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UMA VISITA À ILHA GRANDE – RIO DE JANEIRO – JUNHO DE 2017

No dia 25 de junho de 2017 , partimos Cledson Barboza , Maurício Verboonen e eu, no rumo da Ilha Grande, no litoral sul do Rio de Janeiro,...

terça-feira, 1 de maio de 2012

ALCÂNTARA – MARANHÃO


               A Expedição Fitogeográfica 2012 havia alcançado seu ponto mais ao norte, em Belém, capital do estado do Pará. Daí, iniciei meu gradual retorno, tendo como próximos objetivos as vegetações do Nordeste Oriental. Obriguei-me a atravessar, em grande parte, rodovias por que já passara, ao subir, no estado do Maranhão, das quais já andei a falar. Porém, desta vez, segui o rumo do nordeste deste mesmo estado, tendo como próximo ponto de parada a pequena Alcântara, faceando a Baía de São Marcos, em cuja margem oposta se divisa a capital maranhense, São Luis. Cheguei a Alcântara no dia 28 de abril, permanecendo ali por mais um dia, repleto de atividades de campo.

               Alcântara já foi muito famosa pelos projetos aeroespaciais do governo, que têm sua base de lançamento, muito próxima. Mas, em passado ainda bem mais remoto, disputou com São Luis a primazia do desenvolvimento, em períodos coloniais. Apenas os restos dessa opulência podem ser hoje encontrados, alguns em meio à mata que retoma espaço, outros em precário estado de conservação. Mesmo assim, não há como não se impressionar com o que ali existe e que poderia bem receber atenção das autoridades, restituindo a sua glória, agora, para as atividades turísticas, de que a cidade tanto precisa.

               Afora seus elementos históricos, Alcântara reúne patrimônio paisagístico natural de grande interesse e muito me serviu, para interpretar o encontro caótico entre floras amazônica, atlântica e semiárida. O substrato de tudo isso são os sedimentos da Formação Barreiras, uma conjunto difuso de períodos geológicos associados ao Terciário e, posteriormente, duramente trabalhados por forças erosivas descomunais do Quaternário, assim como pelas admiráveis macromarés dos dias atuais. A diferença entre marés altas e baixas chega a inacreditáveis sete metros, na região, formando complexos de mangues sobre rochas, arenitos de praia e cordões de blocos fragmentados, na linha das marés.

               A região representa conjunto valioso de ecossistemas de que os maranhenses deveriam muito se orgulhar de possuir, tanto para mostrar aos visitantes, quanto para lhes prover de farto material de estudos científicos. Encontrei pesquisadores ligados à UFMA, que estudavam as aves abundantes e migratórias da localidade. Minha passagem por Alcântara suplantou as expectativas, não obstante a falta de estrutura oferecida pela cidade para sua exploração. Danilo de Alcântara Santos Furtado, que me guiou pelo intrincado de ambientes naturais e humanos – um filho da cidade, como seu nome expressa – foi mais uma dessas pessoas de boa vontade, que não medem esforços para ajudar os naturalistas, que lhes batem às portas, à cata de conhecimento.

Fotos a Seguir: O encontro de ecossistemas é vibrante, na região de Alcântara. Adiantadamente arrasados, durante o Quaternário, velhos tabuleiros da Formação Barreiras, transformados em outeiros residuais, dividem espaços com as águas que eles mesmo ajudam a represar, contrapondo-se às macromarés do litoral maranhense. Buritizais (Mauritia flexuosa) formam paisagens similares às do Centro-Oeste, mas se perdem, em meio a extensos cocais (Attalea speciosa), que ocupam as cimeiras, assim como carnaubais (Copernicia prunifera), que cercam as várzeas mais largas.





Abaixo: Uma linda espécie de rubiácea, do gênero Isertia, enfeita as matas.



Abaixo: Uma espécie de acantácea, que prolifera nas roças e bordas de floresta, em Alcântara.



Nas Fotos Adiante: Algumas das velhas construções ligadas à rica história de Alcântara, destacando-se azulejaria de fina arte. Infelizmente, pouco resta de pé, prometendo-se desaparecimento breve.











A Seguir: Os sedimentos da Formação Barreiras, conhecidos pela formação de falésias, em boa parte do litoral Nordeste, oferecem cenários ímpares, quando erodidos pelas marés ou recobertos pelos manguezais. Em certos locais, imitam a arte; noutros, sugerem grandes terraplenagens.







Abaixo: O manguezal e nosso barqueiro, Sr. P. O., que nos conduziu, em meio ao labirinto de canais estuarinos, a bordo do Minha Primeira Experiência, seu bem cuidado bote motorizado.





A Seguir: Vistas de Alcântara, ao entardecer; As praias de mar aberto, completamente desertas, em pleno feriado de 1º de maio.







A Seguir: Cenários admiráveis – Palmeiras-carnaúba, quase na linha de arrebentação; Floresta densa, de índole amazônica, nas bordas dos tabuleiros da Formação Barreiras.







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