Reveja outras expedições

UMA VISITA À ILHA GRANDE – RIO DE JANEIRO – JUNHO DE 2017

No dia 25 de junho de 2017 , partimos Cledson Barboza , Maurício Verboonen e eu, no rumo da Ilha Grande, no litoral sul do Rio de Janeiro,...

sexta-feira, 4 de maio de 2012

SERRA DO IBIAPABA – FLORESTAS VERDEJANTES, EM PLENA CAATINGA


               No dia 30 de abril, exatamente um mês após ter deixado Petrópolis, no Rio de Janeiro, parti de Alcântara, no Maranhão, atravessando a Baía de São Marcos e ganhando meu caminho, no rumo do Ceará. Neste mesmo dia, me despediria dos domínios dos Cocais, ao ascender uma vasta região de tabuleiros costeiros, em Anapurus, próximo ao Piauí, sobre os quais me surpreenderia, ao ver imensas lavouras de soja, muito similares às que tanto me acostumara a ver, no Mato Grosso. Por sobre essas chapadas, em altitudes da ordem de 100m, ainda podem ser avistadas florestas secas, em muito parecidas com os cerradões do Centro-Oeste, enquanto desapareciam os babaçus.

               Terminei esse novo deslocamento no dia seguinte, saindo de Parnaíba. Foi quando atravessei os contrafortes da Serra do Ibiapaba, voltados ao Piauí, revestidos por florestas secas parecidas fisionomicamente com os carrascos da Serra da Capivara. Realmente, este é o nome pelo qual são chamados esses scrubs lenhosos muito secos, no Ceará. Recomeçava a ver as cactáceas, que haviam sumido de vista, desde que adentrara os Cocais e a Floresta Amazônica, no Maranhão e no Pará. A paisagem muda diametralmente, ao se cruzar a faixa dos 800m de altitude, nas cercanias de Ubajara, onde faria novos reconhecimentos da vegetação brasileira. Desta vez, em florestas densas e úmidas, uma verdadeira exceção, nos domínios da Caatinga.

               A Serra do Ibiapaba se estende por longa fronteira, entre os estados do Ceará e Piauí. Na verdade, representam a borda de um planalto sedimentar, cujas frentes de cuestas se debruçam sobre a depressão seca do centro do Ceará, enquanto que, no rumo do Piauí, se desdobram vertentes mais suavemente onduladas. Em sua linha de cumeada, a Serra do Ibiapaba se eleva na ordem de 900m, contrastando com a baixada coberta por agrestes, onde as altitudes máximas ficam pelos 250m. Sobre essa linha de cimeira, vegetam florestas densas, abrigando flora predominantemente atlântica, que se sustenta da umidade constante, proveniente do oceano, a leste.

               Assim como se observa em altiplanos similares, tais como o de Vitória da Conquista, onde estivera, dias antes, na Bahia, ou mesmo na conhecida Chapada Diamantina ou Grão Mogol, no Norte de Minas, as manhãs são invariavelmente marcadas por espessa neblina e até mesmo chuva fina, que transfere ao solo grande quantidade de água. Essas águas alimentam copiosa rede de riachos, que correm principalmente para o reverso oeste, no rumo do Piauí, embora alguns de seus córregos acabem despencando num paredão íngreme, na direção da baixada cearense, onde formam belas cachoeiras.
A estada em Ubajara foi proveitosa e me permitiu examinar detalhadamente essas densas florestas, em meio à Caatinga. Também foi possível investigar um conjunto de carrascos – florestas secas em miniatura - situados num cânion profundo, na faixa altitudinal dos 700m. Veja adiante as fotografias selecionadas para mostrar a Serra do Ibiapaba.


A Seguir - A Serra do Ibiapaba surge no horizonte, surpreendendo o viajante, acostumado às altitudes irrisórias do Pará e do Maranhão, que raramente ultrapassavam poucas dezenas de metros. São cobertas por vegetação de carrascos, nesta vertente, abrigando flora essencialmente nordestina-atlântica.







Abaixo – Em Viçosa do Ceará, na faixa dos 800m, a floresta já domina a paisagem, como se vê, por detrás das antigas edificações da bucólica cidade.



A Seguir – Os babaçus (Attalea speciosa) ainda estão presentes na flora da mata de altitude. Porém, não conseguem sustentar grau de importância ecológica sequer semelhante ao que atingem na Mata de Cocais, atravessada dias antes.





Adiante – Aspectos inesperados da floresta densa e sempre-verde das cimeiras da Serra do Ibiapaba. Não haverá como negar sua semelhança com florestas tropicais ligadas diretamente à Mata Atlântica.



Sr. Manoel Gomes de Araujo, que me mostrou a floresta de Ubajara










Abaixo - Belas cascatas marcam a paisagem das cuestas do planalto de Ibiapaba voltadas ao Ceará, no Parque Nacional de Ubajara.



Abaixo – Os carrascos são um tipo de florestas secas em miniatura, que revestem a vertente voltada ao oeste, em direção ao Piauí. Num cânion rochoso, no vale da Cachoeira do Frade, abaixo dos 700m, pude examinar a flora de natureza rupestre, entremeada a cascatas de notável frescor.





















Nenhum comentário:

Postar um comentário