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UMA VISITA À ILHA GRANDE – RIO DE JANEIRO – JUNHO DE 2017

No dia 25 de junho de 2017 , partimos Cledson Barboza , Maurício Verboonen e eu, no rumo da Ilha Grande, no litoral sul do Rio de Janeiro,...

quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

EXCURSÃO EMBARCADA PELA BAÍA DE PARANAGUÁ (GUARAQUEÇABA) – PARANÁ – DEZEMBRO DE 2015

No dia 10 de dezembro de 2015, partimos para uma excursão exploratória pelo setor de Guaraqueçaba-Superagui da Baía de Paranaguá, litoral do Paraná. Saímos cedo de Guaraqueçaba, onde nos encontrávamos baseados (ver publicação anterior), sendo conduzidos na lancha do amigo e guia Altair Vicente, conhecido na região como Thaico. Como guia, Thaico se mostrou tão habilidoso e conhecedor das águas de Guaraqueçaba, quanto já se mostrara excelente anfitrião, em seu Restaurante do Thaico, onde nos brindou com maravilhosos pratos “al mare”, criados em conjunto com sua esposa, durante toda nossa permanência em Guaraqueçaba.

O principal objetivo desta excursão, como seria de imaginar, eram os ecossistemas litorâneos de Guaraqueçaba, principalmente os manguezais e as restingas, que visitaríamos na ponta do Superagui, uma das saídas da Baía para o mar aberto. A navegação em nada decepcionou e pudemos ter uma valiosa amostragem dessas vegetações, praticamente intactas, o que possibilitou, uma vez mais, a confirmação dos aspectos tratados em meu livro Fitogeografia do Brasil (NAU Editora – 2015), no que diz respeito à interpenetração entre florestas tropicais litorâneas, manguezais e restingas arenosas.

Nada melhor que mostrar um pouco de tudo isso, através das imagens obtidas nesta proveitosa navegação:

A Seguir – A Baía de Paranaguá se desdobra em alguns “braços” de águas rasas e canais serpeantes entre manguezais e trechos de floresta atlântica, que quase tocam suas águas. Fora da influência salina, imperam as florestas inundáveis do litoral, que mostramos nas postagens anteriores. Onde a vegetação é determinada pela presença ocasional das águas do mar, imperam mangues




Acima – Ao fundo, no horizonte, a onipresente Serra do Mar e o Planalto Paranaense
Abaixo – Imagem do Google Earth exibindo a região em que navegamos, entre Guaraqueçaba e Superagui



A Seguir – Quando passou nesta região, no início do Século XIX, Saint-Hilaire referiu a presença dos lindos guarás, aves que habitam alguns manguezais brasileiros e que, nutrindo-se de crustáceos, adquirem a coloração encarnada na plumagem. Veja algumas imagens destas aves, em Guaraqueçaba, cujo nome delas empresta







Adiante – Entre Guaraqueçaba e Superagui, atravessamos as ilhas de Tibicanga e Guapicun, habitadas pelos papagaios-da-cara-roxa, aves endêmicas desta região e ameaçadas de extinção. Infelizmente, naquele horário, encontravam-se longe, alimentando-se nas matas de terra firme









Acima – Numa das extremidades da Ilha dos Pinheiros, ergue-se uma forma de relevo associada ao passado do Homem, no Brasil: é um sambaqui, tipo de depósito conchífero, acumulado pelos paleoíndios e atual abrigo de um fragmento de floresta atlântica. Em meu livro – Fitogeografia do Brasil, surge uma referência a esta influência antrópica na vegetação, no capítulo sobre as determinações do Homem sobre a paisagem

A Seguir - A interminável linha de praias de Superagui, associada ao Parque Nacional do mesmo nome, é precioso abrigo de paisagens vegetacionais de restingas. Examiná-las foi oportunidade ímpar, sendo possível conferir sua flora esplêndida e a clara determinação dos microrrelevos arenosos, com a vegetação variando, em função da saturação de umidade e os abrigos do vento oceânico




Acima – A linda orquídea Epidendrum fulgens é presença marcante, nas ilhas de vegetação arbustiva de Superagui, variando sua coloração entre o alaranjado vivo e o amarelo-ouro – Abaixo



Outra orquidácea de forte expressão na paisagem arenosa é Cyrtopodium flavum, cujo sinônimo é justamente C. paranaense. Ela acompanha as bordas dos diminutos capões arbustivos, tirando partido da proteção promovida pelas massas de arvoretas e lenhosas arbustivas – Adiante




A Seguir – Líquens em forma de alfombras esbranquiçadas fazem lembrar vegetação distante: as campinaranas da Amazônia. Surgem em função da forte umidade, que aflora nas zonas saturadas, dentre as quais surgem as “ilhas” arbustivas, como explicado no livro (Fitogeografia do Brasil). Na borda dos capõezinhos arbustivos, além das orquídeas mostradas, abundam bromélias características, como Quesnelia quesneliana (segunda foto abaixo) e Aechmea nudicaulis (foto a seguir)




Abaixo – Paisagens da restinga de Superagui, onde pode ser apreciada sua exuberância e diversidade, que exibe perfeitamente o mapa dos solos que cobrem, sendo visível, ao longe, a floresta atlântica





A Seguir – Muito se fala da ausência característica de plantas epifíticas, como bromélias e orquídeas, nos manguezais brasileiros. Essa “regra” é comumente quebrada, em todo o litoral do país, até onde ocorrem essas vegetações. Em Guaraqueçaba, encontramos fragmentos, não somente de bromeliáceas diversas, mas até de outros elementos da terra firme, como palmeiras e árvores. Essas belas exceções se devem à complexa história natural desta baía, especialmente ao Quaternário recente, que deixou marcas na distribuição dos solos e na dispersão das plantas





Um comentário:

  1. Deslumbrante, rica, diversa e generosa natureza. Os guarás são manchas carmesins no verde de incontáveis tons. Ouvi ali no teu trabalho os sons e os silêncios todos de uma região infinitamente linda. Meus olhos continuam lavados de beleza pura.

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