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UMA VISITA À ILHA GRANDE – RIO DE JANEIRO – JUNHO DE 2017

No dia 25 de junho de 2017 , partimos Cledson Barboza , Maurício Verboonen e eu, no rumo da Ilha Grande, no litoral sul do Rio de Janeiro,...

quarta-feira, 10 de agosto de 2016

A CORDILHEIRA DOS ANDES, NA PATAGÔNIA ARGENTINA – JANEIRO DE 2008

Após termos cruzado de volta a Cordilheira dos Andes, do Chile, para Villa La Angostura, na Argentina (ver postagens anteriores), contornamos o imenso Lago Nahuel Huapi, com a cidade de Bariloche, na margem oposta, onde fizemos alto, por um dia, e seguimos mais ao sul. Nosso objetivo seria a minúscula Esquel, de onde pretendíamos visitar o Parque Nacional Los Alerces, na margem do Lago Futalaufquen.

O contorno do Lago Nahuel Huapi é revelador, para quem quiser entender o mosaico de paisagens relacionadas à Cordilheira, na Patagônia: situada na cota dos 770m, a grande bacia deste lago, que já comentamos anteriormente, está situada numa seção dos Andes, na qual diversos vales longitudinais e extensas bacias alongadas se interdigitam com o território chileno. Por isso, ali na Patagônia, existem diversas passagens entre os dois países, ao contrário da região de Mendoza, mais ao norte, onde a barreira do Aconcagua separa rigorosamente a Argentina do Chile (veja expedições de 2006, neste blog - http://expedicaofitogeografica2012.blogspot.com.br/2015/08/mendoza-e-os-andes-argentinos-2006.html).

Na travessia do Aconcagua (Cristo Redentor), as altitudes atingem mais de 7.000m, sendo feita a passagem rodoviária acima dos 3.800m. Na Patagônia, onde estávamos nesta expedição, a travessia internacional se dá pouco acima dos 1.200m. Assim, é de se imaginar que os climas das duas vertentes da Cordilheira guardem similaridades, embora a face chilena seja perúmida (com precipitações da ordem de 2.000 – 3.000mm/ano) e o semideserto argentino, a leste, se apresente marcado por extrema aridez (inferiores a 200mm/ano). Próximo à Cordilheira, no entanto, as diferenças são mais sutis, como a saber.

Observando a Cordilheira, de leste para oeste, como passamos a fazer, seguindo-a para o sul, é possível observar claramente as manchas de vegetação, do topo à base: nas cumeadas e cimos, estão as áreas endemicamente cobertas pela neve (algumas ainda mostram neves perenes), sendo marcadas pela rocha nua, ou tênues pradarias; pouco abaixo, como se fossem plantadas, aparecem florestas andino-patagônicas de altitude, notadas pelo verde escuro de seus ciprestes e fagáceas; mais para baixo, nas zonas aonde conseguem chegar as ondas de umidade, que conseguem atravessar a barreira montanhosa, vindas do Oceano Pacífico (Chile), espalham-se matas mistas de fagáceas de zonas mais baixas e ciprestes, permeadas por maiténs e outras árvores menos tolerantes aos limites da neve; abaixo disso e se estendendo Argentina adentro, através do grande deserto central, surge a típica vegetação arbustiva rala, até chegar a apresentar solo nu ou parcamente revestido de moitas duras.

É desconcertante notar que, na mesma latitude em que viajamos por semidesertos ou florestas ralas e ressequidas, do lado argentino, estaríamos em meio às mais viçosas florestas subtropicais, no lado chileno. Veja as imagens que mostram essa passagem e contorno de Bariloche, no rumo de Esquel:


Acima – A famosa cidade turística de Bariloche pode ser avistada de longe, da outra margem do extenso Lago Nahuel Huapi, que mostra água azul escura, por conta de sua grande profundidade (centenas de metros)


Acima – Nosso carro parado à beira da estrada, ao largo de Bariloche, sendo possível enxergar um pouco da sequência de vegetações patagônicas, que se devem à combinação da umidade e dos solos.


Acima – Águas cristalinas advêm das montanhas geladas da Cordilheira, principalmente do derretimento da neve. Esses lindos rios encachoeirados vão desaparecendo, na medida em que escorrem pelo planalto argentino, sobre zonas desérticas, onde se transformam em canais mortos, durante boa parte do ano, alguns deles jamais atingindo o Atlântico.


A Seguir – Sequência de imagens das cumeadas andinas, a caminho do sul da Argentina, sendo possível observar a relação direta das vegetações com as zonas por onde a umidade do Pacífico consegue atravessar a Cordilheira.





Acima – Nesta foto, assim como observáramos em nossa chegada aos Andes, por San Martin de Los Andes, algum tempo antes (ver postagem), observa-se o contraste entre a vegetação rasteira e muito rala do planalto desértico argentino e a Cordilheira, ao fundo.


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