se claramente camadas de terrenos sedimentares do Terciário, mais avermelhadas, que estão expostas acima das rochas secundárias, mais velhas e de coloração acinzentada. Evidentemente, os megaprocessos erosivos, de natureza desértica, trataram de escavar vastos vales e exibir essas camadas geológicas, em posições invertidas








A vegetação de ambos os parques – Ischigualasto e Talampaya – é de índole desértica e, no primeiro, ainda mais árido que o segundo, existem superfícies conhecidas como Vale da Lua, por serem tão estéreis, segundo as lendas populares, quanto a superfície de nosso satélite – Abaixo







Acima - Sobre planícies arrasadas, surgem bolotas de pedra, de forma misteriosa: são aerólitos, pequenos fragmentos de poeira ou até insetos, que foram rolados pelo vento inclemente da região, em passado remoto, cimentando ao seu redor a poeira vulcânica, como bolas de neve. Posteriormente soterrados, foram englobados pelas rochas de arenito, durante milhões de anos, para serem então novamente expostos, em tempos recentes, depois da degradação dessas rochas.


A Seguir – No Parque de Talampaya, podem ser admirados os mais notáveis aspectos da evolução dos relevos desérticos, onde as formas copiam paisagens muito similares àquelas que admiramos em todo o centro da América do Sul







Fotos anteriores - Entre os paredões abruptos, onde dominam processos fortemente erosivos, anda-se pelos “leitos dos rios”, que nada mais são que torrentes ocasionais, que arrastam imensa quantidade de sedimentos e rochas. Na maior parte do ano, estão secos e servem como estradas, no Parque de Talampaya

Abaixo – Árvores somente podem ser observadas aos pés dessas frentes de cuestas abruptas de arenito, onde se acumula parca umidade, que se concentra no subsolo. A observação dessas paisagens foi fundamental para as reflexões que basearam o livro Fitogeografia do Brasil – Uma Atualização de Bases e Conceitos, em vésperas de ir para as livrarias

 Prosopis chilensis - algarrobo-blanco

Cercidium australe - brea





Acima – Aspecto de um desses “rios” de Talampaya, em seu chamado cone de dejeção, quando ele abandona os vales e se espraia no antedeserto. Abaixo – Paisagem da planura desértica que envolve os Parques de Ischigualasto e Talampaya, na Argentina



A Seguir – Sinais da presença humana, de alguns milhares de anos, em Talampaya

 No bloco de rocha solta - petroglifos - acima



Acima – Petroglifos são inscrições que utilizam o relevo para impressão nas rochas
Abaixo – Esses furos nas rochas de arenito de Talampaya são chamados “morteros” e eram utilizados como pilões, pelos paleoindígenas argentinos, para triturar sementes de algarrobos, com as quais se alimentavam.





segunda-feira, 8 de junho de 2015

SAN AUGUSTIN DE VALLE FERTIL – ARGENTINA – 2006

Vindos de Catamarca, na transição do Chaco (veja postagem - http://expedicaofitogeografica2012.blogspot.com.br/2013/09/catamarca-argentina-as-pre-cordilheiras.html ), adentramos as regiões mais áridas da Argentina, a caminho das pré-cordilheiras. San Augustin de Valle Fertil, ou simplesmente Valle Fertil, é uma cidade muito pequena, encravada entre a planície semidesértica do centro da Argentina e as cadeias de montanhas denominadas pré-cordilheiras, na província de San Juan.

As pré-cordilheiras são cadeias de montanhas formadas por ondas de choque, a partir do soerguimento da monumental Cordilheira dos Andes, situada mais a oeste. Nesta etapa da expedição de 2006, realizamos uma parada na agradável Valle Fertil, para travar contato com a natureza tão interessante dessa região, adotando-a como ponto base também para a visita aos parques de Ischigualasto e Talampaya, que mostrarei na próxima postagem.

Todos esses lugares serviram como importante ponto de inflexão, para meu entendimento de processos pretéritos, que um dia também dominaram o Brasil, ajudando a construir o relevo que hoje vemos, em nossa terra.

A seguir, algumas imagens comentadas, que servem para dar ideia da paisagem exuberante da região das pré-cordilheiras argentinas.


