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UMA VISITA À ILHA GRANDE – RIO DE JANEIRO – JUNHO DE 2017

No dia 25 de junho de 2017 , partimos Cledson Barboza , Maurício Verboonen e eu, no rumo da Ilha Grande, no litoral sul do Rio de Janeiro,...

terça-feira, 24 de abril de 2012

O SERTÃO DA BAHIA – A SECA É DO HOMEM

               Deixando Vitória da Conquista, no dia 19 de abril, mergulhamos no sertão da Bahia, onde a seca se fazia notar, de forma absolutamente dramática: Lavouras esturricadas; solos completamente desnudos, sem qualquer folha de capim, nas pastagens; velhas senhoras carregando barricas e baldes d’água sobre as cabeças; gente que pedia dinheiro, balançando as mãos, à beira da estrada, segurando crianças, quadros que já andáramos a ver, ainda na década de 1990, quando passáramos por ali, mas praticamente injustificáveis, nos dias atuais.

               Curiosamente, as vegetações naturais, onde ainda se encontravam de pé, pareciam nada sofrer, diante da estiagem. É o que já se convencionou chamar de “seca verde”, mas que os naturalistas bem sabem nada mais ser do que a pura e simples comprovação do imenso equívoco que foi, até hoje, a ocupação inadequada de terras e zonas impróprias para determinadas culturas, assim como seus métodos. A Caatinga é uma vegetação adaptada a tais ciclos, o homem e suas culturas não.
               A verdadeira Agroecologia, aquela que deveria ajustar a ocupação das culturas às verdadeiras aptidões ambientais de cada região, jamais foi ali aplicada. Se fosse, e agora talvez fosse hora, seriam revistos  os modelos de exploração da natureza, evitando surpresas como a severa seca, que atualmente se abate sobre o Semiárido. Afinal, não são realmente surpresas, pois já ocorreram tantas vezes e deverão voltar a ocorrer, o que deveria sensibilizar autoridades, no sentido de pensar em longo prazo.
               Mas, no que toca a natureza, passamos a observar uma diferença dramática, na vegetação, quando descemos dos 900m ou 1.000m, até faixas que predominavam aos 300m, chegando aos 200m, em regiões deprimidas, tais como a de Jequié ou Milagres. Esta última, aliás, congrega algumas fisionomias mais típicas do sertão seco: Verdadeiras coleções de cactáceas, sobre solos pedregosos e arrasados, originados da decomposição de granitos e gnaisses, que ainda deixam ver pontões elevados denominados inselbergs ou morros-testemunho.

               Nesta mesma data, Maurício foi deixado em Salvador, de onde voltaria ao Rio de Janeiro, enquanto eu partiria, no dia seguinte, na direção do estado de Pernambuco. O mais incrível contraste que poderíamos observar, nesta variante, até a capital baiana, seriam chuvas intensas, que assolavam o litoral, enquanto o sol ardia cruelmente, no interior. Minha viagem até Petrolina, na margem esquerda do rio São Francisco, que eu mais uma vez cruzava, em minhas viagens, foi feita através de mais de 500km de caatingas avançadamente alteradas. O único elemento que resistia de sua flora eram as esculturais palmeiras-licuri, em meio às terras degradadas, até Petrolina, aonde cheguei, no final da tarde de 20 de abril.

Fotos abaixo: Paisagens áridas da região de Milagres, no Sertão Baiano. Velhos morros-testemunho (inselbergs) se elevam, em meio a mares de cactáceas, que dominam as depressões. Essas montanhas carregam floras admiráveis de bromélias e orquídeas, em contraste à caatinga seca dos vales pedregosos e arrasados.






Adiante: Aspectos da vegetação agreste do Sertão Baiano, onde extensas massas de bromélias contrastam com populações densas de palmeiras-licuris (Syagrus coronata). No detalhe, inflorescências da bromélia Aechmea aquilega, bastante comum nessas paisagens áridas.










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