Durante fevereiro de 2017, realizei
diversas atividades investigativas, na Reserva Natural da Fazenda
Ipanema, em Primavera do Leste, estado do Mato Grosso. Em meu livro –
FITOGEOGRAFIA DO BRASIL, UMA ATUALIZAÇÃO
DE BASES E CONCEITOS (NAU Editora, 2015) – a Fazenda Ipanema e suas
reservas de cerrados, cerradões, veredas e florestas-galeria foi continuamente
citada, por ter propiciado importante laboratório de observações
fitogeográficas. A partir de anos de vivência, neste esplêndido conjunto de
ecossistemas, me foi dado conferir as hipóteses mais factíveis para explicar a
origem e dinâmica desses ecossistemas do Centro-Oeste. Agora, na esteira da
organização da Reserva, com vistas ao manejo futuro, surgiram novas
oportunidades de observação de sua flora, especialmente de suas magníficas florestas-galeria.
Já haviam sido aqui publicadas outras
postagens sobre a Reserva Natural da Fazenda Ipanema, podendo ser conferidas em: http://expedicaofitogeografica2012.blogspot.com.br/2013/02/fazenda-ipanema-conservando.html ; http://expedicaofitogeografica2012.blogspot.com.br/2014/09/fazenda-ipanema-mato-grosso-registrando.html . Desta vez, as atividades foram
concentradas na chamada Trilha da Sanga (ver postagem - ), que atravessa uma das mais bem conservadas
áreas deste tipo de vegetação, na região de Primavera do Leste.
A Reserva Natural da Fazenda Ipanema
congrega conjunto interligado de tipologias vegetacionais, que parecem
corroborar as hipóteses defendidas em minha obra, no que diz respeito às
estreitas relações originais entre veredas, matas ciliares e florestas-galeria.
Veja algumas belas imagens e comentários sobre essas matas inundáveis da margem
do rio das Mortes, a seguir:
Abaixo – Num sobrevoo da
área da sede da Fazenda Ipanema, onde se encontra situada a Trilha da Sanga, efetuado com auxílio de drone, pode
ser visto o adensamento de árvores elevadas, na floresta-galeria, onde abundam:
Magnolia
ovata (Magnoliaceae), Cariniana rubra (Lecythidaceae), Jacaranda
copaia (Bignoniaceae), Qualea ingens (Vochysiaceae), entre
outras árvores adaptadas ao ambiente saturado de umidade.
Acima – Aspecto interno da
Trilha da Sanga, que corta diametralmente a floresta-galeria situada próximo à
sede da Fazenda Ipanema
Acima – Magnolia
ovata (Magnoliaceae) é um elemento botânico dos mais importantes, na
flora deste trecho de floresta-galeria, chegando a dominar o estrato arbóreo e
mostrando calos das raízes, que afloram no solo, servindo para melhorar a
sustentação no terreno encharcado; e também para auxiliar na respiração
radicular
Abaixo – Aspecto de uma
árvore adulta de Magnolia ovata elevando-se no dossel
A Seguir – Aspectos de
outra importante espécie de árvore de índole amazônica, nas florestas-galeria e
ciliares da Reserva Natural da Fazenda Ipanema: o jequitibá-vermelho (Cariniana
rubra – família Lecythidaceae), cujos troncos linheiros e copas
sobranceiras impressionam
acima - o autor posa ao lado de um jequitibá-vermelho
Tronco linheiro de jequitibá-vermelho
Adiante – Algumas plantas
típicas do sub-bosque encharcado da floresta-galeria, na Trilha da Sanga
Acima
– Costus
arabicus (Costaceae)
Acima
– Heliconia
psittacorum (Heliconiaceae)
Acima
– Samambaias-trepadeiras (Polybotrya goyazensis - Dryopteridaceae) escalam os troncos
linheiros das árvores
Acima nas duas imagens – Uma delicada espécie de palmiteiro (Euterpe longibracteata) forma numerosas
populações, que propiciam forragem importante para a bicharada
Acima
– Scaphyglottis
modesta, uma discreta orquidácea, que abunda na floresta-galeria
Acima
– A corpulenta orquídea Epidendrum floribundum é espécie
típica desse brejos, embora não estivesse florida, nesta época
Acima
– Philodendron
acutatum (Araceae) – uma planta cujas folhas se agigantam, na medida em
que ascende pelos troncos das árvores
Acima - A arácea Monstera adansonii é a planta mais numerosa da família, nas árvores da floresta ciliar da Reserva
A
Seguir – Macacos-prego (Sapajus cay))formam bandos numerosos,
na área da Trilha da Sanga:
Acima
– Macacos-prego se alimentam de frutos de Cupania scrobiculata (Sapindaceae)
Acima duas fotos – Os mesmos macacos atacam cladódios de Epiphyllum phyllanthus (Cactaceae),
que vegetam de forma epifítica, nas árvores da floresta
Adiante – Hymenaea
courbaril é o jatobá-da-mata, árvore que domina a floresta, na
transição para o cerradão e o cerrado - ao final
Abaixo - o autor, junto à sanga
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