Acima - Paisagens desérticas precedem a chegada a Valle Fertil, exibindo frentes de cuestas longamente erodidas pelo clima inóspito da região


Acima - O lago de uma represa empresta contraste a Valle Fertil, que é uma cidadezinha turística bem atraente

A seguir - Paisagens das montanhas da pré-cordilheira de Valle Fertil, em meio aos morros rochosos e áridos





Acima - Vista da cidade de Valle Fertil, tomada do alto das montanhas que a circundam

 Trichocereus atacamensis


 Trichocereus cf. strigosus




 Gymnocalycium saglionis


 Opuntia sp.


Flores de Trichocereus atacamensis


 Tillandsia didisticha - Bromeliaceae


 Deuterocohnia sp. - Bromeliaceae


Micropaisagem de bromélias e cactáceas


Tillandsia aff. tricholepis - Bromeliaceae - vegetando diretamente sobre a rocha


Pequena serpente tomando sol

Acima - rios de natureza desértica mostram a formação dos relevos nessas regiões de altas taxas de erosão torrencial

A seguir - Plantas da flora argentina




Habitação tradicional nativa da região desértica das pré-cordilheiras: usualmente, servem como retiros de gado - Abaixo


rio que corta a região desértica de Valle Fertil

Abaixo - Paisagem geral da pré-cordilheira, na região de Valle Fertil






segunda-feira, 1 de junho de 2015

UMA NOVA VISITA À SERRA DA CANASTRA – MAIO DE 2015

Já estivemos na Serra da Canastra por diversas vezes, restando sempre mais a ser visto e desvendado, a cada visita (ver http://expedicaofitogeografica2012.blogspot.com.br/2013/01/serra-da-canastra-laboratorio-de-campos.html). Desta vez, seguimos Maurício Verboonen e eu, completando-se o grupo de excursionistas com nosso amigo Elossandro Coelho, experimentado guia da Canastra e região, que já se tornou presença obrigatória.

A Serra da Canastra tem nos servido para elucidar importantes impasses, na interpretação de diversos tipos de campos espontâneos da paisagem brasileira. Seu papel foi preponderante, na elaboração de nossa obra, a ser publicada brevemente, sobre a Fitogeografia do Brasil. Por isso, retornamos àquela magnífica região, vasculhando também o Chapadão da Babilônia.

Veja, a seguir, algumas imagens que coletamos, em nossas andanças pela Serra da Canastra, em Minas Gerais:



A Seguir: Aspectos dos campos rupestres da Serra da Canastra, com seus afloramentos típicos de quartzito, entremeados por notáveis populações de velosiáceas e outras plantas típicas
Xyridáceas, eriocauláceas e melastomatáceas vistosas alegram os campos da Serra da Canastra, na entrada dos meses secos do meio do ano
















Acima - Populações da bromeliácea Aechmea cf. phanerophlebia, com sua coloração vinácea, contrastando com a paisagem esmaecida dos campos invernais da Canastra

A Seguir - Inflorescências altaneiras e marcantes da eriocaulácea Paepalanthus speciosus



Adiante - O florescimento das esculturais Lychnophora salicifolia (Asteraceae), conhecidas como arnicas, atrai insetos de longe




Adiante - Interior de uma floresta de fundo de vale, na Serra da Canastra




Abaixo - A mesma floresta observada de cima dos campos, que dominam a paisagem


A Fauna



Abaixo - Águas transparentes do rio Santo Antônio, no caminho da Cachoeira do Fundão, na Serra da Canastra

Acima - Cachoeira do Fundão – Serra da Canastra

ABAIXO - A célebre Cachoeira da Casca D’Anta, que marca a nascente do rio São Francisco, o rio da integração nacional


A Seguir - Um dos aspectos que nos atraiam, na Serra da Canastra, eram populações ameaçadas da linda orquídea Hadrolaelia pumila (=Laelia pumila), que já foi intensamente coletada e hoje se esconde nos ermos da região – veja foto da flor extraída da internet. Prometemos fazer as nossas próprias imagens de seu florescimento, daqui a algum tempo.



Abaixo - Bromélia Aechmea bromeliifolia, na floresta da Serra da Canastra


A Seguir - Vista distante da cachoeira da Casca D’Anta, tomada do Chapadão da Babilônia


Acima - Elossandro Coelho observa a Serra da Canastra, do alto do Chapadão da Babilônia



 Acima Paisagem de Lychnophora salicifolia, na localidade chamada “Os Jardins”, no alto do Chapadão da Babilônia

 Acima - Epidendrum nocturnum, uma orquídea que ocorre nos afloramentos rochosos da Serra da Canastra. Suas flores são discretas, mas exalam agradável aroma, que inunda o ar



O dia vai terminando, sobre o Vale da Babiolônia, na Serra da Canastra