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terça-feira, 17 de outubro de 2017

TIRADENTES E SERRA DE SÃO JOSÉ – MINAS GERAIS – OUTUBRO DE 2017

Fazia mais de uma década, desde que visitara o topo da Serra de São José, que se debruça sobre a cidade histórica de Tiradentes, em Minas Gerais. Segui para lá, com objetivo de observar a situação geral da flora, na linha de cumeada deste maciço, assim como também para observar o florescimento de algumas espécies de bromélias e orquídeas, que coincide com a primavera. Realizei diversas excursões pela crista rochosa, sob um sol inclemente e seca severa, que vinha se estendendo outubro adentro.

A cumeada da Serra de São José oferece paisagens curiosas, em que se observa o encontro estratificado entre rochas metamórficas (quartzitos) e sedimentares encaixantes (arenitos), produzindo paisagens locais bastante movimentadas e repletas de blocos ruiniformes, que se debruçam sobre elevados paredões íngremes. Do alto de seu extenso patamar, que propicia longo percurso, entre verdadeiros jardins de campos rupestres, é possível admirar os mares de morros, em meio aos quais se encontra situada a bucólica Tiradentes.

Observe, através das imagens selecionadas, um pouco desse admirável jardim, em meio ao qual pude passar muitas horas, a observar os hábitos de diversas espécies de plantas adaptadas à vida dura, em ambiente tão extremo:

A Serra de São José – ao fundo – é moldura dominante, na região de Tiradentes, em Minas Gerais


Acima – Aspecto de uma velha estrada colonial, que ligava Tiradentes a São João Del Rey, através da Serra de São José, observando-se calçamento pé-de-moleque, implantado por mãos escravas

A seguir – Paisagens de campos rupestres, que revestem a Serra de São José, com suas diversas fisionomias, desde campos sobre rochas a campos entre rochas, além de florestas e cerrados miniaturizados pelo clima áspero e pelo fogo endêmico, que vem regularizando a vegetação, há séculos




A seguir – Restos semidecompostos de arenitos, muito friáveis, jazem sobre afloramentos rochosos, exibindo aspecto ruiniforme, que lembra fortificações primitivas, por vezes se assemelhando a formas animadas. Entre eles e SOBRE eles, vegetam inúmeras orquídeas, bromélias, cactáceas e aráceas curiosas, tirando partido de microambientes particulares





A seguir  – Uma arvoreta decorativa domina a paisagem, surgindo ora como elemento arbóreo propriamente dito, em meio aos campos, ora como arbusto intersticial, em fendas de rochas, no topo da Serra de São José (Eremanthus cf. glomerulatus – família Asteraceae)





Acima e Abaixo – Justicia riparia (família Acanthaceae) se adapta esplendidamente, desde as matinhas úmidas, no pé da serra, próximo a fios d’água, até na capoeira ressequida dos campos rupestres, na crista das montanhas



Acima – Bromelia sp. (família Bromeliaceae), na beira da velha trilha dos escravos

Adiante – O maior espetáculo da Serra de São José, neste início de primavera, era mesmo a vistosa floração da orquídea rupícola/saxícola Cattleya pabstii (outrora pertencente aos gêneros Laelia e Hoffmannseggella), cujas populações já foram drasticamente reduzidas pelo fogo e pela coleta criminosa, para finalidades comerciais



A variação de hábitos e microambientes de Cattleya pabstii, na Serra de São José, é simplesmente notável, vegetando desde em meio a massas de velosiáceas densas, até sobre a rocha quente e ressecada, passando por depósitos de areia e matéria orgânica, Semp[re sob sol pleno





A seguir – Outra espécie notável, que se apresentava em flores, no alto da Serra de São José, era a bromélia Dyckia argentea, cujo aspecto cinéreo e escultural agradava muito, quando contrastando com suas inflorescências alaranjadas e vistosas







Adiante – Algumas paisagens do alto da Serra de São José

Acima – Linha de cumeada, no rumo de Prados



Acima – A cidade de Tiradentes, com a igreja Matriz de Santo Antônio em destaque (abaixo)



Adiante – Aechmea distichantha é uma das bromélia tanque-dependentes que sobrevive no alto da Serra de São José




A seguir – Outra bromélia tanque-dependente da Serra de São José é a variedade “cuspidata” de Aechmea nudicaulis, que é bastante singular, na paisagem rochosa, da qual se destaca, pelo encarnado vivo de suas inflorescências



Acima – A discreta bromeliácea Cryptanthus tiradentesensis medra em frestas de rochas, por vezes sob restritos “oratórios”, em que se protege da radiação extrema da Serra


Acima – Assembleias de plantas extremamente adaptadas formam associações especializadas, que convivem perfeitamente, tirando partido da ambientação mútua: Arthrocereus melanurus (Cactaceae), Dyckia argentea (Bromeliaceae) e Vellozia sp. (Velloziaceae)

Acima – Arthrocereus melanurus (Cactaceae)

Acima – Orquídeas teretiformes extremamente resistentes à radiação solar, vegetando sobre blocos expostos, na Serra de São José (Acianthera teres)

A seguir – Efeitos nocivos do fogo, na Serra de São José: gradual empobrecimento da flora – algumas espécies adaptadas tiram partido da destruição massiva, ocasionada pelas chamas cíclicas, passando a dominar a paisagem




Acima – Hatiora salicornioides (cactaceae) esconde-se no abrigo entre duas rochas, escapando do fogo cíclico e da dessecação invernal

Acima – Decorativos Paepalanthus planifolius (Eriocaulaceae), em áreas saturadas de umidade







2 comentários:

  1. Olá. Adorei as fotos da Serra de São José que frequento desde 1986. Gostaria de saber se tens uma boa foto do fruto de Arthrocereus melanurus de lá. As minhas estão em 8000 slides 35mm e mofando. Mui Grato, Ruy do Museu Nacional.

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