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UMA VISITA À ILHA GRANDE – RIO DE JANEIRO – JUNHO DE 2017

No dia 25 de junho de 2017 , partimos Cledson Barboza , Maurício Verboonen e eu, no rumo da Ilha Grande, no litoral sul do Rio de Janeiro,...

domingo, 22 de abril de 2012

VITÓRIA DA CONQUISTA – PLANALTO DAS ORQUÍDEAS


               Finalmente, na manhã do dia 17 de abril, uma terça-feira, partimos de Ubaitaba, na Costa do Cacau, no rumo de Boa Nova, na borda do Planalto de Vitória da Conquista. Depois de termos retornado à BR-101, por falta de condições de prosseguir, até o Planalto, no dia anterior (ver Nas Matas de Cacau da Bahia), agora teríamos o dia inteiro para contemplar a transição entre as densas florestas do litoral baiano e o Semiárido Nordestino, um contraste que somente poderia fazer surgir flora singular.
               As florestas da rodovia que liga Ubaitaba à BR-116, passando por Dário Meira e Boa Nova, não apresenta as mesmas matas de cacau que víramos na véspera. Grande parte delas foi, há muito, transformada em pastagens pobres e decadentes. Mas, não deixamos de ficar surpresos com o surgimento de lindas paisagens montanhosas, em tudo similares àquelas que estamos acostumados a ver, na Serra da Mantiqueira, no Sul de Minas. A umidade do litoral, ao encontrar os contrafortes do Planalto Atlântico, se condensa e abastece essas encostas com chuvas constantes, produzindo cenários agradáveis, ainda que, em nosso ver, um tanto mal aproveitados pelo homem.
               A transição para o Semiárido se dá aos 900m, até 1.000m, fazendo-se de forma tão mais abrupta do que aquela em que se dá a passagem das florestas litorâneas para aquelas mais secas do reverso serrano do Sudeste. Em poucos quilômetros, observamos a mata atlântica verdejante se converter numa matinha ressecada e de aparência triste, exatamente nos arrabaldes da diminuta Boa Nova. A flora, contudo, não nos decepcionou e pudemos examinar uma incrível variedade de orquidáceas, bromeliáceas e outras plantas atraentes, arranjadas de forma bastante complexa, em meio a uma floresta intrincada e muito densa: Chamam-na “mata de cipó”, na região, por conta de sua fisionomia quase indevassável.
               Estivemos hospedados por dois dias, em Vitória da Conquista, em torno da qual fizemos diversas excursões bastante ilustrativas sobre suas vegetações. Fomos especialmente orientados por Raymundo Reis, exímio conhecedor da flora regional, que nos apontou os melhores locais para encontrar singularidades florísticas. Dois locais nos impressionaram sobremaneira: O primeiro deles era um “pico”, ou melhor, um outeiro convexo, em plena planura da chapada, mas que se eleva, na verdade, pouco acima dos 1.000m acima do nível do mar; O segundo, situado numa depressão extraordinariamente úmida, abriga densa floresta estacional, com árvores de porte incomum e notável presença de plantas epífitas.
               O primeiro desses locais, de notável riqueza florística, especialmente em orquídeas e bromélias, segue o caminho acelerado de seu desaparecimento, por conta de uma imensa pedreira, na qual se extrai e mói o quartzito, com finalidades de suprir a pujante indústria da construção civil de Vitória da Conquista. Parte da montanha já foi consumida, sendo suas plantas empurradas com lâminas de tratores, antes da escavação de seu embasamento rochoso, praticamente sólido. Na escalada do desenvolvimento a qualquer custo, o país vem perdendo rapidamente suas melhores reservas florísticas, antes mesmo de terem sido adequadamente estudadas.

A seguir, algumas imagens dessa nossa passagem por Vitória da Conquista:

Abaixo: Bromélias agigantadas são numerosas, nas florestas secas de Boa Nova, na borda do Planalto de Vitória da Conquista. Uma delas nos chamou atenção, parecendo se tratar de Aechmea aff. multiflora; O autor deste blog posa junto a uma dessas imensas plantas.






A Seguir: Numa estação pouco propícia às flores de orquídeas, conseguimos admirar algumas espécies floridas, na mata de cipós de Boa Nova.




Abaixo: Aspectos internos das florestas estacionais secas de Vitória da Conquista, no Planalto ao sul da Bahia. A presença de plantas epífitas é realmente notável nestes ambientes; Numa das imagens, observa-se a extração industrial de quartzito, para construção civil da região, fazendo desaparecer importantes populações de orquídeas e bromélias.










Nestas fotos: Uma pequena bromélia terrestre do gênero Cryptanthus, nas florestas do Planalto de Vitória da Conquista; Imensas populações de bromélias cobrem o solo das florestas estacionais, nessa transição entre Mata Atlântica e Semiárido Baiano.





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